sexta-feira, 8 de março de 2024

Impacto da Pandemia sobre o Desempenho Acadêmico dos Estudantes de Engenharia Civil da UFPR.

    Em 2023, membros do PET Civil UFPR realizaram uma pesquisa com o objetivo de analisar os impactos da pandemia no desempenho acadêmico dos estudantes do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Através de análises aprofundadas e extensivas pesquisas, os resultados evidenciaram de maneira marcante um desfavorecimento no desempenho acadêmico dos discentes associados à UFPR, ao mesmo tempo em que identificaram diversas razões relacionadas esse fenômeno.




Clique no link a seguir para acessar o artigo. Boa leitura!
segunda-feira, 25 de julho de 2022

Concreto Sustentável - Uma alternativa na atualidade

Por Stephanie Martins

A COP 26 - Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - que ocorreu entre os dias 1 e 12 de novembro de 2021, na Escócia, trouxe como pauta uma necessidade já abordada na COP 21 - a rápida redução nas emissões de carbono, almejando chegar a 45% de redução em 2030 (tendo como referência os patamares de 2010). Além disso, ficou prevista a neutralidade das emissões globais até 2050, o que significa que emissões adicionais a partir dessa data deverão ser compensadas por mecanismos de captura de carbono. 

COP 26 em Glasgow, Escócia. 
Fonte: Kiara Worth/UNFCCC (WRI Brasil)

         Tendo em vista essa conferência, é possível perceber como nos dias de hoje é impossível imaginar qualquer tipo de projeto ou ação e, junto a isso, não pensar sobre seu impacto no meio ambiente. Gradativamente, a sustentabilidade vem ganhando mais espaço e, nesse contexto, não poderia ser diferente com o setor da construção civil, visto que o concreto é um dos materiais mais utilizados nesse setor e, também, um dos maiores emissores de gás carbônico no mundo. Essa alta emissão se deve a um de seus componentes – o cimento.

           Segundo a GCCA (Global Cement and Concrete Association), a produção de cimento gera cerca de 7% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), três vezes mais do que o tráfego aéreo. Outro dado comparativo interessante é o de que se a indústria de cimento fosse um país, seria o terceiro maior emissor desse gás no mundo, atrás apenas da China e Estados Unidos.

         Diante desses dados alarmantes e do panorama das mudanças climáticas, a busca por um concreto que reduza os impactos na natureza não só é importante como também é extremamente necessária. Atualmente, o concreto sustentável vem ganhando notoriedade exatamente por conseguir obter resultados satisfatórios nesse quesito. 

O cimento e as emissões de CO2

A produção de cimento envolve a extração e o esmagamento de calcário e argila. Essas matérias-primas são então trituradas e misturadas com outros materiais como minério de ferro ou cinzas e, na etapa seguinte, introduzidas em grandes fornos cilíndricos e aquecidas a cerca de 1.450 °C. Neles, ocorre a reação química de decomposição térmica – conhecida como calcinação – que transforma o calcário em óxido de cálcio e CO2.

Esse processo dá origem a uma nova substância, chamada clínquer. Trata-se não só do principal componente do cimento, mas do material cuja produção emite a maior quantidade de CO2 nessa indústria.

Como o cimento é feito?
Fonte: Carbon Brief, Chatham House

No formato de pequenos grãos com tonalidade acinzentada, o clínquer é resfriado, moído e misturado com gesso e calcário. Em seguida, pode ser transportado para fabricantes de concreto. 

Concreto usual X concreto sustentável 

Produzido a partir de materiais reaproveitados, o concreto sustentável substitui a areia, a brita e água por materiais que são totalmente reaproveitados. Ele tem como objetivo principal reutilizar os materiais que são descartados na construção civil. Além disso, há uma considerável redução do consumo de água, o que possibilita uma economia de quase 100% dos recursos naturais.

Em sua composição, o concreto sustentável pode conter tanto materiais recicláveis quanto materiais naturais como, por exemplo, areia reaproveitada de fundição, casca de arroz, plástico, fibras de vidro, pneu e fibra de têxtil.

Na produção do concreto convencional são utilizados materiais como brita, cimento, areia e outros aditivos. Já na produção do concreto sustentável, esses resíduos sólidos são substituídos por materiais recicláveis que são misturados e triturados até que se obtenha o resultado de um bloco compacto.

Embora o concreto sustentável apresente inúmeros benefícios, ele não é tão resistente quanto o concreto convencional. Portanto, não poder ser utilizado para fins estruturais. Ele deve ser utilizado em locais onde ocorre baixo impacto, como calçadas, pavimentação de ruas, contrapisos que não necessitam de uma resistência tão elevada como a construção de uma casa ou edifício, por exemplo.

O concreto sustentável pode ter vários custos, mas em geral o concreto reciclado tende a ter um preço menor do que o tradicional. Isso porque a própria indústria economiza ao usar materiais reciclados, por dois motivos: porque eles são mais baratos, já que as fábricas que os doam ou vendem iriam jogá-los fora inicialmente e, porque ela deixa de gastar dinheiro no descarte dos resíduos dos agregados tradicionais - que é um processo pago.

Tipos de concreto sustentável 

O concreto sustentável pode então ser um concreto com menor quantidade de cimento em sua composição. Para isso, ele pode ter, por exemplo, agregados maiores, que deixem a quantidade de espaço entre eles, a ser preenchida com cimento, menor. Ademais, pode ter o cimento substituído por outro material, de menor impacto ambiental.

O outro tipo de concreto sustentável é o chamado “concreto reciclado”. Nessa opção, os agregados não são a brita e a areia comuns, e sim materiais reciclados, como areia reaproveitada de fundição (escória), a sílica da casca de arroz ou pneus velho triturados, por exemplo. Assim se reduz a quantidade de lixo despejado na natureza, que é o que esses materiais se tornariam se não fossem reutilizados.

