terça-feira, 21 de dezembro de 2021

APOSTILA TELHADO VERDE

    Tendo em vista em como o setor de construção civil utiliza em abundância recursos naturais, além de ser um dos principais responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa, optar por medidas sustentáveis é indispensável a fim de amenizar esses impactos ambientais. Pensando nisso, o grupo PET Civil UFPR elaborou um guia que aborda sobre uma dessas opções sustentáveis: o telhado verde. Nessa apostila, você encontrará um rebate histórico sobre o assunto, os tipos de telhado verde existentes e uma análise mais técnica do funcionamento de sua estrutura. Também, há uma reflexão final sobre suas principais vantagens, desvantagens, custo, manutenção e durabilidade. 


Clique no link a seguir para acessar a apostila. Boa leitura! 💚 
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Interseções em diamante divergente: confusas, mas seguras

 Por Gabriel Angelo Juc Dias

    A interseção em diamante divergente é um tipo de interseção em que os dois sentidos da rodovia se divergem durante a passagem do cruzamento existente na interseção. Ao ver um vídeo ou imagem desse tipo de dispositivo, é fácil notar que, a primeira vista, esse sistema parece ser muito caótico, mas esse conceito tem se difundido consideravelmente nos EUA e em alguns pontos da Europa, por reduzir pontos de conflito, ao fazer a inversão das faixas de tráfego. 

Interseção tipo diamante divergente em Minnesota, ganhadora de prêmios. Fonte: sehinc.com

    Antes de falarmos propriamente sobre essa interseção, vamos voltar um pouco atrás e falar das interseções comuns as quais estamos acostumados. Elas podem ser interseções que conectam rodovias a estradas que dão acesso à comunidades, vias arteriais ou coletoras, ou também podem fazer a interconexão de duas ou mais rodovias com grande volume de tráfego. 

    Uma interseção diamante simples, como na imagem abaixo, envolve quatro rampas, duas que saem e duas que entram na rodovia. 


Interseção tipo diamante simples. Fonte: Google Maps

    Já as interseções do tipo diamante divergente, propõe uma ideia diferente. Confusa ao início, essas interseções colocam o motorista para dirigir no sentido oposto da rodovia. Entretanto, uma vez que os motoristas aprendem a usá-la, o sistema traz maior segurança aos seus usuários, motoristas e pedestres. 

    Entre os benefícios nesse tipo de conceito, pode-se citar a diminuição dos pontos de conflito (de 26 para 14) entre os diferentes sentidos da pista, o menor espaço de implantação, maior distância de visibilidade nas curvas e cruzamentos de pedestres mais curtos, entre outros benefícios.

    O fluxo de tráfego é completamente diferente, pois nesse design é descartada a necessidade de realizar um cruzamento à esquerda, sendo que esse tipo de manobra faz parte das que mais podem causar acidentes e também lentidão no tráfego. Por outro lado, há a necessidade da instalação de semáforos para a inversão do fluxo. 

Como funciona o fluxo na interseção em diamante divergente. Fonte: omaha.com

    Vejo o caso da próxima interseção em Springfield, Missouri. Até o ano que de 2008 a interseção era do tipo diamante simples, todavia, acontecia de haver um enorme volume de veículos nas áreas em vermelho, gerando congestionamento e colocando pedestres e motoristas em risco.

Interseção em Springfield, Missouri, em 2008. Fonte: Google Earth

     A partir de 2009 e até os dias atuais, foi adotado o sistema de interseção em diamante divergente para esse cruzamento. O novo sistema diminui a quantidade de tempo em que o usuário fica parado, e as barreiras centrais eliminam as chances de acidentes de tráfego. 

    Um estudo realizado nessa interseção em específica constatou que houveram diminuição de acidentes em até 60%. 

Interseção em Springfield, Missouri, nos dias atuais. Fonte: Google Earth

    Para facilmente observar os benefícios de uma interseção assim, imagine um caminhão que deseja ir do ponto A até o ponto B. No sistema anterior, ele levaria mais tempo ao fazer o cruzamento, gerando mais congestionamento e diminuindo a visibilidade de outros usuários da pista. Já no sistema novo, o mesmo caminhão simplesmente pega a faixa da esquerda, sem correr o risco de causar infortúnios na pista.


Sistema anterior


Sistema novo
    
    O estudo sobre sistemas de tráfego são complicados, e não existem soluções mágicas para resolverem problemas diários e sim soluções muito bem pensadas e arquitetadas. Apesar desse tipo de interseção não ser uma realidade significante em nosso país, saber que ela vem funcionando em demais locais pode servir de incentivo aos engenheiros que trabalharão na solução dos problemas de tráfego.
    
    Nós recomendamos assistir esse vídeo, que serviu de inspiração para essa matéria, e veja como esse tipo de interseção pode salvar vidas. 

Referências

OZAKSFIRST. STUDY: DIVERGING DIAMONDS DECREASE CRASES IN SPRINGFIELD. Disponível em: https://www.ozarksfirst.com/local-news/study-diverging-diamonds-decrease-crashes-in-springfield//. Acesso em: 30/11/2021.

ANDRÉ PITA. INTERSEÇÕES TIPO DIAMANTE DIVERGENTE. Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/interse%C3%A7%C3%A3o-tipo-diamante-divergente-andr%C3%A9-pita. Acesso em: 30/11/2021.

