Desde 2009, ano em que o mundo recebeu a notícia de que o Brasil seria sede das Olimpíadas em 2016, os projetos de obras já iniciaram-se e com eles vieram as demandas de custeio e engenheiros. Mas quanto você pagou por este evento como um todo, podendo ou não prestigiá-lo no Rio de Janeiro?
Estádios, linhas de transportes, pontes de acesso e a construção da Vila Olímpica custaram cerca de 39 bilhões de reais, ultrapassando em 10 milhões o orçamento inicial. Tal discordância dos gastos deve-se ao acúmulo da inflação e aos problemas enfrentados pelos engenheiros e arquitetos durante a execução de seus projetos.
A Engenharia Civil exerce um papel fundamental para que as Olimpíadas aconteçam. É necessário pensar no evento como um todo, além das obras, da sistematização estratégica dos transportes e do tratamento da água envolta, quais serão os benefícios que ficarão para a comunidade depois do último jogo?
Desde o começo inúmeros problemas foram denunciados pelo mundo que estava com os olhos voltados para o Brasil. A exemplo disso temos a poluição extrema das águas do Brasil, que provocou febre, diarreia e vômito em muitos competidores. Dados da análise da água da Baía de Guanabara indicaram presença de vírus em uma escala de 1,7 milhão de vezes acima do considerado alarmante nas praias do sul da Califórnia, EUA. Pesquisadores e analistas compararam a qualidade das águas das praias a "esgotos puros" ou "águas semelhantes às africanas e indianas".
Em relação aos transportes, a ampliação do metrô representou a obra mais cara e atrasada dos Jogos Olímpicos, alcançando um valor de 8,4 bilhões de reais. Sem testes de segurança adequados, justamente pelo atraso nas obras, os metrôs circularam lotados e as rotas dificultaram o trânsito envolto. Taxistas garantiram-se com as inúmeras corridas, porém houveram inúmeras denúncias de cobranças abusivas de taxas. No Rio de Janeiro, cidade brasileira onde a população mais perde tempo para deslocar-se de casa para o trabalho, as obras olímpicas representaram grande avanço, mas há muito o que fazer para mudar o legado de mais de meio século.
Em uma visão global, as Olimpíadas apresentaram pontos negativos e positivos. Se por um lado o evento foi magnífico, com uma grande geração de empregos, melhorias nos transportes e vias, tratamento da água envolta, investimentos em esportes poucos reconhecidos no Brasil e investimentos em línguas estrangeiras, por outro o custo foi exorbitante e isso repercutirá diretamente nos investimentos necessários no Brasil e no aumento considerável de impostos. Em um balanço geral, temos os seguintes custos:
Arenas – R$ 7,07 bilhões (valor atualizado nesta sexta)
Legado – R$ 24,6 bilhões (estimativa de abril de 2015)
Comitê Rio-2016 – R$ 7,4 bilhões (valor atualizado em agosto de 2015)
CUSTO TOTAL – R$ 39,1 bilhões
Custo na candidatura – R$ 28,8 bilhões (em valores da época)
Custo da candidatura corrigido – R$ 44,39 bilhões (aproximado)
Custa da Copa de 2014 – R$ 27,1 bilhões
Custo de Londres-2012 – R$ 65,3 bilhões (câmbio atual)
Diante deste cenário, onde todos nós pagamos pelo evento, fica o questionamento se os engenheiros tiveram um senso crítico na projeção de toda infraestrutura construída. Vale a reflexão da crise econômica que estamos tentando superar há mais de anos e nos inúmeros déficits que nosso país apresenta, ainda sem solução. A foto abaixo mostra um muro construído separando o Complexo da Maré, da principal via de acesso dos turistas aos jogos. Qual é o verdadeiro significado das Olimpíadas para nós, brasileiros?