segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Participação do PET Engenharia Civil UFPR na XIII Jornada Paranaense dos Grupos PET


Por Nathany Cilli de Oliveira

A XIII Jornada Paranaense dos Grupos PET (JOPARPET) aconteceu entre os dias 15 e 17/11/2019, sediado pela Universidade Estadual de Maringá, em Maringá-PR, e teve como tema: “O papel do PET na defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”. O evento contou com 300 congressistas, e o PET Engenharia Civil da UFPR foi representado por 5 PETianos, sendo 4 membros atuais e 1 egresso.
Integrantes do PET Engenharia Civil UFPR
Fonte: Autor
A XIII JOPARPET, que traz momentos de discussões e interações entre diversos grupos PET do Paraná, tinha como objetivo principal discutir o papel do Programa em defesa das universidades, mostrando como podemos impactar positivamente através das nossas atividades no mundo acadêmico.
As atividades começaram na sexta-feira (15) logo após o credenciamento e o almoço, com participação em oficinas de temas diversos como: plantas medicinais, cuidados aromáticos, Currículo Lattes, a abertura oficial do evento, palestras e um espaço para o MobilizaPET, entre outros. No dia seguinte (16), houveram os Grupos de discussão e trabalho (GDT), espaço onde os PETianos têm de opinar e gerar sugestões ou encaminhamentos sobre os temas discutidos e levados para a Assembleia Geral do evento. Alguns dos PETianos tiveram a oportunidade de coordenar os GDTs, dentre eles: Gabriel Henrique Simões Yagnycz coordenou sobre “Resistência PETiana na garantia da horizontalidade do Programa”; Murilo Ferreira Primo coordenou sobre “Resistência PETiana no aperfeiçoamento do processo de selão e avaliação interna”; e Nathany Cilli de Oliveira coordenou sobre “Resistência PETiana na indissociabilidade da tríade”.
Na parte da tarde do sábado (16) houveram outras atividades de suma importância nos eventos PET. Primeiramente, aconteceu a Mostra de Trabalhos em banners, onde o nosso grupo apresentou sobre dois temas: “BIM: uma análise da grade curricular do curso de Engenharia Civil da UFPR”, apresentado por Natalia Marcarini Simionato e Nathany Cilli Oliveira e “Metodologia de projeto aplicada ao planejamento anual do PET Engenharia Civil da UFPR”, apresentado pelos PETianos Gabriel Henrique Simões Yagnycz e Gabriel Paula Soares Gomes de Souza.
Apresentação de trabalhos em Banner
Fonte: Autor

Apresentação de trabalhos em Banner
Fonte: Autor

            Houve também o Encontro por Atividades, espaço destinado para uma roda de conversa e trocas de experiências dos diversos grupos PET sobre assuntos determinados. Assuntos sobre evasão acadêmica, saúde mental, garantia da horizontalidade do Programa e sobre a atuação PETiana em defesa das universidades. Posteriormente, no mesmo dia (16), aconteceu o Encontro de tutores/petianos, mais um espaço destinado a troca de experiências e conhecimento sobre as características de cada grupo, em busca de um bem comum que é a continuidade do Programa.
No último dia de evento (17) aconteceu a Assembleia Geral, finalizando as atividades da JOPARPET. Foram discutidos todos os encaminhamentos e sugestões vindos dos Grupos de discussão e trabalho tendo decidido muitas ações que os grupos PET devem fazer após a ata oficial do evento e outros que serão levados aos próximos eventos PET. 

Foto oficial do evento
Fonte: Organização da XIII Jornada Paranaense dos Grupos PET

Ainda há muito para se discutir sobre o Programa, por isso é de extrema importância a participação e continuidade dos eventos – JOPARPET, SULPET e ENAPET-. Agradecemos a Comissão Organizadora do XIII JOPARPET por nos proporcionar um evento de tal valia e engrandecimento a todos os participantes e também pela confiança na ajuda da coordenação dos Grupos de discussão e trabalho.
A candidatura do XIV JOPARPET ocorreu no último dia do evento, e será sediado em Londrina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
terça-feira, 19 de novembro de 2019

Construções modulares: nova área da construção civil


Por Dennis Sanchez, discente do PET

            A indústria da construção civil é certamente uma das mais tradicionais, mesmo assim, não deixa de apresentar várias dificuldades. Certamente, um dos desafios enfrentados é o fato de a indústria não ser fixa, ou seja, ela se desloca de acordo com o produto. Por outro lado surge uma alternativa que ameniza o problema e busca facilitar o processo construtivo. As construções modulares.

O novo método deixa de levar a construção até o terreno, assim a construção dos módulos ocorre em uma indústria, em um ambiente controlado, com mão de obra especializada. Os pré fabricados são posteriormente transportados ao local de obra, a qual será montada, ao juntar as unidades. 

Construção de módulos em uma fábrica em Nova Iorque
Fonte: archpaper.com

 Essa nova forma de construir além de moderna e eficiente, provou ser mais sustentável, pois reduz o desperdício de materiais em até um terço, e dependendo do sistema construtivo utilizado, pode ser reciclada ao fim de sua vida útil. Tudo isso garantindo a qualidade do produto final, cujo desempenho é pré testado e garantido. O processo de construção também é mais inteligente devido à utilização do BIM (Building Information Modeling, que permite uma melhor visualização de diversos sistemas, auxiliando a evitar erros e reduzir custos.

