Artigos sobre o Museu Oscar Niemeyer

  ESTRUTURA MON  

 

Por Ana Julia Baleeiro de Paiva, Kétylli Jojen Wu, Marcela Higa, Matheus Ribeiro da Silva 

 

Introdução 

 

O Museu Oscar Niemeyer (MON), localizado na cidade de Curitiba, é um verdadeiro tesouro cultural que se destaca não apenas pelo seu acervo riquíssimo, mas também pela sua estrutura imponente e histórica. Composto por dois edifícios, sendo o mais antigo deles denominado Edifício Humberto de Alencar Castelo Branco e o mais recente chamado de Olho, os dois possuem uma área total de 33.000 m². Essas duas construções juntas e seus contrastes formam o MON, um marco da cultura e da arquitetura brasileira. Nesta jornada de exploração, desvendaremos cada parte fundamental que constitui a construção do museu, desde a sua fundação, até suas paredes, vigas, casca, entre outros.  

 

Estrutura do “Olho”  

 

 

Estrutura do Museu  

Fonte: os autores 

 

Fundação: Para a fundação do Museu do “Olho” foram utilizadas estacas raiz, elemento de fundação profundo utilizado na construção civil para oferecer suporte a estruturas, como edifícios, pontes, e outras obras que exigem estabilidade em solos de baixa capacidade de carga, onde é necessário alcançar camadas mais profundas de solo resistente para suportar o peso das estruturas. Além disso, para fazer a conexão entre as estacas e as paredes portantes, foram utilizados dois blocos de fundação de 160 m2. 

 

Uma imagem contendo Logotipo

Descrição gerada automaticamente 

 

 

Parede Portante: Paredes que possuem função estrutural. Percebe-se que a parede portante do museu são as duas mais estreitas de 9,10 por 1,20 metros. Tal estrutura é responsável por suportar toda a carga proveniente dos elementos superiores para a fundação. Além disso, essas estruturas foram construídas utilizando a técnica de concreto protendido. Por fim, é válido ressaltar que as outras duas paredes que compõem essa base da estrutura são paredes convencionais curvas, não possuindo função estrutural.  

 

Uma imagem contendo Ícone

Descrição gerada automaticamente 

Casca inferior: A casca é uma estrutura de superfície curva contínua de concreto protendido que apresenta uma espessura fina, se comparada com suas outras dimensões. Sua carga de peso próprio é transmitida para a viga principal por meio das suas vigas transversais e vigas curvas longitudinais que compõem a sua estrutura.  

 

Vigas curvas (longitudinais): foram utilizadas quatro vigas curvas ao longo de todo o comprimento da casca inferior com a função de suportar as cargas vindas da casca e transmitir para as vigas transversais. 

 

Vigas (transversais): foram colocadas vigas transversais sobre a casca com função de suportar as cargas vindas da casca e transmitir essas cargas para as vigas principais. 

 

 

Vigas principais a estrutura do MON conta com duas vigas curvas longitudinais de 70 m e duas transversais nas extremidades da casca. Dessa maneira, elas têm como principal função receber as cargas advindas do arco, da laje e das vigas que estão suportando os esforços da casca inferior. Por fim, esses elementos transmitem os esforços para as paredes portantes, as quais transmitem para fundação. 

 

 

 

 

 

Desenho preto e branco

Descrição gerada automaticamente com confiança média 

 

 

Laje e vigas transversais e longitudinais da laje: recebe os esforços provenientes das cargas colocadas exercidas sobre a laje e sobre os arcos, distribuindo-as pelas vigas transversais e longitudinais da laje que são transmitidas para as vigas principais. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma imagem contendo avião

Descrição gerada automaticamente 

 

 

 

 

Arco de concreto armado: a cobertura do MON é uma grande curva parabólica que possui em sua estrutura 13 vigas curvas longitudinais de concreto armado. Essas vigas recebem as cargas provenientes de toda a cobertura e transmite para os elementos da laje, que por sua vez transmite para as vigas principais. 