AUSTINMCCONNEL. HOW DIVERGING DIAMONDS KEEP YOU FROM DYING. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A0sM6xVAY-A. Acesso em: 30/11/2021.

SEHINC. THE AMAZING WORLD OF: INTERCHANGE DESIGNS. Disponível em:     https://www.sehinc.com/news/amazing-world-interchange-designs. Acesso em: 30/11/2021.

 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A formação e a Avaliação voltadas para o Desenvolvimento de Competências

 Por Elvidio Gavassoni Neto

    O setor de Engenharia Civil está passando por modificações substanciais. Fatores como sustentabilidade, crise energética, transformação digital e mudanças climáticas criam uma demanda por uma mão de obra qualificada e preparada para lidar com tais desafios. Porém, nem sempre as estratégias, procedimentos, instrumentos, conteúdos e finalidades adotados correspondem aos critérios e fatores almejados nas abordagens de formação e avaliação acadêmicas. Uma abordagem que vai de encontro a tais requisitos baseia-se no desenvolvimento de competências. Ser competente caracteriza-se por, diante de um problema profissional, mobilizar os recursos, os comportamentos e os conhecimentos disponíveis e articulá-los para que seja possível tomar decisões e fazer encaminhamentos adequados e úteis ao enfrentamento da situação.

Operários trabalhando no projeto
Fonte: pixabay.com

      Apenas uma força de trabalho competente e qualificada pode realizar a transição da Engenharia Civil para as condições desafiadoras do futuro do setor. Em uma condição atual onde as fontes de conhecimento, incluindo o saber técnico, estão amplamente disponíveis é esperado que a trajetória de formação educativa desloque-se da tradicional abordagem baseada em conhecimentos e passe a ser expressa em competências, habilidades, conhecimentos e saberes fundamentais para o exercício criativo, social e técnico da profissão de engenheiro civil. Essas competências incluem não só competências técnicas, mas também aquelas do tipo socioemocionais indispensáveis na tomada de decisão, trabalho em grupo, colaboração intercultural e interdisciplinar.

    Como a avaliação é uma parte indispensável do processo formativo, a abordagem baseada em competências também se estende aos processos avaliativos na formação acadêmica. Há que se desenvolver processos avaliativos que consigam evidenciar a forma pela qual ocorre a articulação teoria e prática, bem como indicadores de como as competências foram exercitadas e adquiridas durante a formação universitária para averiguar a qualidade formativa dos futuros profissionais. Instrumentos avaliativos, principalmente os de resposta fechada, qualitativos ou quantitativos, como questionários, inquéritos, provas, testes, checklist, workshops, portfólios, memoriais e quizzes utilizadas na avaliação com abordagem voltada para verificação do conhecimento precisam ser substituídos por outros que se adequem ao desenvolvimento das competências pretendidas.

       A formação de profissionais de Engenharia Civil qualificados para enfrentar os desafios da transição que essa área enfrenta atualmente impõe grandes desafios. O enfrentamento desses desafios passa pela abordagem da formação e da avaliação baseadas no desenvolvimento de competências. Tais competências que são de várias naturezas e se estendem muito além das clássicas e indispensáveis habilidades técnicas incluindo o desenvolvimento de competências socioemocionais importantes para os profissionais do futuro.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Processo de demolição na construção civil

 Por Bruna dos Santos Bertini

    A construção civil é um dos setores da economia que se destaca no desenvolvimento das cidades e na geração de empregos, mas ao mesmo tempo gera uma grande quantidade de resíduos nos canteiros de obras. Estimativas indicam que pelo menos metade do entulho gerado nas cidades brasileiras é proveniente das construções, e estes podem ser de desperdícios na obra, reformas ou demolição.

    Os métodos construtivos vêm se tornando cada vez mais avançados e oferecendo cada vez mais alternativas que possibilitam a redução dos impactos ambientais. O maior tempo de duração das construções é um fator que vai de encontro com a necessidade dessa redução, uma vez que a sua demolição também é uma grande geradora de resíduos. A engenharia civil já ocupa um lugar de destaque na utilização de recursos naturais e é o setor que mais atinge negativamente o meio ambiente, porém, independente desse avanço dos métodos, todas as obras possuem o seu limite de vida útil, havendo a necessidade de serem demolidas depois desse período. Algumas vezes esse processo precisa ser antecipado e então ocorre antes do previsto. Demolição é a derrubada de obras, de edifícios, de forma controlada, podendo ocorrer por diversos fatores, entre eles demolição de obras com estrutura comprometida, renovação do espaço e construção de novas edificações no local.

 


Demolição de um prédio
Fonte: Da Vinci engenharia
 

Quais são os tipos de demolição? 

     Existem três tipos principais de demolição: manual, mecanizada e com explosivos.

    A demolição manual utiliza ferramentas manuais e é realizada em demolições que demandem mais cuidado com a estrutura. É considerado um tipo sustentável já que é possível reutilizar uma maior quantidade dos materiais gerados no processo.

    A demolição mecanizada envolve técnicas e procedimentos que utilizam equipamentos e ferramentas mecânicas para realizar o desmonte. Faz-se uso de máquinas pesadas de pequeno e médio porte. Esse modelo de demolição gera muito ruído e poeira, mas é realizado em um menor tempo e com uma equipe pequena de mão de obra, porém especializada.