Através dos pré fabricados também é possível estimar melhor a duração de cada obra, visto que a construção deixa de depender de fatores climáticos, impedindo as chuvas de influenciarem os prazos. Além de mais previsíveis, os prazos também diminuem de 30% a 50%, pois a construção pode ocorrer enquanto ainda está sendo realizada a fundação da obra.

O arranha-céu Mini Sky City, construído na China, é um prédio com 57 andares, 800 apartamentos e escritórios para aproximadamente 4000 pessoas. O edifício foi construído em apenas 19 dias pela empresa Broad Sustainable Building, usando o método de construções modulares, além de ter estrutura à prova de terremotos. Ao longo de 5 meses foram fabricados 2736 módulos, antes que a construção começasse. O Mini Sky City é oficialmente o segundo prédio construído mais rápido do mundo. 

Arranha-céu Mini Sky City em Changsha, China
Fonte: europe.arcelormittal.com

Nos Estados Unidos o mercado também é mais desenvolvido, e oferece inclusive dois tipos de construção,  permanentes e realocáveis. A primeira é mais comum hoje e dia, já a segunda permite ressignificação da obra múltiplas vezes, sendo possível o transporte e reutilização do pré fabricado. Esses tipos de construção são mais comuns em plantas de vendas, clínicas, escritórios em canteiros, pois em sua maioria são construções temporárias.

Construção modular realocável, central de transmissões ESPN para a USTA
Fonte: triumphmodular.com

A construção modular é uma área que certamente vem ganhando espaço no mercado, que vai se desenvolver ainda mais, já está se consolidando em alguns países e chega aos poucos ao Brasil. Os pré- fabricados, inovadores em vários sentidos, parecem ser o futuro.

Referências

NAKAMURA, Juliana. Construção modular: o que ela pode fazer por sua construtora?. Disponivel em: https://www.buildin.com.br/construcao-modular/. Acesso em 12/11/2019

Acontece IMOB. Construções modulares, uma tendência para a indústria da construção em 2017. Disponível em: http://www.aconteceimobi.com/3/construcoes-modulares. Acesso em 11/11/2019

Modular Building Institute. What is Modular construction. Disponível em: https://www.modular.org/HtmlPage.aspx?name=why_modular. Acesso em 12/11/2019

Época Negócios. China constrói prédio de 57 andares em apenas 19 dias. Época Negócios, 2015. Disponível em https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2015/05/china-constroi-predio-de-57-andares-em-apenas-19-dias.html. Acesso em: 14/11/2019

Whitley man case studies. ESPN Modular Solution to the U.S. Open. Disponível em http://whitleyman.com/casestudies/Office-Buildings/ESPN-Modular-Solution-to-the-U-S-Open. Acesso em: 14/11/2019
sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Nova Central Geradora de Energia gera metade da demanda de energia elétrica no Parque Barigui

Por Maurício Gonçalves, discente do PET


O Parque Barigui inaugurou, no início de outubro, a Central Geradora Hidrelétrica(CGH) Nicolau Klüppel. Seu nome é em homenagem ao engenheiro Nicolau Imthom Klüppel, Engenheiro Civil especializado em saneamento, idealizador de vários parques na cidade de Curitiba, como o próprio Barigui, que dentre outros fins, evitam enchentes na capital paranaense. A CGH gera energia que pode suprir metade da demanda energética do parque, o equivalente ao consumo de 135 residências médias com famílias de 4 pessoas. O Parafuso de Arquimedes, girando de forma invertida, movido pela água, movimenta as turbinas, gerando a energia elétrica para o parque. O Parque Barigui se torna assim, símbolo de energia limpa para Curitiba.

Prefeito Rafael Greca e Secretária Marilza Dias na Inauguração da Central Geradora Hidrelétrica CGH Nicolau Kluppel no vertedouro do Parque Barigui.
Foto: Daniel Castellano; Fonte:https://www.curitiba.pr.gov.br

O planejamento de Nicolau Klüppel para Curitiba

            Nicolau Imthom Kluppel foi um Engenheiro Civil formado na Universidade Federal do Paraná, que trabalhou por mais de 30 anos na prefeitura de Curitiba. Atuou como assessor técnico do prefeito, como Secretário Municipal de Saneamento e na IPPUC(Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). 
Klüppel era conhecido por encontrar soluções inteligentes e que pareciam impossíveis. Encabeçou o planejamento de parques na cidade, aproveitando vales, transformando rios estreitos lá presentes em lagos, como é o caso do Barigui. Eram assim construídos parques que, além de fornecer área verde e lazer para o curitibano, inundam em períodos muito chuvosos, evitando a inundação de áreas urbanas ao redor. Além do parque Barigui, surgiram outros, como o São Lourenço, Tingui, Tanguá, Regional do Iguaçu e Passaúna.
            Outra jogada do engenheiro foi a ideia de “lixo que não é lixo”, incentivando a população a separar o lixo orgânico do reciclável. Isso facilitou muito a reciclagem e a separação dos detritos. Apesar de os prefeitos terem abandonado esta campanha nos últimos anos, isto virou um hábito para a população. Essa campanha foi retomada apenas pelo atual prefeito, Rafael Greca, que na troca de lixo, fornece alimentos para a população carente.
            Nicolau Kluppel faleceu em 19 de setembro de 2016, aos 86 anos de idade. As contribuições de Nicolau foram vitais para a cidade de Curitiba, com seus resultados evidentes nos dias de hoje.

