quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O aprendizado e o Ensino da Análise Estrutural


           Por Prof. Dr. Elvídio Gavassoni

        As estruturas são os elementos que recebem e conduzem as cargas advindas do uso e da existência de uma edificação até a sua fundação[1]. É natural, portanto, que o projetista (Engenheiros e Arquitetos) tenha que lidar com a Análise Estrutural. De modo imperfeito, porém não incompleto, a Análise Estrutural compreende todos os esforços que o projetista faz para responder a três questões fundamentais:1) A que solicitações a estrutura estará submetida durante a vida útil prevista para a edificação? 2) Quais efeitos essas solicitações provocam na estrutura? 3) Como responderão os elementos estruturais aos efeitos neles suscitados pelas solicitações previstas? Na árdua tarefa de conduzir os estudantes pelos intricados caminhos que essas três questões fundamentais, e as numerosas subquestões que delas derivam, professores e livros didáticos têm quase sempre optado pela estratégia de dividir para conquistar.
          Os conteúdos programáticos das disciplinas e as ementas de textos básicos de Análise Estrutural repartem os conceitos, os métodos, as fases, os processos e os critérios do estudo das estruturas em numerosas unidades de conhecimento. Essa estratégia sequencial e linear, extremamente difundida no fazer acadêmico, é de toda incompatível, tanto em sequência lógica quanto cronológica, com o fazer profissional[2]. É natural que o projetista tenha que partir de uma visão global e completa, ainda que rascunhada, dos objetivos, dos requisitos, das limitações e dos intervenientes do projeto estrutural. Somente após o domínio qualitativo das formas e dos esquemas globais, é que o projeto estrutural percorre os caminhos da subdivisão em elementos e seus respectivos dimensionamentos (análise quantitativa) e procedimentos construtivos.
          Em flagrante desconexão com o processo natural do projeto estrutural, estudantes de Arquitetura e Engenharia são treinados, exaustivamente, a lidar com o conhecimento da Engenharia em pequenos blocos. A estratégia se baseia na hipótese de em algum instante (e por sua própria conta) os futuros projetistas conseguirão organizar (em sentido reverso) as informações adquiridas (pregressas e fragmentadas) no entendimento global dos projetos estruturais.
          A hipótese raramente se confirma na prática. A premissa em que ela se apoia possui uma ordem exatamente inversa à ordem natural do processo de projeto estrutural. O processo ensinado e aprendido é, portanto, artificial! Consequentemente, e quase universalmente, o resultado é quase sempre que os recém-formados deixem os bancos da faculdade e entrem nos postos de trabalho com a impressão de que nadam sabem. Eles sabem! Só não sabem que sabem! O conteúdo programático ao longo dos 5 anos das graduações em Engenharia e Arquitetura são tão extensos que me fazem recordar a afirmação do grande engenheiro civil espanhol Eduardo Torroja Miret: “Nas escolas há tanto que aprender que rara vez sobra tempo para pensar”[3]. O que os neófitos não sabem é organizar, e em ordem inversa, as numerosas pequenas peças do quebra-cabeça obtidas nos anos de estudo universitário para visualizar e pensar os projetos estruturais de forma global para solução de problemas profissionais práticos.
              Esse processo de treinamento é altamente eficiente na capacitação dos alunos para resolução de problemas de listas de exercícios e de questões de provas. Problemas artificialmente criados para terem solução do tipo fechada e única. Questões altamente específicas, claramente delimitadas e exaustivamente mastigadas pelos professores e autores de livros didáticos. Contudo, tal metodologia costuma produzir estudantes incapazes de analisar sistemas de problemas complexos. Inábeis para identificar e para confrontar questões básicas versus questões detalhadas. Inaptos para formular, de forma independente, uma estratégia hierárquica e um plano adequado para lidar com os problemas de Engenharia práticos. Problemas reais que não possuem solução única nem fechada.
            A questão que se impõe: Apesar dessas limitações tão universalmente observadas por que essa metodologia se mantém nos cursos universitários e nos livros didáticos? É algo em que penso desde que me tornei professor. E ainda não cheguei a uma resposta conclusiva. Tenho alguns palpites. O primeiro deles é a tradição. Nossos professores nos ensinaram desse modo. Antes deles, os professores dos nossos professores os ensinaram assim. Parece um argumento prosaico. E ele o é! O grande escritor inglês G. K. Chesterton dizia que o negócio dos progressistas é continuar cometendo erros e que o papel dos conservadores é evitar que os erros sejam corrigidos[4]. Mudar demanda tempo e energia. A lei do menor esforço é uma grande força da natureza!
            Outra suspeita que partilho é que a estratégia linear de dividir para conquistar é extremamente viável. Ela facilita, e consolida, as versões tradicionais da organização dos currículos escolares, da aplicação de avaliações de aprendizado e da estruturação dos conteúdos programáticos. A exigência e o esforço intelectual para estruturar livros e cursos de graduação na ordem natural do pensar e do fazer do projeto estrutural têm se mostrado uma demanda alta demais para grande parte dos professores e dos autores.
         Por fim uma sugestão que me ocorre é o esquecimento. Engenheiros e arquitetos (que acumulam os papéis de autores e professores) que já aprenderam a analisar um problema estrutural na ordem natural e não precisam mais juntar pequeninas peças de quebra-cabeças, parecem esquecer, ao perpetuar o modelo clássico de aprendizado e ensino, do constante desassossego que os acompanhava nos bancos das salas de aula e das bibliotecas universitárias.
         O caminho a ser percorrido para que o processo de ensino e aprendizado emule mais o processo natural do projeto estrutural me parece longo e árduo. Porém, possível, e mais ainda, indispensável. Algumas iniciativas pontuais e simples, porém, trariam grandes benefícios. A mais importante, ao meu ver é prover mais experiências com a prática do projeto. Metodologias de aprendizado baseadas em projeto[5] refletem naturalmente a complexidade, a incompletude de dados, as diferentes (e muitas vezes conflitantes) demandas comumente existentes na solução de problemas de Engenharia Estrutural[6]. O uso de situações de projeto no ensino da Engenharia Estrutural é, ao meu ver, uma estratégia viável de reconsiderar e repensar o treinamento de futuros engenheiros e arquitetos para que sejam capazes de dominar problemas estruturais de forma global e completa.