Concreto sustentável brasileiro
Fonte: Rafael Alberici. 

A preocupação com o meio ambiente é uma tendência crescente nos dias de hoje diante do cenário climático mundial. Por isso, cada vez mais estão sendo buscadas maneiras de reduzir os impactos do setor da construção civil na natureza. Prova disso é o crescente leque de opções de concreto sustentável atualmente sendo utilizados e desenvolvidos com esse intuito. 

Referências:

EQUIPE ECYCLE. O QUE É CONCRETO SUSTENTÁVEL? Disponível em: https://www.ecycle.com.br/concreto-sustentavel/. Acesso em: 14/06/2022.

TEM SUSTENTÁVEL. CONCRETO SUSTENTÁVEL BRASILEIRO AJUDA A NATUREZA E AINDA ECONOMIZA. Disponível em: https://www.temsustentavel.com.br/concreto-sustentavel-brasileiro-ajuda-a-natureza-e-ainda-economiza/#:~:text=Diferentemente%20de%20um%20bloco%20de,torna%20bem%20mais%20em%20conta. Acesso em: 14/06/2022.

DG, Fernanda. TIPOS DE CONCRETO SUSTENTÁVEL. Disponível em: https://dicasdearquitetura.com.br/tipos-de-concreto-sustentavel/. Acesso em: 15/06/2022.

ARCHDAILY. O CIMENTO PODE SER UM MATERIAL (MAIS) SUSTENTÁVEL. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/968777/o-cimento-pode-ser-um-material-mais-sustentavel . Acesso em: 15/06/2022.

CERÂMICA LORENZETTI. CONCRETO SUSTENTÁVEL: SEUS BENEFÍCIOS EM UTILIZAR NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em: https://blog.ceramicalorenzetti.com.br/concreto-sustentavel-beneficios-na-construcao-civil/ . Acesso em: 17/06/2022.

TAGLIANI, Simone. CONCRETO SUSTENTÁVEL: DESCUBRA ESTA VERSÃO QUE LEVA DIFERENTES MATERIAIS EM SUA COMPOSIÇÃO. Disponível em: https://engenharia360.com/massa-de-concreto-sustentavel-na-construcao-civil/ . Acesso em: 17/06/2022.

CONCRETE DIGITAL. COP 26 NA DESCARBONIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em: https://digital.concreteshow.com.br/inovao/cop26-na-descarbonizao-da-construo-civil. Acesso em: 18/06/2022.

WRI BRASIL. O SALDO DA COP 26: O QUE A CONFERÊNCIA DO CLIMA SIGNIFICOU PARA O BRASIL E O MUNDO. Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/clima/o-saldo-da-cop26-o-que-conferencia-do-clima-significou-para-o-brasil-e-o-mundo. Acesso em: 18/06/2022.

ISTOÉDINHEIRO. O CONCRETO: TERCEIRO MAIOR EMISSOR MUNDIAL DE GASES DE EFEITO ESTUFA. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/o-concreto-terceiro-maior-emissor-mundial-de-gases-de-efeito-estufa/. Acesso em: 18/06/2022.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Tecnologia e segurança: inovações que aprimoram o trânsito.

 Por Júlia Tschá Longo

    O automóvel surgiu há pouco mais de um século e durante esse período passou por evoluções extraordinárias, movidas por constantes inovações tecnológicas. Porém, outros aspectos do transporte, como segurança extra veicular, sinalização e infraestrutura de controle de tráfego, seguem um ritmo de desenvolvimento bem mais lento. Contudo, nos últimos anos, um número significativo de inovações resultou em avanços na segurança rodoviária, que possivelmente se tornarão comuns com o passar dos anos. Algumas dessas interessantes e engenhosas inovações serão aqui comentadas.

 Reinventando o semáforo

    Os conhecidos semáforos de três cores e com lâmpadas arredondadas existem desde a década de 1920. O formato arredondado das luzes se deve às lâmpadas incandescentes redondas comumente usadas no equipamento.


Exemplo de semáforo convencional, com luzes arredondadas e lâmpadas tradicionais. Fonte: getty images

    Uma recente inovação é trocar as lâmpadas incandescentes por LEDs. Mesmo sendo mais caras a curto prazo, as lâmpadas de LED têm muitas vantagens. São mais brilhantes que as lâmpadas tradicionais e mais eficientes energeticamente, têm maior vida útil e não queimam repentinamente como as lâmpadas incandescentes (algo que pode ser altamente perigoso no trânsito), mas vão aos poucos perdendo intensidade luminosa.

    Outro interessante artifício são os semáforos de contagem regressiva, que funcionam através de uma ideia simples: mostrar aos motoristas quanto eles terão que esperar, ou quanto tempo eles têm para chegar à interseção antes que a luz verde se torne amarela ou vermelha. 


Semáforos de contagem regressiva aumentam a probabilidade de os motoristas desacelerarem e pararem nos últimos 10 segundos de luz verde. Fonte: geotab.com

    Durante a luz vermelha, o motorista tem algo com que se concentrar, por ter uma indicação de quando a espera chegará ao fim. Para a luz verde, esse semáforo fornece informações que permitem que o motorista ajuste sua velocidade: se houver muito tempo sobrando, não há necessidade de desacelerar. Com pouco tempo sobrando, talvez seja hora de começar a desacelerar.

Luzes guiando o caminho

    Por muitos anos, os postes de iluminação e os olhos de gato têm sido o método padrão para enxergar à frente em estradas e ruas escuras, orientando os motoristas à noite ou em nevoeiros.

    A iluminação das ruas com postes é mais cara e geralmente está presente apenas em áreas populosas, onde serve a outros propósitos além de auxiliar os motoristas. Os olhos de gato são mais comuns fora das cidades onde não é prático ter iluminação.