Iniciativa e etapas da construção

            O PET conversou com o assessor de energias renováveis do prefeito, Adilson Marin, para saber os detalhes e motivações da construção da usina. 
Segundo ele, a ideia surgiu com a bandeira ecológica levantada pelo prefeito Rafael Greca, que busca energias renováveis para a capital paranaense, como os painéis solares que foram instalados na prefeitura. Com isto, a ABRAPCH (Associação Brasileira de Centrais Hidrelétricas) doou para a prefeitura o projeto e os equipamentos necessários para a construção da CGH, não havendo custos para a prefeitura.
            Ainda segundo a assessor, a escolha do Parafuso de Arquimedes foi através do estudo de variáveis do local como a velocidade do rio e a altura da queda de água, percebendo-se assim, a melhor solução de geração de energia limpa no rio. Foi comentado também sobre o maior empecilho para a obra, que foi o tempo chuvoso de Curitiba, o que não é novidade para a cidade.
            A manutenção é muito simples. Consiste apenas em lubrificar o eixo e checar o motor, numa frequência aproximada de 4 em 4 meses, semelhante a como é feito nos chafarizes curitibanos.

Em outubro, Parque Barigui terá mini usina hidrelétrica para gerar a própria energia.  Foto: Daniel Castellano / SMCS
A CGH sendo instalada no parque.
Foto: Daniel Castellano; Fonte:https://www.curitiba.pr.gov.br

O princípio do Parafuso de Arquimedes

            O parafuso de Arquimedes é um mecanismo utilizado para o transporte de líquidos ou granéis de um local mais baixo para um mais alto. Sua invenção é atribuída ao filósofo e matemático grego Arquimedes. Porém, estima-se que poderia ser utilizado há mais tempo no Egito, para a irrigação do delta do Nilo, na Babilônia e também pelos romanos.
O parafuso é inserido em um tubo cilíndrico oco, num plano inclinado, de preferência entre 30 e 45 graus. Ele pode ser rodado manualmente, por um moinho, ou por um motor elétrico, como é atualmente. A extremidade inferior fica imersa no material a ser transportado, e à medida que gira leva-o para cima.
Para o caso de geração de energia, a rosca é instalada de forma inversa. Então, ao invés de se gastar energia girando-a, ela gera energia, com o sentido do fluxo do rio fazendo o parafuso girar.
No Parque Barigui, esta CGH possui velocidade de operação de 30 rotações por minuto, e vazão de 2000 litros de água por segundo. Ao todo, é gerada uma energia equivalente a 21.600 MWh(megawatts hora), o que equivale ao consumo de 135 residências médias, e metade do consumo energético do parque.
Funcionamento do parafuso de Arquimedes para a geração de energia
Fonte:https://linkdigital.ifsc.edu.br

Referências:

ZARUCH, Júlio. Nicolau Klüppel, o homem das águas e das histórias em polaquês Disponível em: http://www.juliozaruch.com.br/nicolau-kluppel-o-homem-das-aguas-e-das-historias-em-polaques. Acesso em: 22/10/2019

CGH Nicolau Kluppel começa a funcionar no Parque Barigui Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/cgh-nicolau-kluppel-comeca-a-funcionar-no-parque-barigui/53005. Acesso em: 26/10/2019

Parafuso de Arquimedes  Disponível em : 
http://www.geocities.ws/saladefisica7/funciona/arquimedes.html. Acesso em: 29/10/2019

Mini hidrelétrica do Parque Barigui será inaugurada nesta sexta-feira. Disponível em: https://www.bemparana.com.br/noticia/mini-hidreletrica-do-parque-barigui-sera-inaugurada-na-sexta. Acesso em: 29/10/2019

CGH Nicolau Klüppel, no Parque Barigui, será inaugurada dia 4 de outubro Disponível em: https://abrapch.org.br/2019/09/18/cgh-nicolau-kluppel-no-parque-barigui-sera-inaugurada-dia-4-de-outubro/. Acesso em: 23/10/2019
sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Participação do PET Engenharia Civil UFPR no XLVII Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia


Por Letícia Wan-Dall Gonçalves

No período de 17 a 20 de setembro de 2019, o PET Engenharia Civil da UFPR marcou presença no XLVII Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE) (figura 1). Organizado pela Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE), o evento acontece anualmente e tem como foco a educação em engenharia. A edição de 2019 aconteceu na cidade de Fortaleza, Ceará, e contou com a organização da Faculdade Ari de Sá e da Universidade Federal do Ceará .

O COBENGE é o mais importante fórum de discussão sobre a formação e o exercício profissional em Engenharia no Brasil. Vem sendo realizado pela ABENGE desde 1973, e tem como missão produzir mudanças necessárias para a melhoria da qualidade do ensino de graduação e pós-graduação em engenharia e tecnologia no Brasil, contribuindo decisivamente para a formação de profissionais cada vez mais qualificados e capacitados que levem desenvolvimento e tecnologia a todos os pontos do país pelos benefícios que a engenharia pode proporcionar a toda população. O COBENGE vem, nos últimos anos, debatendo filosofias e paradigmas do processo de ensino e aprendizagem de Engenharia e Tecnologia. A Engenharia é uma área intimamente ligada à atualização contínua e à busca por inovações. (ABENGE, 2019)


Nesta matéria, relatamos com detalhes como foi a participação do PET Engenharia Civil UFPR no evento e qual foi o impacto que essa vivência trouxe aos congressistas.


