sexta-feira, 23 de abril de 2021

Jeddah Tower: feito para ser o maior

Por João Antonio Comine da Silva, membro do PET Engenharia Civil.

O mais novo gigante saudita

            A Jeddah Tower, em português Torre de Jidá, está sendo construída na cidade litorânea de Jidá, na Arábia Saudita. Esta torre está sendo construída para se tornar o maior edifício do mundo, superando o Burj Khalifa, que conta com 827 metros de altura, o novo gigante mundial contará com 1008 metros de altura, contando com 200 andares, 12 escadas rolantes e 59 elevadores.


Comparativo de altura dos maiores prédios do mundo
Fonte: Jeddah Economic Company

         O empreendimento previa um custo total de 1,29 bilhões de Dólares, o que seria cerca de 210 milhões de Dólares mais barato do que a construção do Burj Khalifa construído em 2010, que custo 1,5 bilhões de Dólares, porém com os atrasos e paralisações na obra esse valor certamente irá exceder a projeção inicial.

Esses valores bilionários gastos na construção desses dois edifícios são frutos de uma disputa entre os dois maiores produtores de petróleo do mundo, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que buscam diversificar a economia de seus países através do turismo, uma vez que diversos países no mundo estão substituindo as matrizes energéticas mais poluentes e nocivas ao meio ambiente, como carvão e petróleo, por menos poluentes como eólica, solar e hídrica.

 

Construção

A construção do edifício saudita teve início em 2013 e tem como escritório responsável o Adrian Smith + Gordon Gill Architecture, que tem como um dos donos Adrian Smith, que quando trabalhou na Skidmore, Owings and Merrill (SOM) e durante este período colaborou no projeto de construção do Burj Khalifa, logo encontramos algumas semelhanças entre eles, principalmente na arquitetura.


Jeddah Tower
Fonte: Jeddah Economic Company

Burj Khalifa
Fonte: Getty Images

Para que a construção consiga se sustentar serão necessários cerca de 80 mil toneladas de aço e 515 mil m³ de concreto reforçado de alta resistência, isso porque além de sua altura o edifício se situa em uma região litorânea, onde há o efeito da maresia que pode corroer as propriedades resistivas do aço, também por efeito da maresia o tipo de concreto utilizado é um concreto especial que reduz os danos na estrutura.

            O edifício conta com uma fundação formada por 270 estacas com profundidades que varia de 60 a 105 metros de profundidade, isso se justifica não apenas quando analisamos o tamanho do empreendimento, mas também pelo fato de estar localizado em uma região onde o solo é arenoso, isso faz com que seja necessário escavar maiores profundidades para encontrar um solo com maior resistência e estabilidade.

 

Conclusão das obras

            
            Mesmo com 8 anos (2013 - 2021) desde que se teve início a obra, o empreendimento ainda se encontra com apenas ¼ da obra levantada, sendo que a conclusão inicialmente prevista seria no ano de 2020, isto se deve aos diversos atrasos e interrupções nas obras, a mais recente causada pela pandemia, onde os recursos disponibilizados para a realização da obra tiveram uma alta redução, porém as obras de urbanização em volta do terreno continuaram e a construção deve ser retomada no decorrer de 2021.


Jeddah Tower em janeiro de 2021
Fonte: Jeddah Economic Company

         Mesmo o Jeddah Tower sendo concluído e se tornando o edifício do mundo, já há planos de realização de um empreendimento que o supere, pois o Iraque estuda a possibilidade de construir o The Bride, uma edificação com cerca de 1.200 metros de altura, isso evidencia a disputa dos países petroleiros por ter o título de maior edifício do mundo, fortalecendo assim o turismo na região. Porém esse gasto de dinheiro é alvo de diversas críticas, como a realizada por Rory Olcayto, editor-adjunto do The Architects Journal, “A corrida para construir o maior arranha-céu é bastante fútil – onde irá parar? Esses edifícios são um símbolo de uma maneira de pensar antiquada.”, colocando em dúvida a sustentabilidade e relevância social desses gastos.