    Pensando nesse cenário, um consórcio holandês criou uma pintura de estrada que brilha no escuro. A tinta absorve a energia solar durante o dia, e brilha durante a noite, tornando a direção da estrada à frente claramente visível no escuro, sem qualquer outra infraestrutura ou gasto de energia.  Essa pintura luminescente é uma forma econômica de iluminar estradas em áreas mais distantes de cidades.


Estrada na Holanda onde a pintura que brilha no escuro aumenta a visibilidade e a segurança. Fonte: newatlas.com

Inteligência Artificial

    Por fim, uma inovação que vem revolucionando as mais diversas áreas da ciência, e também os setores de transportes, é a inteligência artificial. Teste após teste, a inteligência artificial, ou IA, demonstrou ajudar as pessoas a dirigir com mais segurança e salvar vidas.

    Órgãos de monitoramento de trânsito, concessionárias de rodovias e órgãos policiais podem utilizar imagens em tempo real para acompanhar os deslocamentos viários. A inteligência artificial analisa cada fragmento de imagem, a velocidade dos veículos e o comportamento dos motoristas.


A Inteligência Artificial ajuda a melhorar fluidez, o movimento nas vias e a observar o comportamento dos motoristas. Fonte: 123RF

    Esses dados são tratados e transformados em informações úteis para todos, dos motoristas aos profissionais técnicos e órgãos de trânsito. Isso contribui com a redução de acidentes e, consequentemente, aumenta a segurança, além de tornar as rodovias e vias urbanas mais agradáveis de serem utilizadas.

Referências:

NEWATLAS. First highway with glow-in-the-dark markings opens in the Netherlands. Disponível em: https://newatlas.com/smart-highway-glowing-lines/34363/

KHAN, Zafar. Technology for Road Safety. Disponível em: https://www.trafficinfratech.com/technology-for-road-safety/

MCFADDEN, Cristopher. 11 Futuristic Traffic Lights That Could Make Roads Safer. Disponível em: https://interestingengineering.com/11-futuristic-traffic-lights-that-could-make-roads-safer

ROBINSON, Ian. Como a Inteligência Artificial pode tornar o trânsito mais seguro? Disponível em: https://itforum.com.br/noticias/como-a-inteligencia-artificial-pode-tornar-o-transito-mais-seguro/

Acesso em: 15/03/2022.


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

APOSTILA TELHADO VERDE

    Tendo em vista em como o setor de construção civil utiliza em abundância recursos naturais, além de ser um dos principais responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa, optar por medidas sustentáveis é indispensável a fim de amenizar esses impactos ambientais. Pensando nisso, o grupo PET Civil UFPR elaborou um guia que aborda sobre uma dessas opções sustentáveis: o telhado verde. Nessa apostila, você encontrará um rebate histórico sobre o assunto, os tipos de telhado verde existentes e uma análise mais técnica do funcionamento de sua estrutura. Também, há uma reflexão final sobre suas principais vantagens, desvantagens, custo, manutenção e durabilidade. 


Clique no link a seguir para acessar a apostila. Boa leitura! 💚
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Interseções em diamante divergente: confusas, mas seguras

 Por Gabriel Angelo Juc Dias

    A interseção em diamante divergente é um tipo de interseção em que os dois sentidos da rodovia se divergem durante a passagem do cruzamento existente na interseção. Ao ver um vídeo ou imagem desse tipo de dispositivo, é fácil notar que, a primeira vista, esse sistema parece ser muito caótico, mas esse conceito tem se difundido consideravelmente nos EUA e em alguns pontos da Europa, por reduzir pontos de conflito, ao fazer a inversão das faixas de tráfego. 

Interseção tipo diamante divergente em Minnesota, ganhadora de prêmios. Fonte: sehinc.com

    Antes de falarmos propriamente sobre essa interseção, vamos voltar um pouco atrás e falar das interseções comuns as quais estamos acostumados. Elas podem ser interseções que conectam rodovias a estradas que dão acesso à comunidades, vias arteriais ou coletoras, ou também podem fazer a interconexão de duas ou mais rodovias com grande volume de tráfego. 

    Uma interseção diamante simples, como na imagem abaixo, envolve quatro rampas, duas que saem e duas que entram na rodovia. 


Interseção tipo diamante simples. Fonte: Google Maps

    Já as interseções do tipo diamante divergente, propõe uma ideia diferente. Confusa ao início, essas interseções colocam o motorista para dirigir no sentido oposto da rodovia. Entretanto, uma vez que os motoristas aprendem a usá-la, o sistema traz maior segurança aos seus usuários, motoristas e pedestres. 

    Entre os benefícios nesse tipo de conceito, pode-se citar a diminuição dos pontos de conflito (de 26 para 14) entre os diferentes sentidos da pista, o menor espaço de implantação, maior distância de visibilidade nas curvas e cruzamentos de pedestres mais curtos, entre outros benefícios.

    O fluxo de tráfego é completamente diferente, pois nesse design é descartada a necessidade de realizar um cruzamento à esquerda, sendo que esse tipo de manobra faz parte das que mais podem causar acidentes e também lentidão no tráfego. Por outro lado, há a necessidade da instalação de semáforos para a inversão do fluxo. 

Como funciona o fluxo na interseção em diamante divergente. Fonte: omaha.com

    Vejo o caso da próxima interseção em Springfield, Missouri. Até o ano que de 2008 a interseção era do tipo diamante simples, todavia, acontecia de haver um enorme volume de veículos nas áreas em vermelho, gerando congestionamento e colocando pedestres e motoristas em risco.