[1] Schodek, D. e Bechthold, M. Structures, 2013
[2] Lin, T. Y. e Stotesbury, S. D. Structural Concepts and Systems for Architects and Engineers, 1981
[3] Philosophy of Structures, 1958
[4] The Everlasting Man, 1925.
[5] Project-Based Learning (PBL) em inglês
[6] Mills, J. E. e Treagust, D. F. Engineering education – is problem based or project-based learning the answer? Journal of Engineering Education, 2003.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

XII Jornada Paranaense do Grupos PET

Aconteceu nos dias 12 a 14 de outubro a décima segunda edição da Jornada Paranaense dos grupos PET, sediada na cidade de Toledo, PR. O evento formado por espaços deliberativos e não deliberativos, contou com a presença de 29 petianos da Universidade Federal do Paraná, sendo dois deles do grupo PET Engenharia Civil.

O evento tem como objetivo unir os grupos PET do Paraná para realizar discussões sobre o caráter e legislação do programa, além de promover a troca de experiências entre os integrantes. Os encaminhamentos gerados através das discussões são levados para os eventos regionais, no nosso caso, o SULPET e, se aprovados nesses, são levados para o Encontro Nacional dos Grupos PET (ENAPET).

O cronograma de atividades foi iniciado com o credenciamento na sexta-feira à tarde (12), seguido pelo almoço e as oficinas, as quais foram sobre: elaboração de artigos científicos, cultivo e plantio de erva-mate, amarras e privilégios, técnicas básicas de defesa pessoal, role-playing games (RPG), compostagem, grafite e a fronteira física da filosofia.
A cerimônia de abertura do evento ocorreu à noite na sexta-feira (12), contando com uma mesa composta por 7 docentes, entre representantes da Universidade e tutores dos grupos PET.