Figura 1 - Crachá do XLVII COBENGE
Fonte: A autora, 2019
Dia 1 (17/09):
Visita ao PET Civil UFC: Existem 16 grupos PET de Engenharia Civil espalhados por todo o Brasil. Em abril deste ano, conhecemos e reencontramos vários deles no VI CONPET Civil (Congresso Nacional dos Grupos PET Engenharia Civil), em Porto Alegre/RS, dentre eles o PET Civil da UFC (Universidade Federal do Ceará). Mantivemos o contato, e o pessoal convidou-nos para conhecer a sede deles em nossa passagem por Fortaleza. Eu, Letícia, compareci à cerimônia de abertura da CPM (Concurso de Pontes de Macarrão) que eles promovem na Semana Acadêmica de Engenharia Civil da UFC (figura 2). Além do nosso grupo, compareceram os grupos PET Civil da UFRR, UFPA e UFJF (figura 3). A ponte de macarrão deles aguentou 136 kg! Foi um evento muito bacana e que nos inspirou com algumas ideias para a nossa Competição de Pontes de Papel.

Figuras 2 e 3 - Concurso de Pontes de Macarrão da UFC
Fonte: A autora, 2019

Conheci também a sala do PET Civil UFC, semelhante à nossa sala que fica no CESEC (figuras 4 e 5). O PET deles, assim como o nosso, surgiu na época do Programa Especial de Treinamento, e uma das coisas que mais me chamou atenção foi a placa homenagem de 25 anos deles, que continha a seguinte frase: "O maior legado do PET são os PETianos" (figura 6).

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Figuras 4, 5 e 6 - Sala do PET Civil UFC
Fonte: A autora, 2019
Eles mostraram pra gente o portfólio do IV CONPET Civil, realizado lá em Fortaleza, e havia uma foto do III CONPET, que aconteceu aqui em Curitiba em 2016 (figuras 7 e 8). Foi muito divertido ver as lembranças desse evento tão importante que aconteceu aqui mesmo na nossa universidade e os rostinhos dos PETianos egressos nas fotos!

Figuras 7 e 8 - Portfólio do IV CONPET CIVIL
Fonte: A autora, 2019
Fórum de estudantes: Este encontro foi organizado pela ABENGE Estudantil. Fiquei contente ao saber que existiam espaços direcionados aos estudantes no congresso (figuras 9 e 10). O pessoal falou sobre as novas Diretrizes Curriculares Nacionais e a proposta de colocar o estudante como protagonista do aprendizado, a falta de soft skills (comunicação, proatividade, etc) nos estudantes de engenharia, metodologias inovadoras para o ensino de engenharia, etc.
Figuras 9 e 10 - Fórum estudantil
Fonte: A autora, 2019
O pessoal da ABENGE Estudantil organizou rodas de conversa com engenheiros formados (figura 11), com atuações bem distintas entre si. Formamos seis grupos e foi feito um rodízio dos mediadores. Houve uma troca de ideias, falamos sobre a profissão e o papel social do engenheiro. O mais interessante é que cada um dos mediadores havia seguido uma carreira diferente, alguns no meio corporativo, outros na indústria, e outros na academia. Foi muito enriquecedor conhecer os caminhos percorridos por cada um para chegar onde estão hoje.

Figura 11 - Rodas de conversa com engenheiros
Fonte: A autora, 2019
Dia 2 (18/09):
Reunião das organizações estudantis (PET, EJs, etc): Entende-se por organização estudantil os movimentos que os discentes fazem fora da sala de aula a fim de adquirir uma formação mais ampla, como as empresas juniores, centros acadêmicos, atléticas, programas de extensão e o próprio PET, entre outros (figura 12). O intuito deste momento era que as organizações estudantis presentes se conhecessem entre si, descobrindo o que têm em comum e criando uma rede de apoio e contato. Primeiro formamos uma roda com os alunos presentes (figura 13) e todos se apresentaram. Tinha gente da graduação e da pós, alguns alunos do PET, das EJs, tinha alguns projetos diferentes como o ENG200 da UFMG e o Escritório Público BÁKÓ da UFBA. Tinha um pró-reitor de graduação lá também. Em seguida fizemos uma discussão sobre a importância dessas iniciativas estudantis na formação cidadã, no desenvolvimento pessoal e profissional e as contribuições para a universidade e sociedade. Levantaram um ponto bem interessante lá, que foi o desafio em fazer parte dessas organizações estudando a noite e/ou tendo que trabalhar, o que precisa ser trabalhado para garantir a acessibilidade de todos a esses espaços. Ressaltamos a importância de as organizações se comunicarem entre si, e constatamos que o mais legal de ir num congresso desses é deixar um pedacinho da sua vida e levar um pedacinho da vida das outras pessoas.