Interseção em Springfield, Missouri, em 2008. Fonte: Google Earth

     A partir de 2009 e até os dias atuais, foi adotado o sistema de interseção em diamante divergente para esse cruzamento. O novo sistema diminui a quantidade de tempo em que o usuário fica parado, e as barreiras centrais eliminam as chances de acidentes de tráfego. 

    Um estudo realizado nessa interseção em específica constatou que houveram diminuição de acidentes em até 60%. 

Interseção em Springfield, Missouri, nos dias atuais. Fonte: Google Earth

    Para facilmente observar os benefícios de uma interseção assim, imagine um caminhão que deseja ir do ponto A até o ponto B. No sistema anterior, ele levaria mais tempo ao fazer o cruzamento, gerando mais congestionamento e diminuindo a visibilidade de outros usuários da pista. Já no sistema novo, o mesmo caminhão simplesmente pega a faixa da esquerda, sem correr o risco de causar infortúnios na pista.


Sistema anterior


Sistema novo
    
    O estudo sobre sistemas de tráfego são complicados, e não existem soluções mágicas para resolverem problemas diários e sim soluções muito bem pensadas e arquitetadas. Apesar desse tipo de interseção não ser uma realidade significante em nosso país, saber que ela vem funcionando em demais locais pode servir de incentivo aos engenheiros que trabalharão na solução dos problemas de tráfego.
    
    Nós recomendamos assistir esse vídeo, que serviu de inspiração para essa matéria, e veja como esse tipo de interseção pode salvar vidas. 

Referências

OZAKSFIRST. STUDY: DIVERGING DIAMONDS DECREASE CRASES IN SPRINGFIELD. Disponível em: https://www.ozarksfirst.com/local-news/study-diverging-diamonds-decrease-crashes-in-springfield//. Acesso em: 30/11/2021.

ANDRÉ PITA. INTERSEÇÕES TIPO DIAMANTE DIVERGENTE. Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/interse%C3%A7%C3%A3o-tipo-diamante-divergente-andr%C3%A9-pita. Acesso em: 30/11/2021.

AUSTINMCCONNEL. HOW DIVERGING DIAMONDS KEEP YOU FROM DYING. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A0sM6xVAY-A. Acesso em: 30/11/2021.

SEHINC. THE AMAZING WORLD OF: INTERCHANGE DESIGNS. Disponível em:     https://www.sehinc.com/news/amazing-world-interchange-designs. Acesso em: 30/11/2021.

 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A formação e a Avaliação voltadas para o Desenvolvimento de Competências

 Por Elvidio Gavassoni Neto

    O setor de Engenharia Civil está passando por modificações substanciais. Fatores como sustentabilidade, crise energética, transformação digital e mudanças climáticas criam uma demanda por uma mão de obra qualificada e preparada para lidar com tais desafios. Porém, nem sempre as estratégias, procedimentos, instrumentos, conteúdos e finalidades adotados correspondem aos critérios e fatores almejados nas abordagens de formação e avaliação acadêmicas. Uma abordagem que vai de encontro a tais requisitos baseia-se no desenvolvimento de competências. Ser competente caracteriza-se por, diante de um problema profissional, mobilizar os recursos, os comportamentos e os conhecimentos disponíveis e articulá-los para que seja possível tomar decisões e fazer encaminhamentos adequados e úteis ao enfrentamento da situação.

Operários trabalhando no projeto
Fonte: pixabay.com

      Apenas uma força de trabalho competente e qualificada pode realizar a transição da Engenharia Civil para as condições desafiadoras do futuro do setor. Em uma condição atual onde as fontes de conhecimento, incluindo o saber técnico, estão amplamente disponíveis é esperado que a trajetória de formação educativa desloque-se da tradicional abordagem baseada em conhecimentos e passe a ser expressa em competências, habilidades, conhecimentos e saberes fundamentais para o exercício criativo, social e técnico da profissão de engenheiro civil. Essas competências incluem não só competências técnicas, mas também aquelas do tipo socioemocionais indispensáveis na tomada de decisão, trabalho em grupo, colaboração intercultural e interdisciplinar.

    Como a avaliação é uma parte indispensável do processo formativo, a abordagem baseada em competências também se estende aos processos avaliativos na formação acadêmica. Há que se desenvolver processos avaliativos que consigam evidenciar a forma pela qual ocorre a articulação teoria e prática, bem como indicadores de como as competências foram exercitadas e adquiridas durante a formação universitária para averiguar a qualidade formativa dos futuros profissionais. Instrumentos avaliativos, principalmente os de resposta fechada, qualitativos ou quantitativos, como questionários, inquéritos, provas, testes, checklist, workshops, portfólios, memoriais e quizzes utilizadas na avaliação com abordagem voltada para verificação do conhecimento precisam ser substituídos por outros que se adequem ao desenvolvimento das competências pretendidas.

       A formação de profissionais de Engenharia Civil qualificados para enfrentar os desafios da transição que essa área enfrenta atualmente impõe grandes desafios. O enfrentamento desses desafios passa pela abordagem da formação e da avaliação baseadas no desenvolvimento de competências. Tais competências que são de várias naturezas e se estendem muito além das clássicas e indispensáveis habilidades técnicas incluindo o desenvolvimento de competências socioemocionais importantes para os profissionais do futuro.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Processo de demolição na construção civil

 Por Bruna dos Santos Bertini

    A construção civil é um dos setores da economia que se destaca no desenvolvimento das cidades e na geração de empregos, mas ao mesmo tempo gera uma grande quantidade de resíduos nos canteiros de obras. Estimativas indicam que pelo menos metade do entulho gerado nas cidades brasileiras é proveniente das construções, e estes podem ser de desperdícios na obra, reformas ou demolição.