Mesa de Abertura do evento



Em seguida, foi construído um debate entre o Prof. Dr. Claudinei Aparecido Freitas da Silva, tutor e petiano egresso do PET Filosofia da Unioeste, e o Prof. Dr. José Dilson Silva de Oliveira. O debate girou em volta da questão: “O que é ser discente e tutor do Programa de Educação Tutorial?”.
Na manhã seguinte (13), houve um espaço deliberativo nos grupos de discussão e trabalho (GDTs),  oportunidade que os petianos têm de opinar e gerar sugestões ou encaminhamentos sobre os temas discutidos, que são levados para a Assembleia Geral. Os integrantes do PET Engenharia Civil UFPR participaram de dois GDTs: um a respeito do processo de seleção e avaliação interna de petianos e tutores e outro sobre a parceria público-privada na realização de projetos petianos.

GDT 2: O processo de seleção e avaliação interna de petianos e tutores



De tarde (13), aconteceram 3 atividades muito importantes nos eventos PET. Primeiramente, a apresentação de trabalhos, que desta vez foi realizada apenas em modo de banners. Nosso grupo apresentou um trabalho a respeito da estrutura do nosso planejamento anual, com o objetivo de incentivar outros grupos PET a desenvolverem seus planejamentos de modo semelhante. O trabalho foi apresentado por Gabriel Proença Ferreira e Lorena Sánchez Clavijo, atuais petianos bolsistas do PET Engenharia Civil UFPR.
Apresentação de trabalhos em banner

Logo depois, houve o Encontro por Áreas, que foi dividido nas áreas de conhecimento: Ciências exatas, Ciências humanas, Saúde e Engenharias. Nossos petianos coordenaram o encontro da nossa área, que contou com alunos da Engenharia Têxtil, Química, Elétrica, Civil, etc. Nele foram abordados três assuntos: a evasão, a disparidade de homens e mulheres e a conciliação entre graduação e o PET nos cursos de Engenharia. Foi uma experiência muito gratificante para nós e deixamos nosso agradecimento à Comissão Organizadora da XII JOPARPET pela oportunidade.




Encontro por Áreas: Engenharias



Para finalizar as atividades do sábado, nossos petianos participaram do Encontro de Discentes, que aconteceu paralelamente ao Encontro de Tutores. Nele conseguimos trocar experiências e também foi decidido a criação de um grupo e página no Facebook para os PETs do Paraná, ficando a cargo da Diretoria da CEPET realizar.

Foto oficial da XII JOPARPET
No último dia de evento (14), aconteceu a Assembleia Geral, a qual finalizou as atividades da XII JOPARPET.  Nela foram discutidos os encaminhamentos e sugestões gerados pelos Grupos de Discussão e Trabalho e também foi decidido a próxima sede do evento que, por enquanto, está sob a responsabilidade da UFPR.

O grupo PET Engenharia Civil agradece aos grupos PET da Unioeste de Cascavel, Toledo e Cândido Rondon pela organização do evento, que nos proporcionou vários momentos de trocas de experiência e valorização do Programa. E que venha a XIII JOPARPET!


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Museu Oscar Niemeyer e a Engenharia por trás de sua arte


Curitiba é uma cidade icônica e repleta de símbolos. Dentre tantas paisagens e construções algumas acabam se destacando, seja pela singularidade, como a Ópera de Arame, seja pela delicadeza, como o Jardim Botânico, seja pela grandiosidade, como o Prédio Histórico da UFPR, ou seja por tudo isso junto, como é o caso do Museu Oscar Niemeyer (MON). A obra, idealizada pelo arquiteto brasileiro homônimo, possui as características que eram a assinatura do artista, como suas curvas, sua leveza e suas formas complexas e pouco usuais. Contudo, observar esses elementos funcionando em conjunto e de forma tão perfeita nos faz pensar em como tudo aquilo foi projetado e construído. Pois bem, a Engenharia Civil tem a resposta para tudo isso.

Museu Oscar Niemeyer. Fonte: Gazeta do Povo.
História

            Tudo começou em 1967, quando Oscar Niemeyer projetou o que seria a sede do Instituto de Educação do Paraná. O edifício Presidente Humberto Castelo Branco (como foi batizado), no entanto, foi entregue somente 11 anos mais tarde, servindo como sede das secretarias do estado do Paraná. A construção era extremamente arrojada e ousada, além dos balanços com 20 metros de comprimento, o edifício conta com um vão livre de 65 metros, que lhe rendeu, inclusive, o recorde de maior vão livre em concreto protendido na época. Além disso, todas as vigas são apoiadas em roletes metálicos, que possibilitam que o deslocamento térmico da estrutura ocorra livremente.