   A demolição com o uso de explosivos tem por objetivo eliminar os principais elementos de apoio do prédio. Geralmente é utilizada na demolição de prédios altos e pontes.

 

Prédio sendo implodido na Escócia
Fonte: G1

Cuidados na hora de executar a demolição

    Alguns cuidados devem ser tomados antes do início do processo de demolição, como possuir o alvará de execução de demolição que deve ser solicitado à prefeitura, adquirir um seguro de responsabilidade e fazer vistorias nas construções vizinhas e relatório das condições das mesmas, para que se verifique quais eram os problemas já existentes.

    Já alguns procedimentos devem ser tomados na hora da desconstrução para garantir a segurança de todos, como manter a escada livre e somente demoli-la depois da retirada dos materiais dos pavimentos superiores, remover objetos pesados ou volumosos, remover entulhos, por gravidade, através de calhas fechadas, instalar plataformas de retenção de entulho e demolir as paredes antes da estrutura.

 

Destinação e reutilização dos resíduos

   A produção de resíduos da construção civil em grandes cidades é duas vezes maior que a produção de lixo urbano, por isso é muito importante que esses resíduos tenham um destino correto e possam ser reciclados, para que se evite ao máximo os impactos ambientais.

   Os entulhos não podem ser descartados de maneira convencional, por isso algumas cidades possuem pontos de recolhimento para serem destinados ao local correto. Outra opção é contratar uma empresa especializada no descarte correto desses materiais.

   Todo resíduo gerado no processo de construção, de reforma, escavação ou demolição, é considerado como Resíduo da Construção de Demolição (RDC) ou Resíduo da Construção Civil (RCC). Entulho são todos os restos ou fragmentos de materiais e a demolição por sua vez, gera somente fragmentos. Se os materiais forem coletados de forma correta, e estiverem limpos, é possível que 100% deles sejam reciclados.  A reciclagem de resíduos é uma alternativa sustentável para a destinação dos entulhos pois possui custos menores, possibilita o reaproveitamento de materiais que seriam descartados, além de contribuir para aliviar a pressão em aterros inertes, reduzir as chances de deposição em locais clandestinos e minimizar a extração de matéria-prima. Para tal, é preciso que haja no canteiro de obras uma área destinada à separação e acondicionamento dos materiais, depois há uma checagem para garantir que não há resíduos de outras classes, e por fim, britagem e peneiramento. Possíveis aplicações para o entulho processado são pavimentações de estradas rurais, calçadas, bancos de praça, blocos, enchimento de fundações, pisos e contrapisos, aterro de vias de acesso, argamassas de assentamento, entre várias outras.

 

Exemplificação de reciclagem de resíduos
Fonte: Graiche

         Em suma, a construção civil é responsável por causar grandes danos ao planeta, mas processos como a desconstrução são necessários apesar de seus danos. Num momento em que cada vez mais temos que nos alinhar com a sustentabilidade, é preciso que se vise reduzir a geração de resíduos e os impactos ao meio ambiente, além de promover a reciclagem sempre que possível. Se esses materiais forem manipulados e separados com cuidado e da maneira correta, podem ser reutilizados em outras construções e assim, atrelar construção civil com um desenvolvimento sustentável.

 

Referências

LOCADORA EQUILOC. DEMOLIÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: GUIA COMPLETO E DEFINITIVO. Disponível em: https://locadoraequiloc.com.br/blog/demolicao/. Acesso em: 02/11/2021.

DINADRILL. QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE DEMOLIÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL? Disponível em: https://www.dinadrill.com.br/noticia/quais-os-principais-tipos-de-demolicao-na-construcao-civil. Acesso em: 02/11/2021.

VGR. O QUE FAZER COM OS ENTULHOS GERADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL? Disponível em: https://www.vgresiduos.com.br/blog/o-que-fazer-com-os-entulhos-gerados-na-construcao-civil/. Acesso em: 04/11/2021.

DEMOLIDORA SOLUM. DESCARTE DE RESÍDUOS DE DEMOLIÇÃO: É POSSÍVEL RECICLAR? Disponível em:     https://www.demolidorasolum.com.br/blog/descarte-de-residuos-de-demolicao/. Acesso em: 04/11/2021.

 

sábado, 30 de outubro de 2021

Tokyo 2020: a sustentabilidade de mãos dadas com a engenharia

 Por Rafael Moia Apolonio

As Olimpíadas originaram-se por volta do século VIII a.C., no contexto da antiga Hélade, isto é, o conjunto das cidades-estado da Grécia Clássica. A realização dos jogos ocorria na cidade de Olímpia - por isso o nome “Olimpíadas” - para onde os cidadãos das outras cidades peregrinavam a fim de participarem das competições. E, desde então, uma série de adaptações ocorreram para que esse evento de proporções mundiais se adequasse aos padrões de uma sociedade em constante comutação. Entretanto, pode-se afirmar que nos anos hodiernos as construções vinham sendo realizadas de forma pouco ambientalmente consciente e, dessa forma, cada vez mais urgia a necessidade de uma ação ativa e responsável dos projetos de engenharia. Nesse contexto, pode-se notar na prática sua importância, principalmente em se tratando das Olimpíadas de Tóquio.