    Os métodos construtivos vêm se tornando cada vez mais avançados e oferecendo cada vez mais alternativas que possibilitam a redução dos impactos ambientais. O maior tempo de duração das construções é um fator que vai de encontro com a necessidade dessa redução, uma vez que a sua demolição também é uma grande geradora de resíduos. A engenharia civil já ocupa um lugar de destaque na utilização de recursos naturais e é o setor que mais atinge negativamente o meio ambiente, porém, independente desse avanço dos métodos, todas as obras possuem o seu limite de vida útil, havendo a necessidade de serem demolidas depois desse período. Algumas vezes esse processo precisa ser antecipado e então ocorre antes do previsto. Demolição é a derrubada de obras, de edifícios, de forma controlada, podendo ocorrer por diversos fatores, entre eles demolição de obras com estrutura comprometida, renovação do espaço e construção de novas edificações no local.

 


Demolição de um prédio
Fonte: Da Vinci engenharia
 

Quais são os tipos de demolição? 

     Existem três tipos principais de demolição: manual, mecanizada e com explosivos.

    A demolição manual utiliza ferramentas manuais e é realizada em demolições que demandem mais cuidado com a estrutura. É considerado um tipo sustentável já que é possível reutilizar uma maior quantidade dos materiais gerados no processo.

    A demolição mecanizada envolve técnicas e procedimentos que utilizam equipamentos e ferramentas mecânicas para realizar o desmonte. Faz-se uso de máquinas pesadas de pequeno e médio porte. Esse modelo de demolição gera muito ruído e poeira, mas é realizado em um menor tempo e com uma equipe pequena de mão de obra, porém especializada.

   A demolição com o uso de explosivos tem por objetivo eliminar os principais elementos de apoio do prédio. Geralmente é utilizada na demolição de prédios altos e pontes.

 

Prédio sendo implodido na Escócia
Fonte: G1

Cuidados na hora de executar a demolição

    Alguns cuidados devem ser tomados antes do início do processo de demolição, como possuir o alvará de execução de demolição que deve ser solicitado à prefeitura, adquirir um seguro de responsabilidade e fazer vistorias nas construções vizinhas e relatório das condições das mesmas, para que se verifique quais eram os problemas já existentes.

    Já alguns procedimentos devem ser tomados na hora da desconstrução para garantir a segurança de todos, como manter a escada livre e somente demoli-la depois da retirada dos materiais dos pavimentos superiores, remover objetos pesados ou volumosos, remover entulhos, por gravidade, através de calhas fechadas, instalar plataformas de retenção de entulho e demolir as paredes antes da estrutura.

 

Destinação e reutilização dos resíduos

   A produção de resíduos da construção civil em grandes cidades é duas vezes maior que a produção de lixo urbano, por isso é muito importante que esses resíduos tenham um destino correto e possam ser reciclados, para que se evite ao máximo os impactos ambientais.

   Os entulhos não podem ser descartados de maneira convencional, por isso algumas cidades possuem pontos de recolhimento para serem destinados ao local correto. Outra opção é contratar uma empresa especializada no descarte correto desses materiais.

   Todo resíduo gerado no processo de construção, de reforma, escavação ou demolição, é considerado como Resíduo da Construção de Demolição (RDC) ou Resíduo da Construção Civil (RCC). Entulho são todos os restos ou fragmentos de materiais e a demolição por sua vez, gera somente fragmentos. Se os materiais forem coletados de forma correta, e estiverem limpos, é possível que 100% deles sejam reciclados.  A reciclagem de resíduos é uma alternativa sustentável para a destinação dos entulhos pois possui custos menores, possibilita o reaproveitamento de materiais que seriam descartados, além de contribuir para aliviar a pressão em aterros inertes, reduzir as chances de deposição em locais clandestinos e minimizar a extração de matéria-prima. Para tal, é preciso que haja no canteiro de obras uma área destinada à separação e acondicionamento dos materiais, depois há uma checagem para garantir que não há resíduos de outras classes, e por fim, britagem e peneiramento. Possíveis aplicações para o entulho processado são pavimentações de estradas rurais, calçadas, bancos de praça, blocos, enchimento de fundações, pisos e contrapisos, aterro de vias de acesso, argamassas de assentamento, entre várias outras.

 

Exemplificação de reciclagem de resíduos
Fonte: Graiche

         Em suma, a construção civil é responsável por causar grandes danos ao planeta, mas processos como a desconstrução são necessários apesar de seus danos. Num momento em que cada vez mais temos que nos alinhar com a sustentabilidade, é preciso que se vise reduzir a geração de resíduos e os impactos ao meio ambiente, além de promover a reciclagem sempre que possível. Se esses materiais forem manipulados e separados com cuidado e da maneira correta, podem ser reutilizados em outras construções e assim, atrelar construção civil com um desenvolvimento sustentável.

 

Referências

LOCADORA EQUILOC. DEMOLIÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: GUIA COMPLETO E DEFINITIVO. Disponível em: https://locadoraequiloc.com.br/blog/demolicao/. Acesso em: 02/11/2021.

DINADRILL. QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE DEMOLIÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL? Disponível em: https://www.dinadrill.com.br/noticia/quais-os-principais-tipos-de-demolicao-na-construcao-civil. Acesso em: 02/11/2021.

VGR. O QUE FAZER COM OS ENTULHOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL? Disponível em: https://www.vgresiduos.com.br/blog/o-que-fazer-com-os-entulhos-gerados-na-construcao-civil/. Acesso em: 04/11/2021.

DEMOLIDORA SOLUM. DESCARTE DE RESÍDUOS DE DEMOLIÇÃO: É POSSÍVEL RECICLAR? Disponível em:     https://www.demolidorasolum.com.br/blog/descarte-de-residuos-de-demolicao/. Acesso em: 04/11/2021.

