segunda-feira, 4 de junho de 2018

Como ganhar dinheiro com furacões: Antimatéria como uma possível fonte de energia

Você iria voando até o olho de um furacão em seu pico de intensidade por R$18,6 trilhões? Apesar de parecer uma proposta extremamente perigosa, mas tentadora pelo valor monetário, essa é a realidade de um grupo de pesquisadores da University of Califórnia, Santa Cruz, com foco em antimatéria e física quântica, mas é claro sem envolver todo este dinheiro ainda.

O estudo da antimatéria foi possibilitado a partir de 1928, quando o físico teórico britânico Paul Dirac “corrigiu” a famosa equação de energia de Einstein, considerando que a energia poderia ser negativa e assim tornou possível a existência de pósitrons (elétrons com carga positiva). Dessa forma, antimatéria é o inverso da matéria, ou seja, é composta por antipartículas, partículas com as mesmas características, mas inversamente carregadas, que, ao entrarem em contato com a partícula “original” geram uma enorme quantidade de energia com 100% de rendimento! Para efeito de comparação, uma grama de antimatéria seria o suficiente para abastecer o sistema elétrico de New York por 24 horas! 

Mas se essa tal de antimatéria é tão poderosa, porque meu carro não pode ter ela como combustível? Provavelmente ela não custa mais que a gasolina hoje em dia! - Diria qualquer brasileiro durante a greve dos caminhoneiros.

Infelizmente uma grama de antimatéria, atualmente, custa aproximadamente R$18,6 trilhões para ser produzida e, nas palavras de Cláudio Lenz Cesar, integrante do Conselho Europeu de Pesquisas Nucleares (imenso acelerador de partículas aonde a antimatéria é produzida), gasta muito mais energia do que pode gerar. O motivo para este preço enorme, é que ela não é encontrada na Terra e o único jeito de tê-la é produzi-la. Pelo menos essa era a realidade até 2015.
  

Desacelerador de Antiprótons do CERN (Imagem: CERN)

O furacão Patricia foi um ciclone tropical de velocidade de ventos sem precedentes, seus ventos alcançaram incríveis 322 Km/h! Tanta força com certeza deve envolver muita energia. E de fato envolveu, outros furacões e fenômenos naturais de grande porte já haviam sido estudados por satélites e indicado certa emissão de Raios-X e Raios Gamma (raios que podem indicar a presença de antimatéria), contudo este em específico teve o NOAA's Hurricane Hunter, uma aeronave especialmente equipada para voar através de furacões, como carrasco. 


Aeronave: “Hurricane Hunter” (Imagem: NOAA)

Assim, um equipamento especialmente projetado para detectar a presença de pósitrons foi embarcado na aeronave, a qual “passeou” pelo olho do furacão durante seu período de pico de intensidade e, não tão inesperadamente para o mundo científico, detectou raios de pósitrons direcionados à Terra, o que antes não era possível já que apenas poderiam ser observados, por satélites, raios refletidos por ela.

Tal descoberta é de grande importância para a física teórica, pois comprova algumas previsões teóricas obtidas das observações com satélites, e também é para a engenharia, pois pode viabilizar o desenvolvimento de diferentes formas de produção de antimatéria, ou melhor dizendo, do seu armazenamento, para que, quem sabe um dia, esta venha a se tornar a tão requisitada forma de energia limpa que buscamos. Quem sabe um dia você possa então fazer sua própria jornada nas estrelas, vida longa e próspera leitores!


Protótipo de um foguete movido à antimatéria (Imagem: PGAPereira)

Fontes: