quarta-feira, 17 de abril de 2013

Megaobra cruza a Amazônia para transmitir energia


Linha de transmissão terá 1.191 quilômetros de extensão e vai percorrer torres que chegam a 300 metros de altitude, sustentadas por 30 mil m³ de concreto
Por: Altair Santos
Primeiras fases da obra começam a ser entregues no 1º semestre de 2013.
Cruzando a selva amazônica, sem danificá-la ambientalmente, 4 mil homens estão construindo a maior linha de transmissão do país, desde Furnas. Trata-se do percurso que ligará Manaus, no Amazonas, a Macapá, no Amapá, passando por Tucuruí, no Pará. São 1.191 quilômetros de extensão, numa obra que iniciou em novembro de 2011 e agora em 2013 começa a entregar os primeiros trechos. A cargo do grupo espanhol Isolux Córsan, o empreendimento, financiado pela SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e pelo BASA (Banco da Amazônia) custará aproximadamente R$ 3 bilhões.
linha de transmissão irá distribuir a energia produzida pela hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins-PA, além de conectá-la ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A estrutura também servirá para levar cabos de fibra óptica à região amazônica, disseminando o acesso à telefonia e à internet às localidades mais longínquas do país. Os dados e a energia elétrica percorrerão 3.351 torres – em média, uma a cada 355 metros. “Todas elas receberão concretagem especial, por causa do terreno e das condições climáticas da floresta”, afirma Nilson Pires Vieira, gerente de infraestrutura da megaobra.Embutido neste valor, tem o custo da construção, mas também o da logística que envolve a obra. São 14 canteiros distribuídos ao longo do percurso, além de um porto flutuante e duas centrais de concreto para produzir 30 mil m³ de material a cada seis meses. Todo esse concreto será usado para sustentar torres que medem de 45 metros a 320 metros de altura. “Essas alturas são exigências ambientais”, explica o gerente do empreendimento, o engenheiro civil Mário Célio da Silva, afirmando que a travessia do rio Amazonas é o ponto crítico. Para cruzar o rio foram erguidas duas torres de 320 metros – peso unitário de 2.200 toneladas -, que estão sustentadas sobre 390 pilastras de concreto, com 30 metros de profundidade cada uma.
Além de interligar sistemas isolados do extremo norte, o empreendimento vai diminuir o custo com geração termelétrica. A conclusão da obra possibilitará economia de R$ 2 bilhões por ano. Com isso, o cálculo é de que a linha de transmissão se pagará em pouco mais de um ano e o fornecimento predominante será de energia limpa e renovável. Com o fim do uso de combustível fóssil, cerca de 3 milhões de toneladas de carbono deixarão de ser lançados na atmosfera. O sistema permite acrescentar um terceiro circuito à linha no futuro, usando o mesmo corredor.Foram avaliadas várias alternativas para o traçado da linha de transmissão, até encontrar a que ofereceria menor impacto ambiental. Inicialmente foram consideradas seis opções. O tipo de vegetação e o uso do solo foram pontos decisivos na escolha. Quando havia interferência em áreas legalmente protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação, foram feitas mudanças no traçado. Outro ponto importante do projeto disse respeito à travessia de rios. O Amazonas, por exemplo, chega a ter até 10 quilômetros de largura em alguns pontos.