IOC Sustainability Strategy
Fonte: Comitê Olímpico Internacional

Segundo parâmetros estabelecidos por Martin Müller no artigo “An evaluation of the sustainability of the Olympic Games” publicado na revista Nature, devido às grandes proporções e abrangência dos jogos olímpicos, esse evento impacta fortemente o meio ambiente e a sociedade como um todo. Dessa forma, o artigo classificou algumas vertentes da sustentabilidade através de pontuações que variam entre 0 e 100, podendo-se, assim, mensurar o quão ecologicamente corretos foram os eventos passados. Nesse contexto, pode-se concluir que a Rio 2016 (29 pontos) e Sochi 2014 (24 pontos) foram as piores entre os anos de 1992 à 2020, enquanto Tokyo 2020 encontrou-se na faixa dos 35 pontos. Ademais, é válido ressaltar que mesmo as organizações mais bem classificadas, como a de Salt Lake City com 71 pontos, ainda não atingiram o patamar ecológico e o baixo impacto ambiental desejados.


Definição e modelo conceitual de sustentabilidade nos Jogos Olímpicos
Fonte: An avaluation of the Olympic Games
 

No que se refere a organização do evento pelo Comitê Olímpico Internacional (IOC) enquanto Owner of the Olimpic Games (tradução literal de “Donos do Jogos Olímpicos”), é importante mencionar que algumas alterações foram necessárias devido à pandemia do COVID-19. Na prática, isso pode ser evidenciado através de medidas como a racionalização dos serviços de transporte, reduções na aparência dos jogos nas instalações e na vila olímpica e paralímpica,  otimização das operações de revezamento da tocha olímpica, mudanças nas atividades dos espectadores nos locais de competição, dentre várias outras.

Reduzir, reutilizar e reciclar

Visando um evento mais limpo e sustentável, a engenharia por trás de Tokyo 2020 revelou sua importância pautada na conscientização ambiental e homenagem respeitosa à cultura japonesa. Para isso, apenas 8 novos locais de competição foram construídos do zero, havendo um bom reaproveitamento de construções antigas (principalmente no referente à Olimpíada ocorrida em 1964). O arquiteto e urbanista Kenzo Tange foi de fundamental importância para que isso fosse possível, uma vez que ele já estaria envolvido na construção da Arena Olímpica no evento anterior, por exemplo. Nas palavras de Tange: “Eu quero, de qualquer forma, que meus edifícios estejam livres do rótulo de ‘tradicional’ ”.

 


Arena Olímpica
Fonte: Kenzo Tange
 

Muito também foi realizado pela organização sobre a recuperação de materiais, dos quais se pode mencionar as quase 79.000 toneladas de smartphones e outros equipamentos eletrônicos doados pelo público japonês - conhecidos como “minas urbanas” - que foram usados ​​para fazer as 5.000 medalhas olímpicas e paralímpicas. Além disso, a tocha olímpica foi produzida com resíduos de alumínio de uma caixa temporária construída após o terremoto de 2011 e, até mesmo as camisetas e calças usadas pelos portadores da tocha, eram feitas de garrafas plásticas recicladas coletadas pela empresa Coca-Cola.

Além do carbono neutro

Segundo o relatório apresentado pelo “IOC News”, além das 25 construções adaptadas do evento anterior em Tóquio e dos 8 novos locais, outros 10 foram levantados de modo provisório com as “mãos dadas” à engenharia no que se refere ao uso de avaçadas tecnologias construtivas, minimizando custos de construção e uso energético. Nesse cenário, menciona-se também que a maior parte da energia utilizada veio de fontes renováveis, incluindo painéis solares e energia de biomassa de madeira, que usou resíduos de construção e aparas de árvores no Japão para produzir eletricidade. Como forma de comprovação, pode-se exemplificar através do renomado Ariake Urban Sports Park, o qual é totalmente movido por eletricidade solar renovável produzida em Fukushima (palco do desastroso terremoto em 2011).



Arena do skate e BMX: Ariake Urban Sports Park
Fonte: Ge.Globo
 

Muito se é dito quanto à parte da Tokyo 2020 que não utilizou recursos energéticos renováveis, entretanto, onde não o foi possível, contemplou-se certificados de energia verde para compensar o uso de eletricidade não renovável. Ademais, os jogos contaram com a compensação mais do que neutra de carbono, a qual cobriu todas as emissões diretas e indiretas, incluindo transporte e construção que, segundo o Programa de Limitação e Comércio de Carbono do Japão, os créditos do poluente compensaram cerca de 720.000 toneladas de CO2 que seriam emitidos para que se realizassem os quatro dias das Cerimônias de Abertura e Encerramento Olímpico e Paraolímpico.

Construindo para o futuro

As duas principais zonas olímpicas - a Heritage Zone e a Tokyo Bay Zone - foram projetadas para construir o melhor do passado para um futuro sustentável. A primeira reaproveita vários locais icônicos usados ​​nos Jogos de Tóquio de 1964, incluindo o local de tênis de mesa no Tokyo Metropolitan Gymnasium e o mundialmente famoso Nippon Budokan. Já o novo Estádio Nacional do Japão - sede das Cerimônias de Abertura e Encerramento - incorpora beirais gigantes para permitir que a brisa refrescante circule livremente (os beirais, uma característica da arquitetura tradicional japonesa, são projetados para usar vento natural em vez de ar condicionado).