 

 

Fundo preto com letras brancas

Descrição gerada automaticamente 

 

 

 

 

Estrutura do Edifício Humberto de Alencar Castelo Branco 

 

 

FIGURA 01 - EDIFÍCIO CASTELO BRANCO RECÉM CONSTRUÍDO 

FONTE: TESC CONSULTORIA E PROJETOS ESTRUTURAIS S/C LTDA 

 

O Edifício Castelo Branco apresenta um formato retangular, medindo 200 metros de comprimento por 45 metros de largura. Este edifício é composto por três pavimentos: subsolo, pavimento dos pilotis e primeiro pavimento. Do ponto de vista estrutural, a construção é sustentada por quatro grandes vigas de concreto armado, cada uma medindo, aproximadamente, 4,5 metros de altura. No entanto, é importante mencionar que, no vão central dessas vigas (48 m), foram empregadas técnicas construtivas que combinam concreto protendido com concreto armado, como ilustrado na figura 02, recebendo a classificação de 2º maior vão livre do Brasil, ficando atrás apenas do Museu de Arte de são Paulo (MASP). Uma característica notável dessas vigas é o balanço de aproximadamente 15 metros presente nas duas laterais do Edifício, conforme destacado na figura 03. 

 

 

FIGURA 02 - ARMADURAS PRESENTES NAS VIGAS LONGITUDINAIS 

FONTE: TESC CONSULTORIA E PROJETOS ESTRUTURAIS S/C LTDA 

 

FIGURA 03 - BALANÇO PRESENTE NAS VIGAS LONGITUDINAIS  

FONTE: OS AUTORES 

 

Os pilares do edifício no pavimento dos pilotis e no subsolo têm a forma de troncos de pirâmide retangular, enquanto no primeiro pavimento, eles assumem a forma de paralelepípedos retos. Esses pilares são apoiados em blocos de fundação que transferem as cargas da estrutura para o solo por meio de estacas do tipo "Franki" e estacas metálicas. Para uma melhor compreensão da fundação do Castelo Branco, consulte a figura 04. 

 

 

FIGURA 04 - FUNDAÇÃO DO EDIFÍCIO CASTELO BRANCO 

FONTE: TESC CONSULTORIA E PROJETOS ESTRUTURAIS S/C LTDA 

 

As lajes dos três pavimentos da construção foram feitas utilizando concreto protendido, no entanto para a execução da abertura circular existente no pavimento dos pilotis, o trecho que compreende tal abertura foi realizado utilizando concreto armado. 

 

 

FIGURA 05 - ABERTURA CIRCULAR EXISTENTE NO PRIMEIRO PAVIMENTO 

FONTE: OS AUTORES 

 

FIGURA 06 - CONCRETAGEM LAJE DO PAVIMENTO DOS PILOTIS 

FONTE: TESC CONSULTORIA E PROJETOS ESTRUTURAIS S/C LTDA 

 

O equipamento de apoio usado para conectar as vigas aos pilares, conforme ilustrado na figura 07, é classificado como um apoio de primeiro gênero, uma vez que restringe apenas o deslocamento vertical. No entanto, esse equipamento é considerado obsoleto nos dias de hoje devido à aplicação de tensões muito elevadas, uma vez que a área de contato entre a viga e o equipamento, bem como entre o equipamento e o pilar, é reduzida. Nos aparelhos modernos, essa área de contato é significativamente maior. 

 

 
FIGURA 07 - APARELHO DE APOIO UTILIZADO 
FONTE: OS AUTORES 

 

FIGURA 08 - ESQUEMA APARELHO DE APOIO MODERNO 

FONTE: TESC CONSULTORIA E PROJETOS ESTRUTURAIS S/C LTDA 

 

Para concluir, é relevante destacar a quantidade de materiais empregados na construção do Edifício Humberto de Alencar Castelo Branco. De acordo com a TESC Consultoria e Projetos Estruturais S/C Ltda, a empresa responsável pelo projeto e construção do edifício, foram utilizados aproximadamente os seguintes volumes e quantidades de materiais: 

  • Cerca de 12.860 m³ de concreto; 

  • Uma área de aproximadamente 68.000 m² de tábuas para a confecção das formas; 

  • 1.200 toneladas de aço CA-50/CA-60 para a armação das peças em concreto armado; 

  • 210 toneladas de cabos de aço empregados na protensão; 

  • Além disso, foram utilizadas 204 estacas do tipo “Franki” e 162 estacas metálicas. 

Esses números refletem a grandiosidade e a complexidade da obra do Edifício Humberto de Alencar Castelo Branco. 

 

Referências  

 

TESC CONSULTORIA E PROJETOS ESTRUTURAIS S/C LTDA. EDIFÍCIO HUMBERTO​ DE ALENCAR​ CASTELO BRANCO​: Projeto Estrutural. Curitiba, 2023. 

