Pensei, pensei,
repensei, pensei de novo, e não cheguei a nenhum resultado de como seria “A
Carta de Desligamento Perfeita”, então pensei: acho que deve ser algo mais
orgânico mesmo.
Lembro tão bem do dia da matrícula, quando a Ana Julia veio com aquele folder
do PET, explicando, explicando, e, bem, eu era caloura, então nada me fez muito
sentido no momento, até que ela desviou o assunto: passaram muitas meninas
nesse ano né? É, uhum. Guardei o folder. Aquilo me chamou a atenção de alguma
forma, “Mas que será que faz nesse PET ai?”, a curiosidade continuou, me
“acheguei”, ficava lá, lendo, jogando xadrez com o Juninho, discutindo com o
Diego, atrapalhando todo mundo às vezes, mas muito curiosa, sim. Li e reli o
livro de 25 anos, me interessei de verdade. E então estava decidido, no próximo
semestre eu tentaria o Processo Seletivo e perderia o medo de “não terei tempo
para mais nada!”, de fato não tive, mas foi ótimo.
Hoje percebo que foi a etapa mais
importante da minha vida acadêmica, de muito aprendizado, profissional e,
sobretudo como pessoa. Aprendi a aprender com os meus erros, reconhecê-los,
reparar e tentar ser alguém melhor, coisa que ninguém nunca me ensinou em uma
sala de aula.
Não estava no meu planejamento sair
agora, aliás, ainda não tinha pensado quando isso seria, muito menos como. É
sempre difícil cortar o cordão umbilical, mudar de rotina, “desapegar”, Juni
que o diga. E eu realmente não esperava mudar tudo na minha vida agora, mas
algumas coisas são necessárias e talvez nem consigamos explicá-las muito bem.
Já sinto falta de tudo, da convivência
com todos, da amizade que encontrei quando cheguei aqui, da cobrança, do
corre-corre para entregar tudo no prazo, das pessoas maravilhosas que tive a
oportunidade de conviver, que me ouviram, que me abraçaram quando tudo pareceu
desmoronar, que secaram minhas lágrimas quando eu queria chorar o dia todo, que
me arrancaram uma risada quando pensei que ninguém mais conseguiria, que me
identifiquei de tal forma que quase achava estar conversando comigo mesma. Que
viram o por do sol comigo no Rio de Janeiro, em Recife, ou aqui mesmo no
Politécnico. Que trocaram diversos “papos-cabeça”, que discutiram comigo minhas
esoterices, sobre futebol, sobre trabalho infantil, ou sobre qualquer coisa que
nos parecesse pertinente no momento. Sendo sincera, algumas coisas, que vêm com
a convivência diária, talvez eu não sinta tanta saudade, mas foram essas que me
fizeram crescer, amadurecer, e aprender que todos somos diferentes, temos
opiniões, visões, gostos, amigos, vontades, medos totalmente diferentes e
superá-los a cada novo dia é sem dúvida um “Diferencial Petiano”.
Eu vou sempre ter orgulho de ter feito
parte deste programa, de ter percebido a sua imensidão, abrangência,
diversidade e possibilidades. Sinto que poderia ter feito mais, poderia ter
ouvido mais, ter me esforçado mais, ter falado menos, ter visto o sol nascer...
ok, essa foi horrível.
Coloco-me à disposição, sempre, em
forma de gratidão por tudo que o programa me proporcionou, podem me procurar
quando precisarem de algo, e podem ter certeza de que eu nunca vou esquecer de
vocês e do que vocês estão fazendo. Desejo longa vida ao programa, que vocês e
os sucessores continuem cuidando, se esforçando, mantendo vivo e que ele seja
sempre algo bom, agente transformador na vida de quem por ele passa. Tomem
cuidado, se tratem bem, nunca se esqueçam de que o amor é importante, sim! Perdoem-me
pelas grosserias as vezes, pelos desesperos e ansiedades, por tudo e por quem
quer que eu tenha magoado com palavras e/ou atitudes. Continuem com a
arrecadação de alimentos, porque é algo maravilhoso, e que está ao nosso
alcance tão facilmente. Sejam felizes,
façam o que gostam, sim, e o que não gostam também, porque às vezes é
necessário. Sucesso a todos.
Até um amanhã, PET’s."
Agradecemos por tudo que Gabriela fez pelo PET no tempo que esteve conosco, e desejamos sucesso e felicidade em sua vida!
Agradecemos por tudo que Gabriela fez pelo PET no tempo que esteve conosco, e desejamos sucesso e felicidade em sua vida!