 

sábado, 30 de outubro de 2021

Tokyo 2020: a sustentabilidade de mãos dadas com a engenharia

 Por Rafael Moia Apolonio

As Olimpíadas originaram-se por volta do século VIII a.C., no contexto da antiga Hélade, isto é, o conjunto das cidades-estado da Grécia Clássica. A realização dos jogos ocorria na cidade de Olímpia - por isso o nome “Olimpíadas” - para onde os cidadãos das outras cidades peregrinavam a fim de participarem das competições. E, desde então, uma série de adaptações ocorreram para que esse evento de proporções mundiais se adequasse aos padrões de uma sociedade em constante comutação. Entretanto, pode-se afirmar que nos anos hodiernos as construções vinham sendo realizadas de forma pouco ambientalmente consciente e, dessa forma, cada vez mais urgia a necessidade de uma ação ativa e responsável dos projetos de engenharia. Nesse contexto, pode-se notar na prática sua importância, principalmente em se tratando das Olimpíadas de Tóquio.


IOC Sustainability Strategy
Fonte: Comitê Olímpico Internacional

Segundo parâmetros estabelecidos por Martin Müller no artigo “An evaluation of the sustainability of the Olympic Games” publicado na revista Nature, devido às grandes proporções e abrangência dos jogos olímpicos, esse evento impacta fortemente o meio ambiente e a sociedade como um todo. Dessa forma, o artigo classificou algumas vertentes da sustentabilidade através de pontuações que variam entre 0 e 100, podendo-se, assim, mensurar o quão ecologicamente corretos foram os eventos passados. Nesse contexto, pode-se concluir que a Rio 2016 (29 pontos) e Sochi 2014 (24 pontos) foram as piores entre os anos de 1992 à 2020, enquanto Tokyo 2020 encontrou-se na faixa dos 35 pontos. Ademais, é válido ressaltar que mesmo as organizações mais bem classificadas, como a de Salt Lake City com 71 pontos, ainda não atingiram o patamar ecológico e o baixo impacto ambiental desejados.


Definição e modelo conceitual de sustentabilidade nos Jogos Olímpicos
Fonte: An avaluation of the Olympic Games
 

No que se refere a organização do evento pelo Comitê Olímpico Internacional (IOC) enquanto Owner of the Olimpic Games (tradução literal de “Donos do Jogos Olímpicos”), é importante mencionar que algumas alterações foram necessárias devido à pandemia do COVID-19. Na prática, isso pode ser evidenciado através de medidas como a racionalização dos serviços de transporte, reduções na aparência dos jogos nas instalações e na vila olímpica e paralímpica,  otimização das operações de revezamento da tocha olímpica, mudanças nas atividades dos espectadores nos locais de competição, dentre várias outras.

Reduzir, reutilizar e reciclar

Visando um evento mais limpo e sustentável, a engenharia por trás de Tokyo 2020 revelou sua importância pautada na conscientização ambiental e homenagem respeitosa à cultura japonesa. Para isso, apenas 8 novos locais de competição foram construídos do zero, havendo um bom reaproveitamento de construções antigas (principalmente no referente à Olimpíada ocorrida em 1964). O arquiteto e urbanista Kenzo Tange foi de fundamental importância para que isso fosse possível, uma vez que ele já estaria envolvido na construção da Arena Olímpica no evento anterior, por exemplo. Nas palavras de Tange: “Eu quero, de qualquer forma, que meus edifícios estejam livres do rótulo de ‘tradicional’ ”.

 


Arena Olímpica
Fonte: Kenzo Tange
 

Muito também foi realizado pela organização sobre a recuperação de materiais, dos quais se pode mencionar as quase 79.000 toneladas de smartphones e outros equipamentos eletrônicos doados pelo público japonês - conhecidos como “minas urbanas” - que foram usados ​​para fazer as 5.000 medalhas olímpicas e paralímpicas. Além disso, a tocha olímpica foi produzida com resíduos de alumínio de uma caixa temporária construída após o terremoto de 2011 e, até mesmo as camisetas e calças usadas pelos portadores da tocha, eram feitas de garrafas plásticas recicladas coletadas pela empresa Coca-Cola.

Além do carbono neutro

Segundo o relatório apresentado pelo “IOC News”, além das 25 construções adaptadas do evento anterior em Tóquio e dos 8 novos locais, outros 10 foram levantados de modo provisório com as “mãos dadas” à engenharia no que se refere ao uso de avaçadas tecnologias construtivas, minimizando custos de construção e uso energético. Nesse cenário, menciona-se também que a maior parte da energia utilizada veio de fontes renováveis, incluindo painéis solares e energia de biomassa de madeira, que usou resíduos de construção e aparas de árvores no Japão para produzir eletricidade. Como forma de comprovação, pode-se exemplificar através do renomado Ariake Urban Sports Park, o qual é totalmente movido por eletricidade solar renovável produzida em Fukushima (palco do desastroso terremoto em 2011).



Arena do skate e BMX: Ariake Urban Sports Park
Fonte: Ge.Globo
 

Muito se é dito quanto à parte da Tokyo 2020 que não utilizou recursos energéticos renováveis, entretanto, onde não o foi possível, contemplou-se certificados de energia verde para compensar o uso de eletricidade não renovável. Ademais, os jogos contaram com a compensação mais do que neutra de carbono, a qual cobriu todas as emissões diretas e indiretas, incluindo transporte e construção que, segundo o Programa de Limitação e Comércio de Carbono do Japão, os créditos do poluente compensaram cerca de 720.000 toneladas de CO2 que seriam emitidos para que se realizassem os quatro dias das Cerimônias de Abertura e Encerramento Olímpico e Paraolímpico.