 


Nippon Budokan
Fonte: Numen Arquitetura

 


Arena de Saitama
Fonte: Numen Arquitetura

Em contraste, a ultramoderna Tokyo Bay Zone é um modelo de desenvolvimento urbano inovador que irá revitalizar a orla marítima de Tóquio, com melhor transporte e acesso à área da baía. Entre os 16 locais está o Tokyo Aquatics Center, que pode ajustar o comprimento e a profundidade de suas piscinas movendo pisos e paredes, além de ser alimentado por energia solar e ter seu calor remanejado ao solo. De forma paralela, a Vila Olímpica - presente na intersecção das duas zonas - fica em um terreno recuperado e a matriz energética usada pela instalação foi gerada com hidrogênio usando células à combustível de hidrogênio puro (é dito que após os jogos a Vila será transformada em apartamentos, escola, lojas e outras instalações movidos à hidrogênio).

Em suma, pode-se concluir a importância da conscientização ambiental atrelada ao processo construtivo de obras de engenharia, principalmente em se tratando de imponentes construções das quais impactam grandemente o meio ambiente. Em um cenário em que a sustentabilidade estava sendo preterida, Tokyo 2020 reviveu a importante responsabilidade social e ambiental de se sediar um evento com essas proporções, escancarando a força do antigo provérbio indígena “Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro.”


Referências

TANGE, Kenzo. OLYMPIC ARENA. Disponível em: http://www.greatbuildings.com/buildings/Olympic_Arena.html. Acesso em: 20/10/2021.

Numen Arquitetura. A ARQUITETURA DAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO. Disponível em:
https://www.numenarquitetura.com/post/a-arquitetura-das-olimp%C3%ADadas-de-t%C3%B3quio. Acesso em: 20/10/2021.

Redação GQ. JOGOS OLÍMPICOS ESTÃO FICANDO MENOS SUSTENTÁVEIS DESDE 2002, DIZ ESTUDO. Disponível em: https://gq.globo.com/um-so-planeta/noticia/2021/07/jogos-olimpicos-menos-sustentaveis.html. Acesso em: 20/10/2021.

MÜLLER, Martin. AN EVALUATION OF THE SUSTAINABILITY OF THE OLYMPIC GAMES. Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41893-021-00696-5. Acesso em: 24/10/2021.

Association of National Olympic Committees. TOKYO 2020 PUBLISHES UPDATE TO SUSTAINABILITY PRE-GAMES REPORT. Disponível em: https://www.anocolympic.org/olympic-movement/tokyo-2020-publishes-update-to-sustainability-pre-games-report/. Acesso em: 24/10/2021.

International Olympic Committee.
ALL YOU NEED TO KNOW ABOUT TOKYO 2020 SUSTAINABILITY. Disponível em: https://olympics.com/ioc/news/all-you-need-to-know-about-tokyo-2020-sustainability. Acesso em: 25/10/2021.

International Olympic Committee. ANNUAL REPORT 2020. Disponível em: https://stillmed.olympics.com/media/Documents/International-Olympic-Committee/Annual-report/IOC-Annual-Report-2020.pdf. Acesso em: 25/10/2021.

TAGLIANI, Simone. OLIMPÍADAS 2021-2021: CONHEÇA UM POUCO DA ARQUITETURA DESTE EVENTO TÃO AGUARDADO. Disponível em: https://engenharia360.com/as-principais-arquiteturas-das-olimpiadas-2020-2021/. Acesso em: 25/10/2021.

DILLON, Lorena. CONHEÇA ONDE O SKATE FARÁ ESTREIA NAS OIMPÍADAS: ARIAKE URBAN SPORTS PARK. Disponível em:  https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/conheca-onde-o-skate-fara-estreia-nas-olimpiadas-ariake-urban-sports-park.ghtml. Acesso em: 25/10/2021.

 

 

 

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Veneza: A Poética Cidade Construída Sobre as Águas

 Por Braulio Eduardo Pscheidt Duffeck

A cidade de Veneza, localizada na região do Vêneto, no nordeste italiano, é uma das rotas turísticas mais requintadas da atualidade, estando presente no subconsciente imaginário de muitas pessoas como um destino romântico e sofisticado onde passeios de barco através dos diversos canais que interligam a cidade simbolizam o fascínio do local.

Entremeio a tantos encantos presentes na magnífica Veneza, destacam-se as grandiosas obras de engenharia responsáveis por conectar o conjunto de 118 ilhas venezianas pelas mais de 400 pontes que transpõe os canais da cidade, possibilitando assim a ocupação de áreas anteriormente inóspitas devido aos esforços em conter a ação cíclica das marés sobre o território veneziano. 



Ilhas de Veneza vistas por satélite.
Fonte: Daily Overview
 

Contexto histórico e a engenharia por trás da construção de Veneza

Os processos de ocupação e de construção da cidade de Veneza estão diretamente interligados com o contexto histórico da Itália no século V, sendo estes impulsionados pela queda do Império Romano do Ocidente, fato que estabeleceu as condições necessárias para o desenvolvimento do nordeste italiano, onde ficam localizadas as ilhas de Veneza.

Com o fim do Império Romano em 476 d.C., os povos bárbaros dominaram o continente europeu de forma súbita, cercando diversos territórios que estavam localizados próximos à sua extensão. A população do norte da Itália foi uma das mais atingidas pela ascensão dos bárbaros, estando ameaçada por diversos exércitos que avançavam da Ásia e do sul, como os lombardos e os eslavos.