 

CESBE S.A ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS. Museu de Arte do Paraná 

 

ARQUIVO ARQUITETURA (Curitiba) .201 - Museu Oscar Niemeyer. Disponível em: https://arquivoarquitetura.com/201. Acesso em: 30 set. 2023. 

 

INOJOSA, Leonardo da Silveira Pirillo. O sistema estrutural na obra de Oscar Niemeyer. 2010. 159 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2010. 

 

GONÇALVES, Simone Neiva Loures. Museus projetados por Oscar Niemeyer de 1951 a 2006: o programa como coadjuvante. 2010. 325 f. Tese (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.


MON ARQUITETURA E FACHADA 

 

Por Alana Lima, Gabriel Gomes, Nicolas Neumann e Tiago Leão  

 

Contextualização histórica de Oscar Niemeyer 

 

No contexto da década de 60, onde o Brasil assistia de perto, a beleza e a grandiosidade da arquitetura e engenharia, proporcionada pela construção da nova capital do país- Brasília-, nascia um grande arquiteto que tinha como definição o nome “Arquiteto inovador”. Oscar Niemeyer que teve participação em grande parte da construção da nova capital, foi um dos maiores representantes da arquitetura moderna mundial, não restringindo-se apenas a Brasília, mas também para além das fronteiras, com mais de 600 obras espalhadas pelo mundo, ondeCuritiba foi palco para um de seus projeto, o hoje nomeado como Museu Oscar Niemeyer (MON), foi inaugurado em 1978 e batizado como Edifício Presidente Humberto Castelo Branco e mudada para o nome de seu criador: “Museu Oscar Niemeyer” nos anos 2000 

Niemeyer, foi um dos pioneiros do movimento modernista no brasil, possuía uma grande influência e referência do arquiteto francês Le Corbusier, um idealizador da arquitetura moderna na Europa, que contribuiu para sua formação profissional. Isso se deu através de influências diretas, por meio de visitas de Le Corbusier ao Brasil, e indiretamente por livros com a teoria Corbusiana. O movimento teve como seu marco as grandes mudanças que o mundo estava passando, onde ocorreram grandes transformações tecnológicas e as desigualdades sociais eram mais evidentes e criticadas, com isso o surgimento de um novo movimento artístico e arquitetônico marcou o século XX. A crítica é um estilo que conta com elementos simples para criar composições surpreendentes, caracterizando esse novo movimento que foi fundamentado com aspectos baseados em cinco pilares, sendo eles: 

  • Fachadas sem divisórias e abertas a público, deixando o espaço mais democrático;  

  • Ambientes integrados que interagem entre si; 

  • Terraço-jardim;  

  • Iluminação ampla com janelas que cobrem toda ou parcialmente a fachada;  

  • Pilotis que substituem paredes estruturais, deixando o espaço mais amplo para circulação. 

 

Pode-se concluir que o movimento teve grande impacto e influência nas obras de Oscar Niemeyer evidenciando o estilo marcante, pautado em formas arredondadas e no uso de linhas curvas, de maneira orgânica, inspiradas na natureza, algo ousado para o seu tempo. Além disso, a contemplação de vãos livres, o uso do concreto e de vidros. tornando-se assim a figura chave do movimento no Brasil. 

 

 

 
Oscar Niemeyer 

Fonte: Social Land 

 

Niemeyer em Curitiba  

 

Uma das obras que marcaram a sua carreira, foi a participação na construção do museu Oscar Niemeyer em Curitiba, mais conhecido com Museu do Olho, onde a sua arquitetura é grandemente evidenciada com a presença de grandes vãos livres, sendo reconhecido como um dos maiores vãos livres do brasil, com 65 m entre os pilotis, curvas orgânicas, fachadas livres, sendo funcionais e organizadas, uma iluminação zenital, linhas retas em contraste com as linhas curvas e a utilização de cimento armado como uma linguagem que define sua forma arquitetônica de uma maneira poética. Através de todo esse processo de criação com a caracterização de uma arquitetura amplamente rica de detalhes e beleza o museu do Olho em 2012 foi eleito um dos 20 museus mais bonitos do mundo pelo site norte-americano Flavorwire, sendo a única instituição latino-americana a entrar no ranking. 