Figuras 12 e 13 - Reunião das Organizações Estudantis
Fonte: A autora, 2019
Apresentação de trabalho (Engenharia para Dummies): O PET Engenharia Civil UFPR publicou no COBENGE o artigo intitulado “Introdução do jargão da engenharia para recém ingressos no curso de engenharia civil da UFPR”, em que escrevemos sobre o projeto Engenharia para Dummies, lançado neste ano de 2019 (figuras 14 e 15). Alguns professores de Introdução à Engenharia de universidades de todo o Brasil vieram assistir a apresentação do trabalho, o que gerou uma troca de experiências muito interessante durante as perguntas. O trabalho foi muito elogiado pela simplicidade e relevância e troquei contato com algumas pessoas que se interessaram em levar o Dummies, como chamamos carinhosamente, para suas instituições de ensino.
Figuras 14 e 15 - Apresentação de trabalhos: Engenharia para Dummies
Fonte: A autora, 2019
Na mesma sessão de apresentação, a UFSC de Joinville apresentou o Núcleo de Estudos em Terceira Idade, um projeto lindo. Situado no centro das engenharias mais diferentes de Santa Catarina, como Engenharia Aeroespacial e Engenharia Naval, o projeto buscava despertar nos estudantes do Centro Tecnológico de Joinville a formação cidadã e o cuidado com o próximo. Assisti alguns outros trabalhos no evento, dentre eles o do Grupo de Estudos em Geotecnia aqui da UFPR e do PET Civil do CEFET-MG. Assisti também uma sessão dirigida (sessão de 1:45 com trabalhos sobre o mesmo tema) que falava do papel do estudante na construção da própria formação. Gostei muito das iniciativas que conheci por lá. Você pode conferir o artigo publicado pelo PET Civil UFPR sobre o Engenharia para Dummies clicando aqui.
Assembleia estudantil: momento para definir a nova estrutura e votar na nova gestão do braço estudantil da ABENGE (Associação Brasileira de Educação em Engenharia, a organização que organiza o COBENGE) (figura 16).

Figura 16 - Assembleia Estudantil
Fonte: A autora, 2019
Dia 3 (19/09):
O COBENGE sempre conta com algumas atividades extras durante o evento, como minicursos e visitas técnicas. Neste dia à tarde fui pra uma visita técnica no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), um dos maiores do Brasil (CEARÁ, 2019). O porto inova sendo um dos únicos portos offshore do país - ou seja, parte da estrutura do porto fica em alto mar! Durante o passeio, nós não podíamos sair do ônibus, visto que havia operação de maquinário pesado e era perigoso. No final, podemos sair em uma área demarcada para observar de perto e tirar fotos (figura 17). Vi um navio gigante daqueles que a gente aprende em Sistemas de Transportes. Fiquei impressionada com a engenharia e a beleza do local. Você pode conferir mais informações sobre o CIPP clicando aqui.

Figura 17 - Visita técnica ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém
Fonte: A autora, 2019

Dia 4 (20/09):
Esse dia começou com uma plenária sobre acessibilidade. Os palestrantes e todos que falaram posteriormente se apresentaram sem o microfone e com descrição de suas características, para ajudar os deficientes visuais - essa é uma iniciativa que havíamos conhecido no VI CONPET, que é muito importante. Na mesa estava o Prof. Valinote, engenheiro civil e cadeirante, que falou sob a perspectiva da PCD (Pessoa Com Deficiência) e como eles se sentem com a questão, e falou do papel do engenheiro na garantia da acessibilidade (figuras 18 e 19).

Figuras 18 e 19 - Plenária sobre Acessibilidade
Fonte: A autora, 2019
Depois foi a fala do Hugo Porto, da prefeitura de Fortaleza e Ministério Público, que contou alguns casos que viu em sua passagem no cargo, como caso do estádio do Castelão em Fortaleza, reformado para a Copa do Mundo de 2014 e que, apesar de ser padrão FIFA, não cumpria o mínimo das normas de acessibilidade, e falou sobre como o poder público e a sociedade devem lidar com as PCDs. Também abordou acessibilidade em incêndios, na universidade e acessibilidade pedagógica, questão que eu não havia parado para pensar. Depois foi o Prof Jorge Brandão, do Departamento de Matemática da UFC, que explicou como uma experiência ensinando cálculo para PCDs mudou o olhar dele sobre a questão e o fez melhorar muito como professor, também ressaltou a importância da empatia nos processos de aprendizado. Ficou então a pergunta: o que nós como instituições de ensino estamos fazendo para garantir a acessibilidade física e pedagógica para os que usufruem desse espaço?
Depois do almoço, participei do minicurso sobre Escrita em Gênero Neutro. Me interessei pelo tema logo que vi o anúncio do curso, visto que essa questão tinha sido levantada na reunião de organização do XXV Encontro Nacional dos Grupos PET da semana anterior. Foi ministrado pela Alice Lima Rocha, graduanda em Eng. Civil pela UFBA e participante do BÁKÓ Escritório Público que comentei acima (figura 20). Discutimos sobre feminismo e gênero e como a linguagem é o reflexo da nossa sociedade. Aprendi sobre história, cultura, sociologia e comunicação não-violenta. Trouxe algumas dicas pro pessoal da Comissão Anti-Opressões do ENA, como usar "gênero" ao invés de "sexo" nas inscrições. Aprendi também que devemos usar uma linguagem sem gênero sempre que possível (substituir dos/das por de, falar discentes e docentes ao invés de alunos e professores, usar mais as formas verbais), e que não é recomendado usar "e" ou "x" no lugar de o/a, pois prejudica a leitura para cegos por exemplo - o que traria uma acessibilidade em detrimento da outra. No final do curso, a Alice falou que teve esse despertar porque fez uma disciplina eletiva do Departamento de Ciências Sociais sobre estudo de gênero. Seria muito interessante se esse tipo de conteúdo fosse trazido para mais perto dos estudantes do Centro Politécnico da UFPR.

