terça-feira, 22 de setembro de 2015

Construção de canais e impactos ambientais

Após exatamente um ano, o “Novo” Canal de Suez foi inaugurado! Mas o que seria esse “novo” canal? É, na realidade, uma ampliação do antigo Canal de Suez com a construção de uma via de 35 km, paralela à via atual, na qual passariam navios de grande porte no sentido contrário ao da outra via, possibilitando navegação nos dois sentidos em quase todo o comprimento da passagem. Foi realizada também a dragagem – aprofundamento –, do acesso atual (de 37 km).



Atualmente o canal tem 205 m de largura - sendo 190 m navegáveis por embarcações de até 15 m de calado -, 195 km de extensão, e é responsável por 14% do transporte mundial de cargas.
Porém esta obra incrível, que irá trazer diversos benefícios econômicos ao Egito, e uma diminuição de 7 horas (de 18 horas para 11 horas) no tempo de viagem, com um aumento considerável na passagem de navios, não considerou os impactos ao meio ambiente.
A ampliação do Canal de Suez irá impactar em níveis preocupantes a vida marinha no Mar Mediterrâneo devido a chegada de espécies invasoras. Antes da ampliação essa preocupação já acontecia – cerca de 444 espécies invasoras no mar mediterrâneo -, e nenhuma medida havia sido tomada. Com a ampliação do canal e o aumento da temperatura do mar mediterrâneo – devido a mudanças climáticas globais -, a vinda dessas espécies aumentará consideravelmente, agravando ainda mais a situação ambiental.

As entidades ambientais, após início da obra, cobraram laudos do Egito para comprovar a ocorrência ou não de impactos ambientais, porém esses laudos nunca foram feitos, e as cobranças também não.
Para vermos como a ocorrência não é em um lugar só, o Canal do Panamá não difere muito quando se trata de impactos ambientais. O canal também é uma obra de grande importância econômica, tem 101 anos de atuação e movimenta 4% de todo o comércio marítimo mundial.
A aproximadamente um ano atrás, com a ampliação deste canal, 500 hectares de florestas estavam ameaçados de desaparecimento nos contornos do canal.


Os panamenhos desenvolveram programas de recuperação na área, porém, fora dos olhos dos ambientalistas, 40 mil hectares de matas desaparecem por ano, ao redor do canal, devido a queimadas, ampliação de áreas agrícolas e pecuária.
O canal do panamá também possibilitou o fluxo de animais silvestres terrestres e circulação genética de árvores. Ou seja, a ligação terrestre ocorrida devido a criação do canal está dando início a um intercâmbio genético nas redondezas.
Percebe-se então que os impactos ambientais podem ser danosos a fauna e flora de um certo ambiente devido a construção de canais, ou obras desse tamanho e classe. Portos, canais, diques, hidroelétricas, entre outras obras de grande porte, que trazem impactos a vida marinha, devem ter projetos que também visem a esfera ambiental, de forma a harmonizar o crescimento econômico com a preservação ambiental.