Perante o contexto citado, os povos do norte italiano buscaram refúgio em regiões isoladas e de difícil acesso do continente europeu, onde o risco de ataques e invasões por parte de outros exércitos seria minimizado. O local escolhido para tal finalidade foi o conjunto de ilhas situadas à beira do Mar Adriático, uma área de pequena extensão territorial que sofria constantes inundações com a ação das marés, onde futuramente seria a cidade de Veneza.

O avanço das construções sobre as águas não era uma tarefa simples, pois demandava um grande senso de inovação por parte dos povos da época. O solo pantanoso e as poucas áreas de terra firme criavam vários entraves para a construção das estruturas em Veneza. Para edificar suas casas, os construtores da época adotaram uma técnica de recuperação do terreno que consistia na delimitação de um trecho através da conexão de várias ilhas pelo estaqueamento de toras de madeira muito próximas umas às outras. Com o terreno delimitado, a água que estava na superfície era drenada, permitindo assim que a construção pudesse ser erguida.

 


Processo de recuperação do terreno pantanoso de Veneza.
Fonte: ArchDaily
 

Além de todas as dificuldades encontradas no processo de drenagem da água na superfície das ilhas, ainda era necessário construir uma fundação resistente para a edificação, pois devido ao fato do solo da região ser pantanoso e instável, a estrutura corria sérios riscos de ceder e afundar. A solução adotada para este problema se deu através da fixação de diversos troncos de madeira no solo, que alcançavam o fundo do canal até uma profundidade média de 5 metros. A partir disso, quando a madeira entrava em contato com o “caranto” (mistura de areia e argila), aliada à ausência de oxigênio no fundo do canal, ocorria uma reação química de fossilização que deixava sua estrutura altamente resistente, tornando-a capaz de sustentar a edificação.

Acima dos troncos de fundação também era assentada uma camada dupla de placas de madeira, que realizava o nivelamento do terreno e auxiliava os construtores a distribuir os carregamentos da obra. Essa camada de madeira recebia ainda o reforço de grandes blocos de pedra ístria, para auxiliar na impermeabilização do terreno, tendo em vista que era comum ocorrer mudanças repentinas no nível da água.

Foram necessários anos de prática para que os italianos consolidassem o domínio de todas essas técnicas construtivas, e a partir do século XIII, Veneza já monopolizava o comércio no Mediterrâneo e a ligação com o continente asiático. Todavia, com a descoberta de uma nova rota mais lucrativa para a Ásia, a cidade acabou perdendo seu status de potência e foi dominada por outras nações.

A Veneza moderna

Em termos de infraestrutura urbana, os sistemas elétrico e hidráulico que integram a cidade estão localizados logo abaixo da superfície das calçadas, as quais são constituídas por pedras trachite. A conexão entre esses sistemas ocorre através das pontes que unem as ilhas de Veneza, permitindo que até mesmo os pontos mais remotos da região tenham acesso a eles. Já o sistema de esgoto caracteriza-se pelo uso de fossas sépticas e galerias para a condução dos resíduos aos rios e canais da cidade.

Desde sua construção até a atualidade, Veneza enfrenta os severos efeitos das marés. Nos meses de inverno a maré alta chega a ser constante no dia a dia do venezianos, e como não é possível transitar de carro pela cidade, os moradores são obrigados a realizar suas tarefas com o auxílio de meios de transporte alternativos. A logística da cidade também é muito afetada por conta da limitação dos modais de transporte, o que acaba aumentando subitamente o preço dos produtos comercializados na região.

Todas essas limitações decorrentes da falta de acessibilidade e da infraestrutura restringida pelas questões geográficas da região acabam elevando significativamente o custo de vida em Veneza. Devido à isso, muitos moradores acabam deixando a cidade em busca de locais economicamente mais vantajosos para morar, o que vem despertando cada vez mais o interesse de investidores internacionais na compra de imóveis para a instalação de hotéis e resorts na região, comprovando o grande potencial turístico que está por trás da cativante cidade de Veneza.

Em síntese, todos os obstáculos encontrados pelos venezianos ao longo da construção de sua história contribuíram para o crescimento e a consolidação da cidade de Veneza. Sua relação com a água e a necessidade de domá-la fizeram com que Veneza se transformasse em uma potência turística global, onde a arquitetura antiga e a modernidade transitam juntas em um ambiente romântico e encantador, criando o cenário ideal para o desenrolar de uma arrebatadora história de amor ou até mesmo de uma sofisticada taça de vinho no pôr do sol.

 
Punta della Dogana, Veneza
Fonte: ArchDaily

 

Referências

ARCHDAILY. Cidade versus água: entenda como Veneza foi construída. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/908233/cidade-versus-agua-entenda-como-veneza-foi-construida>. Acesso em: 08/09/2021.

SUPER INTERESSANTE. Como e quando foi construída a cidade de Veneza? Disponível em: < https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-quando-foi-construida-a-cidade-de-veneza/>. Acesso em 08/09/2021.

ITALIA PER AMORE. Como Veneza foi construída? Disponível em: <http://italiaperamore.com/como-veneza-foi-construida/>. Acesso em 09/09/2021.

ANCIENT ORIGINS. The construction of Venice, the Floating City. Disponível em: <https://www.ancient-origins.net/ancient-places-europe/construction-venice-floating-city-001750>. Acesso em: 09/09/2021.