 

 

 








 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

A necessidade de adaptação de portos e hidrovias para navios cada vez maiores

Por Gabriela Buzzi Ribeiro

    Desde o início da navegação marítima, a segurança das embarcações e dos marinheiros, o tempo de navegação e a quantidade de carregamento que o navio podia levar são questões de importância para o comércio mundial e para as companhias navais. Neste sentido, os navios cargueiros estão ficando cada vez maiores, a fim de reduzir o valor do frete e, portanto, aumentar o lucro.

    Entretanto, o aumento dos navios não foi acompanhado pela adaptação dos portos e dos canais pelos quais as embarcações passam. Um exemplo recente deste problema é o encalhamento de um navio de aproximadamente 400 metros de comprimento no Canal do Suez no dia 23/03 deste ano. O navio ficou 6 dias encalhado, impedindo a passagem de outras embarcações pelo canal, que é considerado um dos mais importantes do mundo.


Bloqueio do Canal do Suez em 2021
Fonte: Hindunstan Times

    Segundo a seguradora alemã Allianz, o bloqueio poderia custar ao comércio global entre US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões por semana e reduzir o crescimento anual do comércio em 0,2 a 0,4 pontos percentuais.

 A situação dos portos e hidrovias no Brasil

    Segundo o Relatório de Competitividade Global, o Brasil possui uma das piores infraestruturas portuárias do mundo. Tal situação é agravada pelas limitações físicas e estruturais que dificultam as atracações dos navios.

    Sendo assim, é comum haver um grande acúmulo de sedimento no fundo das hidrovias, aumentando o risco de choque dos cascos do navio. Por isso, torna-se necessário estabelecer uma restrição ao calado das embarcações (profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, em relação à linha d'água).

    Em consequência destas questões, frequentemente, é preciso esperar a maré subir para manobrar com segurança, gerando custos de demurrage (contraprestação devida em razão de se ter extrapolado o prazo acordado em contrato para as operações de embarque e desembarque da carga do navio). Pode-se dizer então, que essas limitações nas vias aquaviárias no Brasil acabam aumentando os custos de logística e de frete.

    Neste cenário, é preciso manter ou aumentar a profundidade dos canais de navegação. Para isso os portos precisam realizar obras de dragagem de manutenção ou aprofundamento. Desta maneira, a dragagem portuária precisa acompanhar a tendência mundial que vem sendo estabelecida pela indústria do transporte marítimo, a qual investe cada vez mais em embarcações de grande porte. Afinal, sem a dragagem, os portos correm o risco de perder competitividade e tornarem-se obsoletos, afetando consideravelmente a economia da região em que estão instalados e, possivelmente, a balança comercial do país.

    Por fim, é sempre importante lembrar que as obras devem ser feitas de maneira consciente, analisando questões ambientais e levando-as em consideração para a tomada de decisões. Além disso, é preciso investigar onde mais convêm um investimento deste porte, a fim de executar obras com responsabilidade econômica e social.

Obras de dragagem no porto do Rio de Janeiro
Fonte: O Petróleo

Referências:

MENEGAZZO, Luciano; PETTERINI, Francis. Maiores Navios no Mundo, mais um Desafio no Brasil: uma análise do Programa Nacional de Dragagem. Estud. Econ. , São Paulo, v. 48, n. 1, pág. 175-209, março de 2018. Disponível em:  <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-41612018000100175&lng=en&nrm=iso>. acesso em 07 de abril de 2021. 

Blog do Desenvolvimento; INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA NO BRASIL: MÉTODO PARA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS. Disponível em: https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/blogdodesenvolvimento/detalhe/Infraestrutura-portuaria-no-Brasil-metodo-para-avaliacao-de-investimentos/ Acesso em 07/04/2021.

ANDERSON, Alexis. NAVEGAÇÃO SEGURA E PORTOS EFICIENTES: Formação De Uma Empresa De Consultoria No Porto De Santos. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/11504/1/51400178.pdf Acesso em 07/04/2021.