segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O potencial da indústria de energia eólica no Brasil


Segundo estudo realizado pela Bloomberg, intitulado New Energy Finance, o Brasil poderá se tornar um dos mercados de maior crescimento para a energia eólica, mas somente se a indústria reduzir consideravelmente seus custos de produção para níveis inferiores do que os atuais ou melhorar significativamente o desempenho de seus equipamentos. O relatório diz ainda que o país poderá aumentar sua produção de energia eólica em até 1,4GW em 2012 e 1,5GW em 2013, contra 392 MW em 2010.

No entanto, o estudo também faz um alerta, dizendo que será preciso um excelente desempenho das turbinas eólicas, uma queda brusca nos preços destes equipamentos, acesso a capital de baixo custo ou uma combinação destes fatores para que o setor cresça no Brasil no ritmo que a indústria e os órgãos reguladores projetam.
As tarifas da energia eólica no Brasil são competitivas mundialmente, mas setor precisará aumentar a eficiência de sua produção:

O país recentemente realizou dois leilões de energia eólica e concordou em assinar contrato com empresas de energia eólica totalizando um pouco mais de 1,9GW. Estas empresas ganharam os contratos ao assumirem o compromisso de que seus projetos poderão fornecer energia eólica pelo menor preço possível. O preço da energia eólica mostrou um forte apelo, pela primeira vez, apresentando preços mais competitivos do que projetos de usinas termelétricas a gás natural. Enquanto o preço médio da energia eólica foi de US$ 62/MWh, o preço médio do gás natural foi de US$ 65/MWh. Estas foram as menores tarifas já oferecidas às geradoras de energia eólica em termos internacionais. Por este motivo, os resultados foram considerados bastante impressionantes por autoridades do setor energético brasileiro e por executivos que internacionalmente apoiam a energia eólica. No entanto, agora que as empresas do ramo ganharam estes contratos, a responsabilidade é toda deles para que vendam energia pelos preços baixos aos quais eles se comprometeram. Isto significa gerar energia num nível ainda mais baixo, para que seus investidores recebam os retornos necessários.

Segundo Eduardo Tabbush, analista de energia eólica durante o Bloomberg New Energy Finance, para atingir estes retornos, quase metade destes novos projetos precisará operar numa eficiência muito maior, ou num custo inferior ao visto em outras partes do mundo.

Por exemplo, o estudo da Bloomberg New Energy Finance mostra que até 40% dos novos megawatts potenciais contratados sob os leilões representará um retorno em termos financeiros de menos de 10% para os apoiadores destes projetos. Isto aumenta a possibilidade desta capacidade não receber financiamento ou mesmo não ser construída.

Com isso, para que estes projetos se tornem viáveis pelos padrões atuais, o custo das turbinas de energia eólica precisa cair 15% no Brasil para US$ 1,2 milhão por MW, ou 10% a menos do que a atual média global. A mesma coisa se aplica para outros equipamentos para a produção de energia eólica, além da distribuição, comercialização e estratégias operacionais que ajudarão a melhorar os retornos e reduzir os custos.