UNESCO. Venice and its Lagoon. Disponível em: <https://whc.unesco.org/en/list/394>. Acesso em: 09/09/2021.

 

 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A Estrutura para Instalação do Sistema Fotovoltaico

 Por Karoline Guedes de Souza

Na constante busca por fontes de energia alternativas, uma opção que tem ganhado força nos últimos anos é a energia solar fotovoltaica, a qual converte a radiação solar em energia elétrica. O sistema fotovoltaico básico instalado em residências e comércios é composto basicamente por inversor, controlador de carga e placas fotovoltaicas normalmente fixas nos telhados das edificações.

Dentre as suas vantagens destaca-se as questões ambientais, a economia na fatura de energia, o retorno do investimento, entre outras. Devido a estes benefícios, a instalação de sistemas fotovoltaicos nos telhados das edificações brasileiras apresenta um vigoroso crescimento, entretanto, alguns problemas estruturais nas edificações e até mesmo a variedade nos tipos de telhado dificultam a difusão desta tecnologia no país. 


Estrutura de fixação de painel solar fotovoltaico para lajes de concreto
Fonte: Portal Solar

Reforços na estrutura

Tendo em vista que muitas vezes os telhados e as estruturas não foram projetados ou executados da forma a receber a carga adicional dos painéis solares, em alguns casos, é necessário fazer reforços na estrutura, ou procurar por soluções alternativas

Em geral, os custos com os reforços estruturais não ultrapassam 5% do investimento com o sistema fotovoltaico, estendendo o tempo de payback (tempo de retorno do investimento) em no máximo dois ou três meses. O prazo para a execução do reforço também não é longo, podendo ser realizado em algumas semanas. Deste modo, a realização do reforço estrutural, quando necessário, não inviabiliza o projeto fotovoltaico.

Os reforços mais comuns empregados para a instalação dos painéis são: a construção de novos pilares, afim de uma melhor distribuição dos esforços; reforços nas terças e nas tesouras do telhado, fixando um tubo ou viga paralela por todo comprimento da terça, tal fixação pode ser por meio de parafusos ou soldagem, um exemplo desse reforço pode ser percebido na figura a seguir.

 

Exemplo de reforço realizado nas terças de um telado de estruturas metálicas
Fonte: Canal Solar

Em alguns casos é possível prosseguir com a instalação sem realizar esses reforços, para isso, é necessário atentar-se a uma distribuição dos painéis em pontos que irão aguentar essas cargas adicionais. De todo modo, a realização do cálculo estrutural é fundamental e indispensável.
 

Suportes de fixação para painel fotovoltaico

Após os reforços necessários na estrutura, parte-se para a instalação dos suportes dos painéis, os quais servem para fixar e assegurar a posição correta dos módulos, nesta etapa é crucial focar na qualidade e ficar atento se esta irá suportar os ventos da região.

Na maior parte das vezes os suportes de fixação são de alumínio ou aço inoxidável visando a fácil maneabilidade do material e a estendida vida útil do produto. Na maioria das vezes são formadas por ganchos de fixação, parafusos estruturais e auto brocantes, grampos intermediários/finais e perfis de alumínio. Em alguns tipos de estruturas são utilizados itens adicionais, como no caso do telhado metálico, onde é preciso fazer a vedação usando materiais como Espuma EPDM.

Também é notório algumas distinções no processo de fixação, como por exemplo, nos telhados de fibrocimento e metálico o suporte é perfurado por cima da telha ou chapa metálica (figura abaixo) e já nos telhados romanos, é necessário retirar as telhas para fixar o suporte no caibro de madeira do telhado, o que demanda mais tempo e dinheiro.

A estrutura de fixação é de extrema importância e está ligada diretamente com a otimização da produção de energia, portanto, é preciso procurar pela que melhor atende o projeto e que dure no mínimo 25 anos, afim de evitar gastos com uma possível troca, o que inviabilizaria o investimento.

Estrutura de fixação de painel fotovoltaico para coberturas com telhas de fibrocimento (Eternit)
Fonte: Portal Solar

Por fim, é necessário tratar os reforços na estrutura e o suporte dos painéis como uma parte importante da instalação, já que são a base do sistema. A decisão não deve ser precipitada e deve contar com ajuda de pessoas qualificadas que entendem do assunto. Com isso, a instalação dos painéis fotovoltaicos pode ocorrer de forma segura e eficaz.

Referências

CANAL SOLAR. Reforço estrutural para a instalação de sistemas fotovoltaicos. Disponível em: https://canalsolar.com.br/reforco-estrutural-para-instalacao-de-sistemas-fotovoltaicos/. Acesso em: 10/08/2021.

GETPOWER SOLAR. Estrutura De Fixação Para Painel Fotovoltaico. Disponível em: https://getpowersolar.com.br/blog/estrutura-de-fixacao-painel-fotovoltaico/. Acesso em: 11/08/2021.

PORTAL SOLAR. Guia Rápido: Estrutura de Suporte para Fixação de Painel Solar Fotovoltaico. Disponível em: https://www.portalsolar.com.br/guia-rapido-estrutura-de-suporte-para-fixacao-de-painel-solar-fotovoltaico.html. Acesso em: 10/08/2021.