Figura 21 - Minicurso Escrita em Gênero Neutro
Fonte: A autora, 2019
Por fim aconteceu a plenária de encerramento, com o balanço do evento e as premiações (figura 22). Não ganhei nenhum prêmio, mas o tanto que aprendi e cresci nesses 4 dias pra mim valeram muito mais.

Figura 22 - Plenária de encerramento
Fonte: A autora, 2019

A participação no Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia superou todas as minhas expectativas e foi uma das melhores experiências que já vivi como graduanda. Tenho certeza de que sou uma pessoa melhor e serei uma engenheira melhor no futuro após essa vivência.
Fica aqui o convite aos discentes e docentes de engenharia da UFPR para participar da próxima edição do evento. Em 2020, o XLVIII COBENGE acontecerá na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul - espero que a maior proximidade torne possível a participação de mais pessoas aqui da UFPR.
Agradecimentos especiais ao Prof. Gavassoni, tutor do PET Civil UFPR, que apresentou o evento ao grupo e incentivou a gente a escrever o artigo pro COBENGE; e ao Gabriel Yagnycz, discente do PET Civil UFPR, que escreveu o artigo conosco.
REFERÊNCIAS
ABENGE. XLVII Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia. Disponivel em: <http://www.abenge.org.br/>. Acesso em 15 out 2019.
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. CIPP - Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Disponivel em: . Acesso em 15 out 2019.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Influência do Planejamento Urbano

Por Cibelle Prado, discente do PET

As cidades começaram a se desenvolver em larga escala a partir da Revolução Industrial, quando a necessidade de mão de obra na indústria passou a ser maior que a do campo, concentrando a população nos centros urbanos, praticamente desprovidos de políticas urbanizadoras.
Assim, em um processo rápido, desconsiderando o conforto de toda a população e consequências ambientais, as áreas urbanas cresceram sem controle e conexão, criando numa mesma cidade, ao longo dos anos, regiões com características distintas. Isso fez com que essas cidades excedessem o “tamanho ideal”, resultando em problemas econômicos que se refletem, por exemplo, no tempo de transporte dos trabalhadores e no abastecimento de água. Somado a isso, os principais empregos não são facilmente difundidos para outras regiões de uma cidade, causando um inchamento urbano na área central, o que degrada o estilo de vida da população e culmina na geração de periferias desassistidas e de difícil administração.
Uma solução é a irradiação de algumas atividades para cidades menores, distribuindo as oportunidades e atraindo o fluxo migratório para elas. Contudo, ainda haveria pessoas migrando para as metrópoles, motivadas pela esperança de uma melhor condição de vida, fazendo com que elas passem a viver, muitas vezes, em condições mais críticas do que as anteriores à migração, pois não há suficiente oferta de oportunidades.
Apesar disso, mesmo que uma cidade surja espontaneamente, ela pode ser beneficiada com um planejamento tardio, melhorando os meios de transporte, o tratamento do lixo e do esgoto e o acesso às escolas, à saúde e ao comércio, por meio do zoneamento (planos diretores) e aprimoramento de serviços públicos.
Porém, quando uma cidade já está estabelecida e sua região central saturada, inicia-se a procura de novas localidades para o estabelecimento de moradias e outros investimentos, como comércios e empresas de prestação de serviços, para atender a demanda. Tais localidades, ainda assim, tendem a não se distanciar do centro e buscam beneficiar uma população com maior capital, introduzindo o problema da Gentrificação, que atrai os maiores investimentos de desenvolvimento em detrimento de outros locais.

Brasília

A atual capital do Brasil não conseguiu ter o seu crescimento previsto nem mesmo por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que projetaram uma cidade para 500.000 habitantes em 1960, já pensando a longo prazo.

Mapa do Plano Piloto de Brasília
Fonte: wbrasilia.com

Muitos trabalhadores migraram de outras regiões do país para a construção da cidade e assim, ao término da obra, começaram a se concentrar ao redor da capital, atraindo outros migrantes e criando as cidades-satélite, o que gerou um crescimento populacional desenfreado.
Assim, sem um planejamento contínuo, que acompanha o desenvolvimento da cidade e antecipa possíveis problemas, há uma situação completamente oposta à de Brasília, com condições extremamente desfavoráveis, a poucos quilômetros dali. Esse é o caso da comunidade Sol Nascente, uma das maiores da América Latina, que não possui acesso à infraestrutura básica.
Em 2019, Brasília tem um total de 3 milhões de habitantes, sendo a terceira maior cidade do Brasil, número que, quando somado à população da região metropolitana, chega a quase 4,5 milhões de pessoas.

Mapa interativo do Distrito Federal
Fonte: g1.globo.com

No mapa acima, a área vermelha representa ocupação habitacional proibida e a em amarelo a invasão de uma área ambiental pelo condomínio Quintas da Alvorada. Esse é o resultado do povoamento nos arredores de Brasília, o qual ocorreu sem preocupação com o meio ambiente ou qualidade de vida da população.