 

 

Relações de proporcionalidade entre os blocos do museu 

Fonte: Redalyc 

 

O museu possui uma história que começa em 1967 projetado no intuito de servir como um local utilizado pela Instituição de educação do Paraná (IEP) e inaugurado em 1978 como uma nova função sem ter sido utilizado pelo seu primeiro intuito, mas agora sendo utilizado como sede da Secretaria do estado do Paraná. Nomeado por Niemeyer inicialmente como Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, possuindo um contexto irônico, uma vez que Oscar Niemeyer criticava o governo da época, que foi o primeiro governo durante a ditadura militar. Assim, em 2000 através do governador Jaime Lerner começaram a planejar a reconstrução do edifício que agora se tornaria o museu que conhecemos hoje, com a construção de uma nova estrutura evidente a frende do prédio Castelo Branco dando grande destaque ao espaço. Foi estipulado um prazo de 6 meses para a construção da torre, vulgarmente conhecida como “o olho”, que na verdade foi uma homenagem à árvore considerada símbolo do Paraná, a araucária. Uma curiosidade é que grande parte da obra foi feita “in loco”, inaugurado assim o Museu Oscar Niemeyer, dado o nome em homenagem ao arquiteto, no dia 22 de novembro de 2002.  

 

Fotos: Nani Góis/Divulgação 

Fonte: Gazeta do Povo 

 

Arquitetura e Sociedade  

 

Ao ser convidado para projetar o novo museu, Niemeyer impôs uma condição: “a de construir um novo prédio, que se tornasse símbolo da instituição cultural”. E assim o fez, mais uma vez mostrando ao mundo sua arquitetura arrojada e dotada de simbolismos. 

Como o próprio arquiteto descreveu: O “olho: observa, antevê, prevê, identifica, sugestiona... projeta esperança para o ‘novo’, o desejo do melhor!”  

Onde vê-se um olho são tantos os que enxergam uma araucária, árvore-símbolo do Paraná, revelando assim a possibilidade de a forma assumir múltiplos sentidos, sob a ótica de cada observador.  

Não se apresenta de maneira diferente, senão democrática, uma obra que admite tantas interpretações e evoca a poesia de sua construção naqueles que a contemplam.  

 

 

Olho e Espelho D'agua 

Fonte: Flickr 

 

Referências 

 

FIGUEROLA, Valentina. Concreto, poesia e Niemeyer. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.125/3567 . Acesso em: 23 set. 2023. 
 

BUSARELLO, Orlando. Novo Museu Oscar Niemeyer, carinhosamente, o olho dos paranaenses. Voltado para a esperança, o sonho do lugar de todos. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.125/3567 . Acesso em: 23 set. 2023. 

 

ECO, Umberto. Obra aberta. Disponível em: https://monoskop.org/images/2/29/Eco_Umberto_Obra_aberta_8a_ed.pdf . Acesso em: 23 set. 2023. 

 

ANDRADE, Xavier. Fortuna de Oscar Niemeyer. Disponível em: https://www.socialland.com.br/net-worth/fortuna-de-oscar-niemeyer/63/. Acesso em: 23 set. 2023. 
 

FRAZÃO, Dilva. Oscar Niemeyer: Disponível em: https://www.ebiografia.com/oscar_niemeyer/. Acesso em: 23 set. 2023. 

 

SCHIAVON, Flavio. Inspiração: Oscar Niemeyer. 2014. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/inspiracao---oscar-niemeyer-por-flavio-schiavon-9osw153qjgfu0zafvvmjzj5u6/. Acesso em: 23 set. 2023. 

 

MAYER, Rosirene. A Linguagem de Oscar Niemeyer. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/6693. Acesso em: 23 set. 2023. 

 

GÓIS, Nani. Fotos inéditas mostram os seis meses de construção do MON. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/o-olho-de-curitiba-livro-nani-gois-lancamento-fotografias-ineditas-construcao-mon/ . Acesso em: 28 set. 2023. 

 

  Esquadrias e Contexto histórico 

 

Por Bruno Pfeiffer Utsch, Gabriel Araújo Barbosa Garcia da Rocha, Guilherme Szelemei Santiago e Milena Thais Vieira Costa 

 

Contexto histórico 

 

  Oscar Niemeyer, arquiteto e urbanista carioca, foi um dos pioneiros da Arquitetura Moderna no Brasil, vanguarda com o objetivo de usar elementos simples para realizar construções com designs inovadores. Posto isto, é essencial salientar as influências que contribuíram para a idealização de grandes projetos, como o Museu Oscar Niemeyer, localizado na capital paranaense. 

