sexta-feira, 28 de março de 2014

Paraná pode voltar ao mapa eólico em 2015

Consórcio privado quer investir R$ 800 milhões em três usinas em Palmas, mesma cidade que recebeu o primeiro parque do Sul do país

Aerogeradores em Água Doce (SC), perto de Palmas: energia eólica avançou no estado vizinho, mas estagnou no Paraná
Sede do primeiro parque eólico do Sul do país, em operação desde 2000, o Paraná pode finalmente receber novos investimentos nessa área. Um empreendimento es­­tudado desde 2008 por um consórcio privado envol­ve a construção de três usinas movidas a vento em Palmas, no Sul do estado, por R$ 800 milhões. Elas poderão gerar até 170,2 megawatts (MW), suficiente para abastecer o equivalente a uma cidade com 300 mil habitantes. A cidade escolhida é a mesma onde funciona o único parque eólico do estado, com 2,5 MW, pertencente à Copel. Os projetos levam os mesmos nomes dos respectivos grupos empresariais – Água Santa (80,5 MW), Serra da Esperança (43,7 MW) e Rota das Araucárias (46 MW) – e aguardam a resposta ao pedido de licença prévia feito ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP).


O estudo e o relatório de impactos ambientais foram protocolados em janeiro de 2013. O consórcio espera também a confirmação da data da audiência pública pelo IAP. O grupo sugeriu que ela ocorra em 16 de maio deste ano, em Palmas. A assessoria de imprensa do IAP informou que tanto a licença quanto a data da audiência estão em análise. Após a emissão da licença prévia e da outorga da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o consórcio poderá participar de leilões para negociar a energia que será gerada pelas usinas.

Adriano Jackson Gomes, engenheiro e sócio-proprietário da Incomex, uma das empresas do consórcio, está otimista. “Estamos estudando os projetos desde 2008 e estamos em fase bem adiantada”, comenta o empresário, que é de Balneário Camboriú (SC).
Os projetos foram apresentados ao governador Beto Richa (PSDB) no início do mês. A intenção é iniciar a construção em 2015, com 80% do dinheiro financiado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), mais 20% de recursos próprios.

A expectativa é de que os parques eólicos gerem 2 mil empregos diretos e indiretos na fase de obras. Os projetos foram feitos pela Vilco Engenharia e Consultoria, que projetou outras sete usinas eólicas no país. O município de Palmas, onde está em operação a usina da Copel, foi escolhido pelas condições técnicas. “Um inventário eólico feito em 2008 mostra que a região é a melhor do estado para a construção de usinas eólicas. Nós também fizemos a medição dos ventos e confirmamos isso”, diz Gomes. A usina mais próxima para servir como rede de conexão, que habilita as usinas eólicas para entrada em operação, é a hidrelétrica Bento Munhoz da Rocha, no município de Pinhão.

Expansão

Embora tenha uma pequena parcela de participação no sistema energético nacional, a energia eólica, produzida com a força dos ventos, vem conquistando espaço.

No Brasil existem 113 usinas desse tipo em funcionamento, que geram até 2.316 MW, o equivalente a 1,82% da capacidade nacional de produção de energia. A maior concentração dos parques eólicos – em funcionamento e em operação – está no Nordeste do país.

No Paraná, dos 164 empreendimentos, há somente uma usina eólica, em Palmas. A capacidade de 2,5 MW do parque eólico, que tem cinco aerogeradores, corresponde a apenas 0,01% da capacidade de geração do estado. Se o projeto de três novos parques eólicos for adiante, nos próximos anos o estado poderá gerar até 172,7 MW.

Considerada de menor impacto ambiental, a energia eólica move uma série de projetos no país. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dos 214 empreendimentos de geração elétrica em construção, 160 são de usinas eólicas. Juntas, elas somam 4.142 MW, mais que todos os parques desse tipo que já estão em operação. Em segundo lugar estão as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com 31 unidades em construção.

Para construir uma usina eólica, o investidor deve verificar as condições de vento, escolher a área, obter o licenciamento ambiental, a outorga da Aneel e participar dos leilões de energia. A produção pode servir como energia de reserva ou entrar diretamente no sistema, dependendo da classificação do leilão. 170,2 megawatts é a potência máxima que terão os três parques eólicos planejados para Palmas, no Sul do Paraná. A capacidade é suficiente para abastecer o equivalente a uma cidade com 300 mil habitantes. Embora o Paraná tenha recebido o primeiro parque eólico do Sul do país, com 2,5 MW, o estado nunca mais recebeu investimentos nessa área. Enquanto isso, Água Doce (SC), vizinha de Palmas, já tem oito parques eólicos em funcionamento, com potência de 143 MW.

Fonte: Gazeta do Povo