Operários montando as bainhas e placas de ancoragem, projetadas para suportar aproximadamente 400tf de força de protensão cada. Fonte: Shido Ogura.

Rolete móvel (apoio do primeiro gênero) utilizado na construção do edifício. Fonte: Shido Ogura.

            Contudo, em 2002, durante o governo de Jaime Lerner, o edifício recebeu uma nova destinação, tornando-se um museu. Para tanto, o espaço precisou passar por algumas readequações e, além disso, recebeu a criação de um novo anexo: o ilustre “Olho”, também idealizado por Oscar Niemeyer.

Obras

            Construir um projeto arquitetado por Oscar Niemeyer por si só já é um grande desafio, contudo, o prazo de entrega extremamente curto elevou a dificuldade de execução da obra a outros níveis. A construção do “Novo Museu”, como foi nomeado na época, teve seu prazo total fixado em exatos 185 dias e, para suprir essa altíssima demanda, foram empregados mais de 600 operários, que se revezavam em três turnos.
Durante as obras, optou-se pela moldagem “in loco” das estruturas, sendo as lajes do teto do Olho as únicas peças pré-moldadas. O projeto também estabeleceu que o concreto utilizado na construção deveria possuir uma faixa de resistência entre 25 e 40 MPa, bem como possuir uma relação água/cimento máxima de 0,5. 

Construção do anexo “Olho”. Fonte: Nani Gois.

A construção do novo anexo demandou, ao todo, 5226 m³ de concreto, contudo tamanha quantidade de material poderia causar problemas como temperaturas altíssimas durante o processo de hidratação, assim como problemas de retração. Por conta disso, optou-se pelo emprego do cimento CP IV-32 (Cimento Portland pozolânico), que, pela presença de pozolana em sua composição, possui hidratação lenta e baixa liberação de calor.

Construção da rampa de acesso ao MON. Fonte: Gazeta do Povo.

            Para conseguir transpor do papel à realidade a concepção do olho, a solução encontrada pelos engenheiros foi a criação de uma estrutura com balanço duplo, coberta por uma cúpula. Os balanços possuem, mais especificamente, 30 metros de comprimento e são apoiados em um núcleo central de 10 metros. A cobertura da estrutura é formada por uma casca curva, com 10 cm de espessura, engastada nas extremidades do vão. A parte inferior, no entanto, é formada por uma casca invertida apoiada nas próprias vigas em balanço. O prédio do Olho possui ao todo 30 metros de altura e 70 de comprimento, tendo uma área total de 4.125,37 m².

Exemplo esquemático da estrutura do Olho. Fonte: Wikipédia

Reconhecimento

No dia 22 de Novembro de 2002, após 6 meses intensos de trabalho e US$ 14 milhões investidos, o Museu Novo foi inaugurado. A denominação de Museu Oscar Niemeyer só veio alguns meses depois, com a reformulação da nova diretoria. Desde então o museu recebeu mais de 300 exposições nacionais e internacionais, já foi visitado por mais de 3 milhões de visitantes e possui um acervo com mais de 9 mil publicações e periódicos para pesquisa. Em 2012, foi eleito um dos 20 museus mais bonitos do mundo, segundo o guia norte-americano Flavorwire. Já em 2017, foi reconhecido pelo Travellers’ Choice, do site de turismo Trip Advisor, como o terceiro melhor museu do Brasil e quinto melhor da América do Sul.

Vista noturna do MON. Fonte: The Best In Design.

            Diante disso tudo fica nítida a importância do Museu Oscar Niemeyer para a engenharia, arquitetura e para sociedade como um todo. Sua construção é um exemplo a ser seguido, seja por conta de sua eficiência, agilidade ou qualidade. A obra reflete o casamento perfeito entre a genialidade e a arte de Niemeyer e a técnica e tecnologia da engenharia. O MON, acima disso, é um espaço de cultura e conhecimento, um verdadeiro tesouro que temos o prazer de ter a nossa disposição.

Fontes:

MOSER, Sandro. PEDREIRA, BARIGUI, MON… COMO ERAM OS PRINCIPAIS PONTOS DE CURITIBA “ANTES DA FAMA”. Disponível em: https://guia.gazetadopovo.com.br/materias/antes-e-depois-dos-pontos-turisticos/. Acesso em: 04/10/2018.