  O modernismo foi um período de grandes transformações na esfera artística e arquitetônica, uma vez que surgiu em um contexto de significativas mudanças atreladas à Revolução Industrial. Por conseguinte, a Arquitetura Moderna, atrelada a esse contexto de intensas mudanças, sofreu diversas influências de escolas artísticas, mas em linhas gerais se baseava na rejeição de estilos históricos e construções com maior número de pavimento e presença de vão livre, uma vez que o crescimento demográfico presente no século XIX, devido ao advento da Revolução Industrial, ocasionou grande crescimento das cidades, gerando imprescindibilidade da verticalização dos centros urbanos. 

  Ademais, a origem dessa vanguarda remete a movimentos como a Escola de Bauhaus, escola alemã de artes aplicadas, que apesar de sofrer com diversas perseguições nazistas, teve grande impacto na Arquitetura de muitos lugares na Europa, Estados Unidos e Brasil. 

 

 

Exemplo de prédio em estilo Bauhaus. Berlim, Alemanha 

Fonte: Toda Matéria 

 

Niemeyer e a escola de Bauhaus  

 

 Em uma das ocasiões que Walter Gropius, arquiteto alemão fundador da Escola de Bauhaus, esteve no Brasil foi convidado para conhecer a Casa das Canoas, residência de Niemeyer, e afirmou que a obra era bela, porém não multiplicável.  

  Sendo assim, o episódio se tornou motivo de desavença entre o idealizador do MON e Gropius, uma vez que que os ideias da Escola de Bauhaus se baseavam em um modelo a ser seguido, excluindo qualquer desvio de ordem autoral, todavia Oscar Niemeyer lutava pela originalidade da obra. 

  Entretanto, apesar das discordâncias do arquiteto carioca acerca da Escola Alemã, é possível observar aspectos semelhantes entre as obras de Oscar Niemeyer e os ideais de Walter Gropius, como o uso de cores neutras, grandes vão livres, uso de estruturas metálicas e fachadas com muitas janelas. 

 

Esquadrias 

 

  Dessa forma, é possível notar aspectos da Escola Bauhaus assim que se visualiza o museu, uma vez que o edifício “Olho” foi projetado com duas fachadas opostas e idênticas, com structural glazing, sistema em que os vidros são colados com silicone estrutural nos quadros de alumínio do sistema de fachada. Sendo assim, as fachadas tornam-se transparentes e o vidro definidor de grande parte da estética, além de conferir enormes vantagens como economia de energia, conforto térmico e acústico 

  A princípio, a esquadria seria composta por vidros cinzas e com montante na posição vertical, contudo essas opções foram descartadas por Niemeyer, que idealizou estruturas na diagonal e com vidros de cor preta.   

  O arquiteto utilizou um sistema de esquadrias diferenciado, foram projetadas em diagonal como um grande painel. No lugar dos habituais brises-soleil, foram colocados entres os vidros elementos metálicos de proteção solar. 

   Além disso, o “olho de vidro” é suportado por uma estrutura de aço e concreto que se funde com o restante do edifício de forma harmoniosa. As esquadrias como um todo são compostas por molduras de metal que é usada para criar um “esqueleto” capaz de suportar os painéis de cada tipo de esquadria. 

   Sua principal característica se dá por sua forma única, onde a estrutura de esquadrias é projetada para se curvar e criar uma forma aproximada de uma cúpula. 

 
Interior do Museu 

Fonte: Guia Geográfico de Curitiba 

Referências 

  

Guia Geográfico de Curitiba Museu Oscar Niemeyer. Disponível em: http://www.curitiba-parana.net/oscar-niemeyer.htm. Acesso em: 30 set. 2023. 

 

Toda Matéria Escola de Bauhaus. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/escola-de-bauhaus/. Acesso em: 30 set. 2023. 

 

 

Anual Design Museu Oscar Niemeyer. Disponível em: https://www.anualdesign.com.br/saopaulo/projetos/1244/museu-oscar-niemeyer/?param=saopaulo/projetos/1244/museu-oscar-niemeyer/. Acesso em: 30 set. 2023. 

