Cursos dão acesso rápido ao mercado, porém o profissional pode ter dificuldades para progredir
No mercado de construção, formar-se em um curso técnico pode ser mais vantajoso financeiramente do que em uma graduação, especialmente no começo da carreira. Um levantamento da consultoria Page Personnel aponta que, entre 2011 e 2012, projetistas civis plenos e técnicos de edificações tiveram aumento de 70% na remuneração média, que passou a R$ 7.500 por mês.
"Hoje, os recém-formados têm uma colocação no mercado até mais fácil do que os similares na educação superior", afirma.
Luciana Valentim, 28, atua como técnica em edificações há quatro anos e diz perceber a alta demanda por profissionais da área.
"Quando me pedem para indicar amigos para vagas no setor, não posso ajudar, porque todos os meus colegas já estão empregados", conta a funcionária do IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo).
Valentim fez o curso no Instituto Federal de São Paulo em dois anos. Depois, ela iniciou a graduação em engenharia ambiental e deve se formar em um ano.
Ela optou por esse caminho para crescer na carreira. "Há um certo limite para o crescimento --você não consegue ser responsável por uma obra, assinar determinados projetos e relatórios."
Dias afirma que esses profissionais enfrentam mesmo entraves na carreira se não tiverem a formação superior.
"Esses funcionários são exigidos nas empresas pelo conhecimento de tecnologias e obras específicas, mas ainda não são preparados para serem líderes e gerir pessoas", opina.
FORMAÇÃO
Por causa disso, o curso é uma forma de entrar no mercado rapidamente, mas costuma ser acompanhado de uma graduação.
E esse é um dos motivos para a falta de profissionais desse tipo no Brasil, de acordo com Celso Furukawa, professor da Poli-USP que tem um projeto com apoio da universidade para promover o ensino técnico no Brasil.
"As empresas têm uma janela' para a contratação desses profissionais, entre o técnico e a graduação --por isso, muitas vezes, contratam mesmo que o aluno não tenha muita experiência."
É raro, segundo os profissionais da área, encontrar estudantes que não tenham se inserido no mercado.
Outras consultorias citam técnicos de campo, como manutenção eletromecânica e de projetos logísticos como também muito procurados.
Paulo Resende, coordenador do núcleo de infraestrutura e logística da Fundação Dom Cabral, atribui a grande procura pelos técnicos ao fato de eles ficarem no chamado chão de fábrica, para manter a qualidade da produção sendo importantes para a operação das empresas.
"Também são muito procurados os técnicos que possuem funções de comando, não como um executivo, mas coordenando equipes, como os profissionais que trabalham com tecnologia da informação e em laboratórios", afirma.
Fonte: Folha de S. Paulo