HAUS, GAZETA DO POVO. MON ESTÁ DE ANIVERSÁRIO! CONHEÇA DETALHES E CURIOSIDADES DO PROJETO HISTÓRICO. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/arquitetura/8-curiosidades-para-celebrar-15-anos-do-mon/. Acesso em: 04/10/2018.

SANTOS, Altair. MUSEU OSCAR NIEMEYER DESAFIOU A ENGENHARIA PARANAENSE. Disponível em: http://www.cimentoitambe.com.br/obra-foi-eleita-uma-das-20-mais-bonitas-do-mundo-e-contou-com-a-participacao-da-construtora-cesbe-e-do-concreto-da-concrebras/. Acesso em: 04/10/2018.

CESBE S.A.. EDIFICAÇÕES: MUSEU OSCAR NIEMEYER. Disponível em: http://www.cesbe.com.br/obras/museu-oscar-niemeyer/. Acesso em: 04/10/2018.

AVANTEC ENGENHARIA. CASE: MUSEU OSCAR NIEMEYER. Disponível em: http://avantecengenharia.com.br/case-museu-oscar-niemeyer/. Acesso em: 04/10/2018.













sábado, 15 de setembro de 2018

A Engenharia Civil nas Smart Cities

Cada vez mais as Smart Cities surgem no atual cenário mundial como uma tendência a ser seguida. Definida de diversas maneiras, podemos pensá-la como uma cidade que faz uso da tecnologia para a criação de uma melhor infraestrutura urbana, visando a conexão de setores e a criação de novos ambientes inovadores e sem burocracia, além disso, apresenta um sistema de dados inteligentes, gera sua própria energia e é uma cidade sustentável.

A adaptação de cidades para os planos de uma Smart City envolve a participação de diversas áreas do conhecimento. Desde a criação de tecnologias digitais para maior ligação entre diferentes ramos da comunidade, como também a adaptação do meio físico urbano para receber essas tecnologias. Ou seja, um dos papéis da Engenharia Civil nessa transformação é, além da busca por inovações, criar condições para que a população tenha acesso aos progressos gerados por esse novo conceito de cidade.


Algumas áreas que a Engenharia Civil está presente nas Smart Cities:

Transporte

Citado frequentemente quando se fala de Smart Cities, o transporte inteligente é um dos pilares desse conceito. O planejamento e uso de transportes eficientes e não poluentes como bicicletas, carros elétricos e transporte públicos são recorrentemente discutidos dentro dessa área. Cabe aos engenheiros e arquitetos viabilizar mudanças e adequações para facilitar a mobilidade nas cidades, por meio de projetos que visem a implementação de ciclovias, um sistema de transporte público conectado e inteligente, ajustes de vias para a circulação de carros elétricos e autônomos, entre outros.



Figura 1 - Modelo de Transportes para uma Smart City.  Fonte: ARUP

Construção

Com um ideal de mesclar tecnologia, arte e natureza, a diversidade de estilos de construções é imenso. Obras que apresentam ideias futuristas, incorporando sistemas altamente tecnológicos de informação e comunicação, visando a qualidade de vida e, claro, sem deixar a natureza de lado, são os destaques das cidades inteligentes. Vê-se então uma grande gama de oportunidades para a Engenharia Civil: tanto para a inovação na criação de projetos, quanto na realização dos mesmos.



Figura 2 - Cidade-Estado de Singapura.  Fonte: EXAME



Geração de Energia


A geração da própria energia é outro aspecto das cidades inteligentes. Para Andrew Anagnost, atual presidente da Autodesk - empresa a qual pertence o AutoCAD, software muito conhecido na Engenharia Civil -, uma cidade inteligente é aquela que produz sua própria energia, administra de forma eficaz e sabe como utilizá-la. Diante disso, os profissionais da Engenharia Civil, conjuntamente com especialistas de outros setores, terão que pensar em como esse desafio poderá ser encarado, seja por meio da construção de edifícios e estradas projetados com a capacidade de transformar a luz solar em energia elétrica ou, até mesmo, da criação de novas tecnologias para este fim.