 

GIROTO, Ivo Renato. Um olho para ver e ser visto: uma análise do museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Brasil | An eye to see and be seen: An analysis of the Oscar Niemeyer museum, in Curitiba, BrazilOculum Ensaios, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 101–119, 2019. DOI: 10.24220/2318-0919v16n1a4162. Disponível em: https://periodicos.puc-campinas.edu.br/oculum/article/view/4162. Acesso em: 11 out. 2023.

 

MON E SUAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

 

Por Cauê Lopes do Nascimento, Tiago Senna Muhlbauer, Bernardo Veran Maron 

 

O que são Manifestações Patológicas? 

 

Dentro da Engenharia Civil, este tópico se encontra dentro da área de Patologias, caracterizada pelo estudo dos fenômenos físicos envolvidos nos corpos, nos materiais que os compõem e nos processos que geram a sua degradação. Dessa forma, as manifestações são a apresentação física desses processos, a exemplo: fissuras, manchas, desgaste superficial, aumento de volume. Assim, as manifestações patológicas vão possuir causas e consequências para a obra em questão. 

Visando o estudo e diagnóstico desses processos, existem diversas etapas. Inicialmente, a anomalia deve ser detectada, ou seja, o problema deve ser colocado em pauta, através da visualização de comportamentos diferentes dos previstos em projeto. Posteriormente, as consequências dessas problemáticas precisam ser escalonadas, verificando suas interferências na segurança, desempenho e durabilidade. Paralelamente, as causas desse processo precisam ser definidas, por meio de diversas análises de dados e informações em projetos, documentos e relatórios que contextualizam o problema e assim, permitam o seu diagnóstico. Por fim, deve ser executado o planejamento e projeto de reparo. 

Portanto, manifestações patológicas se caracterizam como um tema complexo dentro da Engenharia Civil, visto que para o seu diagnóstico muitos dados são necessários, sendo a falta de informações atreladas à construção a maior dificuldade. A análise e definição da tipologia da manifestação demanda muitos dados, visto que os efeitos sobre os materiais ocorrem em sua estrutura microscópica, além de suas causas dependerem do contexto da obra, caracterizado pela sua execução, localização, estrutura, materiais, projetos… 

 

Manifestações Patológicas E Problemáticas Encontradas No Museu Oscar Niemeyer  

 

Faz-se importante destacar que a análise realizada pelos alunos do PET Engenharia Civil é caracterizada como superficial, visto que o estudo das manifestações patológicas no MON está atrelado à observação visual de problemas 

encontrados e fotografados pelos discentes durante a visita ao Museu. Como apresentado anteriormente, a caracterização do fenômeno patológico depende de um banco de dados, portanto, o conteúdo a seguir tem por objetivo apenas explicitar, de forma probabilística, as problemáticas visualizadas, visto que o contexto adequado para a definição de causas e consequências se mostrou insuficiente, assim, seria necessária uma análise minuciosa posterior sobre o tema. Por fim, é importante ressaltar que todas as manifestações encontradas eram localizadas e pouco desenvolvidas. Dessa forma, a seguir, será discorrido sobre os fenômenos observados: 

 

Carbonatação E Corrosão 

  

A carbonatação caracteriza-se como um processo químico que ocorre de forma natural, afetando o concreto e demais materiais à base de cimento, como argamassas. Entretanto, dependendo das condições do meio atreladas aos materiais do concreto, a velocidade em que este processo ocorre pode ser aumentada, acarretando a degradação do concreto, desencadeando outras manifestações, a exemplo, a corrosão. 

O processo de carbonatação ocorre de maneira sequencial. Primeiramente, o dióxido de carbono (CO2) atmosférico entra em contato com o concreto superficialmente, o que acarreta a reação desse gás com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), presente na pasta, formando carbonato de cálcio (CaCO3) e água (H2O). Desse modo, ocorre a redução do ph do concreto, transformando o meio alcalino em neutro ou até ácido, colaborando para a corrosão de armaduras. 

Esse fenômeno, ao reduzir o ph, compromete a camada de passivação, a qual protege as armaduras, levando às reações de corrosão, expandindo as armaduras à medida em que enferrujam, formando o carbonato de cálcio (CaCO), o qual apresenta maior volume que o hidróxido de cálcio original, fissurando o concreto. 

No Museu Oscar Niemeyer, os membros do PET Engenharia Civil observaram a presença de manchas as quais se assemelhavam àquelas formadas por corrosão de armadura, entretanto estas eram pontuais e, possivelmente não danificam efetivamente a estrutura, não apresentando risco à segurança, mas, como citado, essa análise é visual, sendo o diagnóstico real inaplicável com os dados angariados, assim como a sua associação com a carbonatação, nesse caso. 