Gentrificação

A gentrificação é um processo urbano caracterizado pelo aumento do valor de um terreno, devido a investimentos públicos ou privados na região em que ele se encontra. Podendo ser chamado de “processo de encarecimento da vida”.
Quando uma cidade está se desenvolvendo e há a procura por locais que sejam mais baratos para um novo empreendimento, as zonas ao redor do centro são as mais procuradas.
Os novos moradores trazem consigo o seu estilo de vida, gerando o interesse do setor privado na área. A construção de prédios residenciais e comerciais de alto padrão atraem mais investimentos para a região, onde os investidores buscam localizações com potencial de valorização, assim trazendo novos mercados, restaurantes e condomínios fechados, por exemplo, de forma a suprir a demanda por variedade de produtos e boa acessibilidade. Deste modo, uma região inteira se torna atrativa para determinadas pessoas e acessível para poucos. Isso resulta em um maior custo de vida, prejudicando os antigos residentes da região, que acabam vendendo seus imóveis e migrando para regiões marginalizadas ou, então, com o encerramento de atividades comerciais tradicionais da região.

O contraste entre os moradores, antigos e novos, e seu estilo de vida.
Fonte: conceitos.com.

Alguns especialistas consideram a gentrificação algo benéfico, pela atração de investimentos e pela melhoria de regiões degradadas, porém não há como deixar de lado o aumento da desigualdade, a segregação nas cidades e as consequentes expulsões. Esses problemas necessitam ser evitados através de políticas públicas que combatam às diferenças e deem incentivos à educação, além de dar auxílio às famílias prejudicadas, impedindo que mais pessoas migrem para áreas com pouca infraestrutura.

Referências

TONON, Rafael. Como a especulação imobiliária altera a cidade. Disponível em: . Acesso em 19/09/2019.
HONORATO, Ludmila e BERALDO, Paulo. Ótimo plano, péssimo planejamento: os desafios de Brasília após 57 anos. Disponível em: . Acesso em 27/09/2019.
DINO, Daniela. Brasília: 57 anos de cidade, 60 anos do projeto. Disponível em: . Acesso em 27/09/2019.
COSTA, Emmanuel. O que é Gentrificação e por que você deveria se preocupar com isso. Disponível em: . Acesso em 19/09/2019.
PACHECO, Priscilla. Como o planejamento urbano influencia nosso dia a dia. Disponível em: . Acesso em: 19/09/2019.
RODRIGUES, Mateus. Governo lança mapa interativo do DF com dados de geografia e população. Disponível em: . Acesso em 27/09/2019.
ALCÂNTARA, Maurício Fernandes de. 2018. Gentrificação. In: Enciclopédia de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia. Disponível em: . Acesso em: 26/09/2019.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019
terça-feira, 3 de setembro de 2019

A universidade está nos preparando para o mercado?


Por Alexandre Wolf e Fernando Scheffer

Você provavelmente entrou na universidade pensando em uma boa preparação profissional, certo? Conhecer uma área, se especializar nela e sair tendo as competências certas para se destacar no mercado é o desejo da maior parte dos estudantes. Mas será que a universidade está cumprindo esse papel?

A educação tem inúmeros objetivos, sendo o mais importante, para a maioria das pessoas, a preparação profissional. Em todo o mundo, o modelo padrão para atender a essas necessidades de educação profissional é o mesmo: cursos formais e regulamentados de longa duração em que o aluno deve cumprir determinada carga horária de disciplinas para obter um diploma – as faculdades. Para diversas carreiras, entre elas as de engenharia, essa solução é a única – e obrigatória – opção.

No entanto, e apesar do enorme investimento de tempo, energia e dinheiro por parte de milhões de pessoas cursando faculdades e outros cursos profissionalizantes, está cada vez mais em evidência o fato de que o sistema de educação superior atual não cumpre totalmente seu objetivo principal.

Vários estudos mostram que, cada vez mais, estudantes não possuem as habilidades e conhecimentos necessários para atuar no mercado. Um relatório da consultoria McKinsey & Company apontou que há uma grande diferença entre as habilidades que as empresas precisam e a disponibilidade dessas habilidades no mercado, fato que contribui, em vários países e áreas de atuação, para a existência simultânea de desemprego e vagas não preenchidas.

Essas lacunas entre a preparação dos estudantes e as necessidades das empresas e dos clientes é um fenômeno mundial, conhecido como skill gaps. E a tendência, no contexto da chamada quarta revolução industrial, é que esses gaps fiquem ainda maiores. Como resume o relatório:

“Empregadores, instituições educacionais e os jovens vivem em universos paralelos”.

Entre as principais razões para essa desconexão estão os currículos mal estruturados e uso de metodologias de ensino inadequadas, sem nenhuma personalização.

Apesar da diversidade ilimitada de interesses e de objetivos individuais, o sistema atual oferece uma gama limitada de soluções e alternativas educacionais. As pessoas aprendem de diferentes maneiras e têm diferentes necessidades, mas todo o sistema de educação atual é desenhado para padronização.

Além do fato de obrigar os estudantes a cursar disciplinas que não são do seu interesse ou não são diretamente ligadas aos seus objetivos, a maneira como são estruturados os cursos apresenta uma lógica fragmentada, em que não se aprende a resolver de forma completa um problema real.