RODRIGUES, Fabio Nomachi; KNIESS, Claudia Terezinha; VITORIANO, Pedro Henrique Gorayeb; RUIZ, Mauro Silva. Desenvolvimento de um suporte alternativo de placas fotovoltaicas para telhados com diversos tipos de telhas cerâmicas. Disponível em: http://www.singep.org.br/6singep/resultado/319.pdf.  Acesso em: 11/08/2021.

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Piscina "flutuante" conecta prédios de luxo em Londres

 Por Matheus Silva Campos

A Sky Pool, também conhecida como piscina do céu, foi inaugurada recentemente, no dia 19 de maio de 2021. Está localizada em Embassy Gardens, um empreendimento residencial em Nine Elms, na região sudoeste de Londres.

A primeira piscina “flutuante” do mundo está no 10º andar dos dois prédios, a 35 metros de altura e foi construída utilizando acrílico transparente. Os moradores poderão passar de um bloco para o outro nadando, e sentirão como se estivessem em um aquário flutuando sobre a cidade.

Em 2013, na fase de planejamento, as equipes criativas da EcoWorld Ballymore se reuniram para discutir onde posicionar a piscina, de forma que ela fique ao ar livre no projeto. Chegaram à conclusão de que o único espaço grande o suficiente era entre as duas construções. A partir disso, uma ideia maluca foi introduzida, a piscina não deveria ser no solo, mas suspensa na cobertura, ligando os dois prédios.

 


Projeto
Fonte: ArchitecturalDigest 

Os engenheiros estruturais Eckersley O’Callaghan e HAL Architects realizaram múltiplas análises comportamentais para garantir que a estrutura não desabasse. A Sky Pool tem 25 metros de comprimento (que se estende pelos dois telhados), 5 metros de largura e 14 metros de seção central entre os dois edifícios. As laterais de acrílico têm 20 cm de espessura, a laje inferior 30 cm e 3,2 metros de profundidade. Ao todo, a estrutura pesa 50 toneladas e tem capacidade para comportar 148 mil litros de água. No restante da piscina foi utilizado aço de alta resistência, que tem por finalidade, absorver as tensões da seção central, uma vez que o acrílico se expande com as mudanças de temperatura e os prédios se moverão naturalmente devido ao vento e às diferentes fundações.

Enquanto ambas as extremidades se assemelham a uma piscina exterior tradicional (preenchendo uma cavidade no solo), a seção central está suspensa no céu, graças a sua estrutura de aço invisível.


Vista superior
Fonte: Hypeness

Os setores de aço foram fabricados pela BradFord Products, na Carolina do Norte. Já as três lajes de acrílico que formam uma caixa de vidro transparente, foram construídas no Colorado. Após serem transportadas para Londres, as placas foram içadas e posicionadas no lugar correto, unidas quimicamente e conectadas a base de aço.

A ideia foi expandir os limites da construção e da engenharia, trazendo o futuro do design para o presente. Segundo o engenheiro estrutural Eckersley: “Quando você nadar, você poderá olhar diretamente para baixo. Será como voar”.

 


Vista inferior
Fonte: ArchitecturalDigest

 

Referências

G1 GLOBO. PISCINA TRANSPARENTE SUSPENSA LIGA PRÉDIOS DE LUXO EM LONDRES. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/04/23/piscina-suspensa-liga-predios-em-londres-fotos.ghtml/. Acesso em: 12/07/2021.

FOLHA DE S.PAULO. PISCINA DE FUNDO TRANSPARENTE LIGA PRÉDIOS A 35 METROS DE ALTURA EM LONDRES. Disponível em: https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2021/04/piscina-de-fundo-transparente-liga-predios-a-35-metros-de-altura-em-londres.shtml/. Acesso em: 12/07/2021.

UOL. PISCINA "FLUTUANTE" A 35 METROS DO CHÃO LIGA PRÉDIOS EM LONDRES.  Disponível em: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2021/04/23/londrinos-podem-nadar-entre-predios-em-piscina-voadora-veja-fotos.htm/. Acesso em: 12/07/2021. 

TNH1. ARRISCARIA UM MERGULHO? PISCINA TRANSPARENTE SUSPENSA LIGA PRÉDIOS DE LUXO EM LONDRES. Disponível em: https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/arriscaria-um-mergulho-piscina-transparente-suspensa-liga-predios-de-luxo-em-londres/. Acesso em: 13/07/2021.

HYPENESS. PISCINA TRANSPARENTE COM MAIS DE 30 METROS DE ALTURA VIRA ‘PASSARELA’ ENTRE PRÉDIOS. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2020/11/piscina-transparente-com-mais-de-30-metros-de-altura-vira-passarela-entre-predios/. Acesso em: 14/07/2021.

ARCHITECTURALDIGEST. SUSPENDED 115 FEET IN THE AIR, THE WORLD’S FIRST FLOATING POOL IS UNVEILED IN LONDON. Disponível em: https://www.architecturaldigest.com/story/sky-pool/. Acesso em: 14/07/2021.

REVISTA PAINEL POLITICO. PISCINA TRANSPARENTE SUSPENSA A 10 ANDARES, LIGA PRÉDIOS DE LUXO EM LONDRES. Disponível em: https://revista.painelpolitico.com/piscina-transparente-suspensa-a-10-andares-liga-predios-de-luxo-em-londres/. Acesso em: 15/07/2021.

FUTUROLOGY. LONDON’S "FLOATING" SKY POOL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=L-6hJ2pbrTs/. Acesso em: 15/07/2021.