Por Elvidio Gavassoni Neto
O setor de Engenharia Civil está passando por modificações substanciais. Fatores como sustentabilidade, crise energética, transformação digital e mudanças climáticas criam uma demanda por uma mão de obra qualificada e preparada para lidar com tais desafios. Porém, nem sempre as estratégias, procedimentos, instrumentos, conteúdos e finalidades adotados correspondem aos critérios e fatores almejados nas abordagens de formação e avaliação acadêmicas. Uma abordagem que vai de encontro a tais requisitos baseia-se no desenvolvimento de competências. Ser competente caracteriza-se por, diante de um problema profissional, mobilizar os recursos, os comportamentos e os conhecimentos disponíveis e articulá-los para que seja possível tomar decisões e fazer encaminhamentos adequados e úteis ao enfrentamento da situação.
Apenas uma força de trabalho competente e qualificada pode realizar a transição da Engenharia Civil para as condições desafiadoras do futuro do setor. Em uma condição atual onde as fontes de conhecimento, incluindo o saber técnico, estão amplamente disponíveis é esperado que a trajetória de formação educativa desloque-se da tradicional abordagem baseada em conhecimentos e passe a ser expressa em competências, habilidades, conhecimentos e saberes fundamentais para o exercício criativo, social e técnico da profissão de engenheiro civil. Essas competências incluem não só competências técnicas, mas também aquelas do tipo socioemocionais indispensáveis na tomada de decisão, trabalho em grupo, colaboração intercultural e interdisciplinar.
Como a avaliação é uma parte
indispensável do processo formativo, a abordagem baseada em competências também
se estende aos processos avaliativos na formação acadêmica. Há que se
desenvolver processos avaliativos que consigam evidenciar a forma pela qual
ocorre a articulação teoria e prática, bem como indicadores de como as
competências foram exercitadas e adquiridas durante a formação universitária
para averiguar a qualidade formativa dos futuros profissionais. Instrumentos
avaliativos, principalmente os de resposta fechada, qualitativos ou
quantitativos, como questionários, inquéritos, provas, testes, checklist,
workshops, portfólios, memoriais e quizzes utilizadas na avaliação com
abordagem voltada para verificação do conhecimento precisam ser substituídos
por outros que se adequem ao desenvolvimento das competências pretendidas.
A formação de profissionais de
Engenharia Civil qualificados para enfrentar os desafios da transição que essa
área enfrenta atualmente impõe grandes desafios. O enfrentamento desses
desafios passa pela abordagem da formação e da avaliação baseadas no
desenvolvimento de competências. Tais competências que são de várias naturezas
e se estendem muito além das clássicas e indispensáveis habilidades técnicas
incluindo o desenvolvimento de competências socioemocionais importantes para os
profissionais do futuro.