Toda essa falta de alinhamento entre conteúdos e metodologias e os objetivos profissionais de cada estudante fatalmente resulta em ineficiências e desperdícios de tempo e de recursos financeiros.

Para se ter uma ideia, de acordo com dados do próprio MEC, um aluno de universidade federal chega a custar R$ 4 mil por mês. Um curso de Engenharia Civil, que dura 60 meses, custa portanto R$ 240 mil.

E mesmo com todo o investimento e tempo despendidos, numa era de mudanças cada vez mais velozes, estamos fazendo cursos ineficientes, em formatos não muito diferentes daqueles utilizados 50 anos atrás.

Levando em consideração todo esse contexto e tendo como objetivos ouvir as opiniões dos clientes do curso de Engenharia Civil da UFPR, foi realizada no primeiro semestre desse ano a aplicação de um questionário online. O questionário buscou entender suas necessidades e objetivos de carreira relativos ao produto educacional a eles ofertados, e os resultados são apresentados a seguir.


Resultados da pesquisa

Foram coletadas ao todo 121 respostas válidas para o questionário. De maneira geral, conforme mostra a figura abaixo, as metodologias de ensino foram muito mal avaliadas. Dos participantes, 82% consideraram elas inadequadas, 48% acreditam que vão usar pouco do que estudaram e 39% tiveram a percepção de que do total da carga horária em que estiveram em sala ao longo dos anos, a maior parte não gerou aprendizagem útil para suas vidas.

Resultados das questões sobre a satisfação geral com o ensino
Fonte: Os Autores

Também foram exploradas perguntas relativas à percepção em termos de preparação e aprendizagem em áreas específicas. Grande parte das pessoas respondentes, que em sua maioria estão em final de curso e até mesmo formadas, declarou que não se sente preparada para exercer atividades básicas da construção civil, como projetar e gerenciar uma obra.

Além disso, 88% dos entrevistados consideraram não ter aprendido sobre a área de incorporação e mercado imobiliário. Apesar de ser parte da prática profissional de muitos dos engenheiros, o tema não é aprofundado em nenhuma disciplina no curso de Engenharia Civil da UFPR.


Resultados das questões sobre capacitação em construção civil
Fonte: Os Autores

Quando questionados sobre os fatores mais importantes num curso de formação profissional, a capacitação direcionada para o mercado foi escolhida por 93% dos participantes, o contato com colegas por 64% e o networking com profissionais e empresas por 61%.

Por fim, as áreas em que os participantes têm maior interesse de estudar ainda em 2019 são ‘Incorporação e Mercado Imobiliário’ e ‘BIM e Projetos Complementares’, ambas escolhidas por metade dos entrevistados.


Resultados das questões de múltipla escolha do questionário
Fonte: Os Autores


O futuro da educação superior

Levando em consideração os resultados do questionário, bem como todo o contexto acima apresentado, conclui-se que mudanças na maneira pela qual se preparam os profissionais do profissionais do futuro são essenciais.

A solução não é simplesmente aplicar uma nova metodologia em sala de aula ou pedir mais investimentos, mas sim construir novos sistemas de aprendizagem.

Clayton Christensen, professor de Harvard mundialmente conhecido por sua teoria da Inovação Disruptiva, acredita que o modelo de negócios das universidades atuais não se sustentará, e que a tendência é que a educação seja transformada por novos entrantes. Peter Drucker, um dos maiores nomes da administração moderna, chegou a dizer, em 1997:

“Daqui a 30 anos, os grandes campi universitários serão relíquias. As universidades não vão sobreviver”.

Evidentemente, a velocidade da mudança está bem menor que a imaginada por ele. Isso porque é muito difícil prever quando e como exatamente se darão as transformações no setor. Inclusive, hoje discutem-se vários possíveis cenários.


5 possíveis cenários para o mercado da Educação em 2030
Fonte: Holon IQ

Existem inúmeras startups e instituições nacionais e internacionais propondo novas alternativas e soluções educacionais, com cursos de curta ou média duração, sejam eles online, presenciais ou mesmo híbridos entre os dois.

O desafio é descobrir quais serão os melhores formatos educacionais e os modelos de negócio mais bem sucedidos. O que determinará essas respostas é a constante busca por parte dessas empresas educacionais em satisfazer as necessidades dos seus clientes ao longo do tempo.

O que se pode afirmar com segurança é que apenas instituições que de fato oferecerem uma experiência educacional valorosa e útil aos estudantes, com duração e custos competitivos, irão sobreviver.

Pode-se também dizer que além disso, o modelo de educação do futuro precisa ser centrado no estudante, ou ao menos dar a ele maior autonomia nas escolhas. Deveriam existir tipos diferentes de escola para cada tipo de demanda.

Portanto, se houverem mudanças estruturais, que envolvam uma combinação de modelos de negócio inovadores, uso inteligente da tecnologia, currículos mais assertivos e livre concorrência entre sistemas, poderemos ter consideráveis reduções no preço e duração dos cursos.

E o mais importante: maior customização, qualidade e resultados na aprendizagem, preparando os alunos de fato para atuar no mercado de trabalho.

E você, como acha que será a educação do futuro?


Referências

Holon IQ. Education in 2030: The 10 Trillion Dollar Question. Disponível em: https://www.holoniq.com/2030/. Acesso em: 31/08/2019.

As demais referências estão no artigo em anexo, que será apresentado pelos autores no Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE 2019).