sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Holanda tem a primeira estrada inteligente


Quinhentos metros da auto-estrada N329 em Oss, centro da Holanda, parecem saídos de um filme de ficção científica. Os candeeiros que ladeiam a via foram substituídos por marcas rodoviárias que brilham no escuro e se alimentam da luz do Sol. Os autores do projecto pretendem “inovar a experiência de condução” e melhorar a segurança rodoviária.

As imagens do projecto criado pelo designer Daan Roosegaarde em parceria com a Heijmans Infrastructure são muito futuristas. Seis linhas verdes fluorescentes com 500 metros, três em cada lado da auto-estrada, destacam-se na escuridão e iluminam o caminho para os condutores. Neste momento estão ainda numa fase de teste mas, no final de Abril, vão estar a funcionar em pleno.
O objectivo, explica o site Studio Roosegaarde, é “criar estradas que sejam mais sustentáveis e interactivas através do uso de luzes, energia inteligente e sinais de trânsito que se adaptem a situações específicas de tráfego”.
A tecnologia em que se baseia a iluminação das estradas é simples. As marcas rodoviárias que delimitam a auto-estrada são feitas com um pó especial luminescente misturado com a tinta usada nas estradas. A mistura “alimenta-se” da luz do Sol e ao estar “carregada” permanece iluminada à noite, durante mais de dez horas. A tinta, que Roosegaarde apelida de dinâmica, torna-se visível com as oscilações de temperatura e “permite que o pavimento das estradas comunique informação de tráfego relevante e adequada directamente aos condutores”.

Esta alternativa à iluminação convencional foi bem recebida na Holanda, onde os candeeiros nas auto-estradas são desligados durante a madrugada para poupar energia, apesar dos riscos admitidos para a condução.
O projecto do designer holandês foi tornado público no final de 2012 e foi apresentado como uma solução para melhorar a segurança nas estradas e que fosse amiga do ambiente. Além deste tipo de iluminação, Roosegaarde continua a desenvolver outros projectos destinados às estradas, incluindo luzes que indicam a direcção do vento ou marcas rodoviárias sensíveis à temperatura que se alteram consoante as condições meteorológicas. É o caso dos enormes flocos de neve desenhados pelo holandês e que podem vir a ser colocados nas vias.

Roosegaarde espera que outros países se interessem pelas suas ideias e adaptem também este tipo de tecnologias.
“Um dia estava sentado no meu carro na Holanda e fiquei impressionado com as estradas nas quais gastamos milhões mas de que ninguém quer saber como são e como se comportam. Comecei a imaginar esta Route 66 do futuro onde a tecnologia salta do ecrã do computador e torna-se uma parte de nós”, resumiu Roosegaarde, em Outubro de 2012, à revista Wired.
Fonte: Público