sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Pesquisadores da USP criam tinta que absorve som e reduz dispersão de chama

Tecnologia à base de bagaço e palha da cana-de-açúcar foi a vencedora do 15º prêmio Abrafati de Ciências em Tintas

                                  Marcelo Scandaroli
Um grupo de pesquisadores da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu uma tinta látex que, segundo eles, melhora a absorção do som, diminui a propagação da chama e mantém a aderência como as tintas comuns. O material foi o vencedor do 15º Prêmio Abrafati de Ciências em Tintas, realizado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati) em dezembro.


A tecnologia, desenvolvida pela aluna de doutorado Fernanda de Carvalho Oliveira e do estudante de iniciação científica Alessandro Costa Pinto, utiliza de bagaço e palha da cana-de-açúcar como aditivo, além de lignina – uma macromolécula obtida do fracionamento do bagaço e da palha. Os professores Ângelo Capri Neto, Adilson Roberto Gonçalves, Maria da Rosa Capri ajudaram no processo.
Segundo o professor Neto, o objetivo do estudo foi adicionar a biomassa à tinta látex para diminuir a utilização dos derivados do petróleo, que fazem parte da composição química da tinta. “A escolha do bagaço e da palha da cana se justifica pela abundância nas regiões canavieiras e que, hoje, são rejeitos da indústria agrícola e precisam de uma destinação. Além disso, a substituição parcial do petróleo pela fibra natural reduz o custo de produção e o impacto ambiental quando o material for descartado”, explica Neto.
De acordo com o professor, o produto apresentou um aumento significativo de absorção de som (15 decibéis) em relação à tinta sem aditivos (10 decibéis). Porém, o que mais surpreendeu os pesquisadores foi a resistência do produto à chama. “A tinta látex é altamente inflamável. Então, se ocorrer um incêndio em um ambiente pintado com a tinta, a propagação da chama será alta. Percebemos que a palha da cana criou uma barreira, retardando esse efeito”, disse.
Uma das preocupações do estudo foi se a adição da biomassa à tinta poderia influenciar na aderência do produto acabado. “O resultado mostrou que não e, a partir daí, investigamos algumas outras propriedades do produto, tais como alteração da textura, absorção de sons e propagação de chamas após a aplicação do produto”, afirma o professor.
Os pesquisadores não liberaram foto da tinta porque o produto ainda está em fase de patenteamento.
Rodrigo Louzas, do Portal PINIweb
Fonte: Téchne