 

 

Foto mostrando uma possível corrosão de armadura 

Fonte: Autor 

A foto tirada representa a parte inferior do balanço do Edifício Castelo Branco, mostrando uma possível corrosão de armadura, que foi carregada pela água pelos poros até sair por baixo da estrutura. A presença de água, evidenciada pelo transporte da corrosão pode ser uma das causas da ocorrência desse fenômeno, junto disso, uma camada carbonatada pode também ter contribuído para a despassivação das armaduras, facilitando ainda mais o processo de corrosão. 

Infiltração, Eflorescência E Bolor 

Durante a visita o grupo observou que em várias localidades da estrutura há presença de infiltrações, porém apenas com a análise visual não é possível determinar qual a causa das mesmas, sendo que elas podem se manifestar: pela ocorrência de defeitos na tubulação interna, também podem ocorrer pelo fato da estrutura afetada estar em contato com o solo e sua face não ter sido impermeabilizada de maneira eficiente, entres outras causas que são determinadas a partir de uma análise mais detalhada. 

Fonte: Autor 

Foto mostrando uma possível infiltração de água pelo solo  

Fonte: Autor 

As fotos tiradas no Pátio das esculturas mostram infiltrações possivelmente vindas do solo devido a uma má impermeabilização das paredes, já que elas se encontram abaixo do nível do solo. 

Um dos fatores que é característico da presença de infiltração, e está presente nas estruturas do MON é a presença de eflorescência, essa manifestação patológica que tem aparência esbranquiçada, fica depositadas sobre a superfície do concreto, substância essa que é composta principalmente de sais minerais que são transportados de dentro do concreto pela percolação de água.  

 

Foto mostrando uma possível eflorescência 

Fonte: Autor 

O seguinte pilar do Edifício Castelo Branco apresenta uma eflorescência devido ao transporte de sais minerais pela água, nesse caso em específico, a eflorescência está coberta pela tinta, o que dificulta sua identificação. 

Além disso, outra manifestação observada decorrente da infiltração é a presença de Bolor, que se manifesta em forma de manchas escuras ou esverdeadas. O bolor é decorrente do crescimento de funções que se desenvolvem na presença de ambientes úmidos. Essas concentrações de fungos além de indicar a presença de umidade, também podem ser prejudiciais para a estrutura de concreto, pois o bolor produz esporos com característica ácida o que causará danos à superfície ao longo do tempo. 

 

Foto mostrando bolor na face sul de um pilar 
Fonte: Autor 

A foto mostra outro pilar da estrutura do museu, que apresenta bolor devido a infiltração de água, é importante ressaltar que essa face está virada para a direção sul, que recebe menos sol, o que contribui para o desenvolvimento dessa manifestação patológica. 

 

CONCLUSÕES 

 

A partir da observação das manifestações patológicas no Museu Oscar Niemeyer (MON) durante a visita do grupo PET Engenharia Civil, pode-se concluir que apesar da presença de algumas anomalias como manchas, eflorescências, bolor e sinais de carbonatação e corrosão, a estrutura da obra se conserva em ótimas condições em sua quase totalidade, visto que essas problemáticas eram, em suma, localizadas e pontuais, sem sinais de dano estrutural. 

Entretanto, é fundamental ressaltar que a análise feita durante a visita foi superficial, sem a possibilidade de compreender o contexto, causas e consequências de cada problemática, devido à falta de dados passíveis de coleta, estando estes baseados na observação visual das manifestações. Visando uma avaliação completa e precisa das condições da estrutura e da influência de cada manifestação sobre esta, seria necessária uma análise mais detalhada, incluindo testes laboratoriais, documentos, relatórios e diários de obra, visando a formação de um banco de dados. 

Dessa forma, é possível concluir que o Museu Oscar Niemeyer apresenta poucas manifestações patológicas visíveis, o que se caracteriza como algo extremamente positivo, visto que aumenta a segurança do público com relação à uma estrutura distinta do padrão. Ademais, as poucas que apresenta, são minimamente danosas e localizadas, o que sugere uma boa execução em obra atrelada ao uso de materiais de qualidade na construção, assim como uma excelente análise e desenvolvimento de projeto.