Construindo para o futuro

As duas principais zonas olímpicas - a Heritage Zone e a Tokyo Bay Zone - foram projetadas para construir o melhor do passado para um futuro sustentável. A primeira reaproveita vários locais icônicos usados ​​nos Jogos de Tóquio de 1964, incluindo o local de tênis de mesa no Tokyo Metropolitan Gymnasium e o mundialmente famoso Nippon Budokan. Já o novo Estádio Nacional do Japão - sede das Cerimônias de Abertura e Encerramento - incorpora beirais gigantes para permitir que a brisa refrescante circule livremente (os beirais, uma característica da arquitetura tradicional japonesa, são projetados para usar vento natural em vez de ar condicionado).

 


Nippon Budokan
Fonte: Numen Arquitetura

 


Arena de Saitama
Fonte: Numen Arquitetura

Em contraste, a ultramoderna Tokyo Bay Zone é um modelo de desenvolvimento urbano inovador que irá revitalizar a orla marítima de Tóquio, com melhor transporte e acesso à área da baía. Entre os 16 locais está o Tokyo Aquatics Center, que pode ajustar o comprimento e a profundidade de suas piscinas movendo pisos e paredes, além de ser alimentado por energia solar e ter seu calor remanejado ao solo. De forma paralela, a Vila Olímpica - presente na intersecção das duas zonas - fica em um terreno recuperado e a matriz energética usada pela instalação foi gerada com hidrogênio usando células à combustível de hidrogênio puro (é dito que após os jogos a Vila será transformada em apartamentos, escola, lojas e outras instalações movidos à hidrogênio).

Em suma, pode-se concluir a importância da conscientização ambiental atrelada ao processo construtivo de obras de engenharia, principalmente em se tratando de imponentes construções das quais impactam grandemente o meio ambiente. Em um cenário em que a sustentabilidade estava sendo preterida, Tokyo 2020 reviveu a importante responsabilidade social e ambiental de se sediar um evento com essas proporções, escancarando a força do antigo provérbio indígena “Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro.”


Referências

TANGE, Kenzo. OLYMPIC ARENA. Disponível em: http://www.greatbuildings.com/buildings/Olympic_Arena.html. Acesso em: 20/10/2021.

Numen Arquitetura. A ARQUITETURA DAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO. Disponível em:
https://www.numenarquitetura.com/post/a-arquitetura-das-olimp%C3%ADadas-de-t%C3%B3quio. Acesso em: 20/10/2021.

Redação GQ. JOGOS OLÍMPICOS ESTÃO FICANDO MENOS SUSTENTÁVEIS DESDE 2002, DIZ ESTUDO. Disponível em: https://gq.globo.com/um-so-planeta/noticia/2021/07/jogos-olimpicos-menos-sustentaveis.html. Acesso em: 20/10/2021.

MÜLLER, Martin. AN EVALUATION OF THE SUSTAINABILITY OF THE OLYMPIC GAMES. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41893-021-00696-5. Acesso em: 24/10/2021.

Association of National Olympic Committees. TOKYO 2020 PUBLISHES UPDATE TO SUSTAINABILITY PRE-GAMES REPORT. Disponível em: https://www.anocolympic.org/olympic-movement/tokyo-2020-publishes-update-to-sustainability-pre-games-report/. Acesso em: 24/10/2021.

International Olympic Committee.
ALL YOU NEED TO KNOW ABOUT TOKYO 2020 SUSTAINABILITY. Disponível em: https://olympics.com/ioc/news/all-you-need-to-know-about-tokyo-2020-sustainability. Acesso em: 25/10/2021.

International Olympic Committee. ANNUAL REPORT 2020. Disponível em: https://stillmed.olympics.com/media/Documents/International-Olympic-Committee/Annual-report/IOC-Annual-Report-2020.pdf. Acesso em: 25/10/2021.

TAGLIANI, Simone. OLIMPÍADAS 2021-2021: CONHEÇA UM POUCO DA ARQUITETURA DESTE EVENTO TÃO AGUARDADO. Disponível em: https://engenharia360.com/as-principais-arquiteturas-das-olimpiadas-2020-2021/. Acesso em: 25/10/2021.

DILLON, Lorena. CONHEÇA ONDE O SKATE FARÁ ESTREIA NAS OIMPÍADAS: ARIAKE URBAN SPORTS PARK. Disponível em:  https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/conheca-onde-o-skate-fara-estreia-nas-olimpiadas-ariake-urban-sports-park.ghtml. Acesso em: 25/10/2021.

 

 

 

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Veneza: A Poética Cidade Construída Sobre as Águas

 Por Braulio Eduardo Pscheidt Duffeck

A cidade de Veneza, localizada na região do Vêneto, no nordeste italiano, é uma das rotas turísticas mais requintadas da atualidade, estando presente no subconsciente imaginário de muitas pessoas como um destino romântico e sofisticado onde passeios de barco através dos diversos canais que interligam a cidade simbolizam o fascínio do local.

Entremeio a tantos encantos presentes na magnífica Veneza, destacam-se as grandiosas obras de engenharia responsáveis por conectar o conjunto de 118 ilhas venezianas pelas mais de 400 pontes que transpõe os canais da cidade, possibilitando assim a ocupação de áreas anteriormente inóspitas devido aos esforços em conter a ação cíclica das marés sobre o território veneziano. 



Ilhas de Veneza vistas por satélite.
Fonte: Daily Overview
 

Contexto histórico e a engenharia por trás da construção de Veneza

Os processos de ocupação e de construção da cidade de Veneza estão diretamente interligados com o contexto histórico da Itália no século V, sendo estes impulsionados pela queda do Império Romano do Ocidente, fato que estabeleceu as condições necessárias para o desenvolvimento do nordeste italiano, onde ficam localizadas as ilhas de Veneza.