   
Figura 3 - Casas equipadas com painéis solares na Fujisawa Sustainable Smart Town,
cidade inteligente localizada no Japão.
Fonte: PANASONIC



Os avanços tecnológicos cada vez mais presentes em nosso dia a dia estão propiciando o surgimento das primeiras Smart Cities ao redor do Mundo, como a Fujisawa Sustainable Smart Town, um projeto da Panasonic que foi colocado em prática no Japão (conheça um pouco mais em: Fujisawa), fazendo com que as Smart Cities sejam não apenas o futuro das cidades e da Engenharia Civil, mas também o presente. 





Referências:

O impacto das Smart Cities na arquitetura das grandes metrópolesAcesso em: 14 de setembro de 2018.

Smart City: O Futuro das Cidades. Acesso em 14 de setembro de 2018.

Revista Galileu. Acesso em: 14 de setembro de 2018.

Nossa Cidade: A mobilidade nas cidades inteligentesAcesso em: 14 de setembro de 2018.

Veja como Smart Cities valorizam as profissões e gera negócios para construção civil. Acesso em: 14 de setembro de 2018.















segunda-feira, 20 de agosto de 2018

As dez pontes mais extensas do mundo


Pontes em geral são estruturas muito interessantes dentro da Engenharia Civil. Existem pontes de diversos tipos - como treliçada, estaiada e suspensa – e de diversos comprimentos, desde poucos metros até centenas de quilômetros. Mas você conhece as dez pontes mais extensas do mundo? Venha conhecer e aprender um pouco mais sobre elas!

10. Ponte Causeway do Rei Fahd




Iniciando nossa lista, a Ponte Causeway do Rei Fahd, localiza-se entre a Arábia Saudita e Bahrein. A ponte em questão conta com 25 quilômetros de extensão ao todo e foi inaugurada no ano de 1986.

9. Ponte Atchafalaya Basin




Com 29,29 quilômetros de extensão, a ponte Atchafalaya Basin, foi construída no ano de 1973. A ponte localiza-se nos Estados Unidos e foi um importante marco para a Engenharia Civil.

8. Ponte de Donghai




Localizada na China, a ponte de Donghai, foi inaugurada no ano de 2005 e  conta com 31,5 quilômetros de extensão.

7. Ponte de Runyang




A nossa 7ª colocada localiza-se na China e conta com 35,66 quilômetros de extensão ao todo. A ponte de Runyang foi inaugurada em 2005 e é só uma das muitas pontes extensas na China.

6. Ponte da Baía de Hangzhou



Localizada sobre a Baía de Hangzhou na China, a ponte, possui 36 quilômetros de extensão e foi concluída no ano de 2008.



5.
Ponte do Pântano Manchac





Localizada no estado de Louisiana nos Estados Unido, a ponte foi inaugurada na década de 70 e conta com 36,7 quilômetros de extensão e passa sobre o pântano Manchac;

4. Ponte do Lago Pontchartrain



Com 38,4 quilômetros de extensão, a ponte, que foi inaugurada no ano de 1969, localiza-se no estado de New Orleans nos Estados Unidos e recebe um tráfego diário superior a 40.000 veículos;

3. Ponte Qingdao Haiwan



Localizada em Qingdao na China, a ponte, conta com imponentes 42 quilômetros de extensão. Inaugurada em 2011, a ponte, levou apenas 4 anos para ser concluída, alcançando grandes e importantes marcas para a engenharia;

2. Grande Ponte de Tianjin



Localizada entre Langfang e Qingxian, na província de chinesa de Hopei, a ponte, foi inaugurada no ano de 2011 e apresenta assustadores 113 quilômetros de extensão;

1. Ponte de Danyang-Kunshan



A nossa grande campeã localiza-se entre Xangai e Nanjing na China e conta com inacreditáveis 164 quilômetros de extensão. A ponte Danyang-Kunshan fica sobre o Rio Yangtze e é reconhecida pelo Guinness Book como a maior ponte do mundo.



Fontes:
Viagem e Arquiterura
Civilização Engenheira
Casa Vogue
terça-feira, 31 de julho de 2018

ENCONTRO NACIONAL DOS GRUPOS PET – XXIII ENAPET


O Programa de Educação Tutorial (PET) é uma entidade que possui o objetivo de elevar a formação profissional e cidadã dos participantes e também desenvolver e executar novas metodologias de ensino para a graduação, prevendo a indissociabilidade da tríade (ensino, pesquisa e extensão), motivando e desempenhando um papel transformador para o aprendizado dos integrantes de cada grupo, principalmente, mas também visando a sociedade como um todo.