Com o fim do Império Romano em 476 d.C., os povos bárbaros dominaram o continente europeu de forma súbita, cercando diversos territórios que estavam localizados próximos à sua extensão. A população do norte da Itália foi uma das mais atingidas pela ascensão dos bárbaros, estando ameaçada por diversos exércitos que avançavam da Ásia e do sul, como os lombardos e os eslavos.

Perante o contexto citado, os povos do norte italiano buscaram refúgio em regiões isoladas e de difícil acesso do continente europeu, onde o risco de ataques e invasões por parte de outros exércitos seria minimizado. O local escolhido para tal finalidade foi o conjunto de ilhas situadas à beira do Mar Adriático, uma área de pequena extensão territorial que sofria constantes inundações com a ação das marés, onde futuramente seria a cidade de Veneza.

O avanço das construções sobre as águas não era uma tarefa simples, pois demandava um grande senso de inovação por parte dos povos da época. O solo pantanoso e as poucas áreas de terra firme criavam vários entraves para a construção das estruturas em Veneza. Para edificar suas casas, os construtores da época adotaram uma técnica de recuperação do terreno que consistia na delimitação de um trecho através da conexão de várias ilhas pelo estaqueamento de toras de madeira muito próximas umas às outras. Com o terreno delimitado, a água que estava na superfície era drenada, permitindo assim que a construção pudesse ser erguida.

 


Processo de recuperação do terreno pantanoso de Veneza.
Fonte: ArchDaily
 

Além de todas as dificuldades encontradas no processo de drenagem da água na superfície das ilhas, ainda era necessário construir uma fundação resistente para a edificação, pois devido ao fato do solo da região ser pantanoso e instável, a estrutura corria sérios riscos de ceder e afundar. A solução adotada para este problema se deu através da fixação de diversos troncos de madeira no solo, que alcançavam o fundo do canal até uma profundidade média de 5 metros. A partir disso, quando a madeira entrava em contato com o “caranto” (mistura de areia e argila), aliada à ausência de oxigênio no fundo do canal, ocorria uma reação química de fossilização que deixava sua estrutura altamente resistente, tornando-a capaz de sustentar a edificação.

Acima dos troncos de fundação também era assentada uma camada dupla de placas de madeira, que realizava o nivelamento do terreno e auxiliava os construtores a distribuir os carregamentos da obra. Essa camada de madeira recebia ainda o reforço de grandes blocos de pedra ístria, para auxiliar na impermeabilização do terreno, tendo em vista que era comum ocorrer mudanças repentinas no nível da água.

Foram necessários anos de prática para que os italianos consolidassem o domínio de todas essas técnicas construtivas, e a partir do século XIII, Veneza já monopolizava o comércio no Mediterrâneo e a ligação com o continente asiático. Todavia, com a descoberta de uma nova rota mais lucrativa para a Ásia, a cidade acabou perdendo seu status de potência e foi dominada por outras nações.

A Veneza moderna

Em termos de infraestrutura urbana, os sistemas elétrico e hidráulico que integram a cidade estão localizados logo abaixo da superfície das calçadas, as quais são constituídas por pedras trachite. A conexão entre esses sistemas ocorre através das pontes que unem as ilhas de Veneza, permitindo que até mesmo os pontos mais remotos da região tenham acesso a eles. Já o sistema de esgoto caracteriza-se pelo uso de fossas sépticas e galerias para a condução dos resíduos aos rios e canais da cidade.

Desde sua construção até a atualidade, Veneza enfrenta os severos efeitos das marés. Nos meses de inverno a maré alta chega a ser constante no dia a dia do venezianos, e como não é possível transitar de carro pela cidade, os moradores são obrigados a realizar suas tarefas com o auxílio de meios de transporte alternativos. A logística da cidade também é muito afetada por conta da limitação dos modais de transporte, o que acaba aumentando subitamente o preço dos produtos comercializados na região.

Todas essas limitações decorrentes da falta de acessibilidade e da infraestrutura restringida pelas questões geográficas da região acabam elevando significativamente o custo de vida em Veneza. Devido à isso, muitos moradores acabam deixando a cidade em busca de locais economicamente mais vantajosos para morar, o que vem despertando cada vez mais o interesse de investidores internacionais na compra de imóveis para a instalação de hotéis e resorts na região, comprovando o grande potencial turístico que está por trás da cativante cidade de Veneza.

Em síntese, todos os obstáculos encontrados pelos venezianos ao longo da construção de sua história contribuíram para o crescimento e a consolidação da cidade de Veneza. Sua relação com a água e a necessidade de domá-la fizeram com que Veneza se transformasse em uma potência turística global, onde a arquitetura antiga e a modernidade transitam juntas em um ambiente romântico e encantador, criando o cenário ideal para o desenrolar de uma arrebatadora história de amor ou até mesmo de uma sofisticada taça de vinho no pôr do sol.

 
Punta della Dogana, Veneza
Fonte: ArchDaily

 

Referências

ARCHDAILY. Cidade versus água: entenda como Veneza foi construída. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/908233/cidade-versus-agua-entenda-como-veneza-foi-construida>. Acesso em: 08/09/2021.

SUPER INTERESSANTE. Como e quando foi construída a cidade de Veneza? Disponível em: < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-quando-foi-construida-a-cidade-de-veneza/>. Acesso em 08/09/2021.

ITALIA PER AMORE. Como Veneza foi construída? Disponível em: <http://italiaperamore.com/como-veneza-foi-construida/>. Acesso em 09/09/2021.

ANCIENT ORIGINS. The construction of Venice, the Floating City. Disponível em: <https://www.ancient-origins.net/ancient-places-europe/construction-venice-floating-city-001750>. Acesso em: 09/09/2021.

UNESCO. Venice and its Lagoon. Disponível em: <https://whc.unesco.org/en/list/394>. Acesso em: 09/09/2021.