Atualmente existem 841 grupos por todo o Brasil, cada um tem características diferentes, mas todos com o mesmo objetivo: melhorar o ensino no país. Por se tratar de um programa bastante heterogêneo, são criados eventos para que possamos compartilhar as atividades realizadas ao longo do ano e aprender uns com os outros. Os eventos podem ser de caráter estadual, regional ou nacional.

Na penúltima semana de julho (15 a 20 de julho), aconteceu o XXIII ENAPET, em Campinas-SP, organizado pelos PETs da Unicamp e UFSCar. O Encontro Nacional dos Grupos PET trouxe a temática “Unidos Pela Mesma Raiz”, que fomenta o caráter heterogêneo, mas com uma visão alinhada de todos os grupos em relação ao objetivo principal do programa.

No primeiro dia do evento (15), houve o credenciamento dos congressistas, transmissão da final da Copa do Mundo da Rússia e a cerimônia de abertura. A noite foi livre para os congressistas se acomodarem nos alojamentos. Na segunda-feira (16) aconteceu os encontros de tutores e de discentes, espaço em que ocorre um diálogo entre os discentes de todos os grupos PET presentes sobre assuntos pertinentes ao programa, como melhorias e trocas de experiências, idem para o encontro de tutores. Na parte da tarde ocorreram os pré-GDTs e o Encontro por Atividades (EA). O pré-GDT foi a novidade do evento, os Grupos de Discussão de Trabalho (GDT) são espaços destinados à formulação de encaminhamentos e sugestões subdivididos por temas em que os PETianos fazem a escolha dos quais pretendem participar, se trata de um espaço deliberativo, com regimento e coordenadores, porém nesse ano, a comissão organizadora criou o pré-GDT para que os congressistas pudessem discutir mais abertamente, sem caráter deliberativo, o que deixou mais dinâmico o andamento das discussões. Os EAs consistem em ser espaços destinados aos PETianos conversarem e trocarem ideias sobre assuntos que devem ser tratados com grande importância, como saúde mental ou a questão de gênero na universidades.

Outras atividades muito interessantes, que aconteceram na terça-feira (17), foram as oficinas e minicursos. São atividades ministradas por PETianos que se voluntariam a conceder um aprendizado específico sobre algo que julga interessante. E também, neste dia, houve os GDTs, agora, com caráter deliberativo.

Nas manhãs de quarta e quinta (18 e 19) houve as apresentações de trabalhos orais e em banner, respectivamente. O PET Engenharia Civil da UFPR apresentou três trabalhos, sendo um deles oral e outros dois por banner.

Apresentação em banner – Letícia Wan-Dall e Vinicius Eduardo


Apresentação oral – Gabriel Yagnycz e Gabriel Proença



Apresentação em banner – Denis Daniel e Marcus Camargo

O espaço das apresentações é um dos momentos mais importantes do evento, pois é nessa hora em que conseguimos fazer trocas de experiências e o grupo tem a oportunidade de disseminar atividades que julgam importantes e/ou necessárias de serem aplicadas, dando a oportunidade dos demais aderirem ou, ao menos, levar a ideia para seu PET.
Por fim, houve a Assembleia Geral, que é o ápice do evento, em que são postos em discussão todos os encaminhamentos feitos nos GDTs, desde encontros regionais do país até os formulados no próprio evento. A assembleia durou cerca de 9h e foram aprovados alguns encaminhamentos muito importantes relacionados à mudança de portaria e a solicitação de abertura de edital para novos grupos PET.

Representantes dos grupos PET da Universidade Federal do Paraná presentes no XXIII ENAPET

A UFPR se mostrou em peso no encontro, com mais de 40 PETianos presentes e ativos no evento. O PET Engenharia Civil foi representado por 8 membros que trouxeram consigo uma bagagem muito grande de experiências e motivações com o Programa.

Representantes do PET Engenharia Civil da UFPR

Gostaríamos de agradecer à comissão organizadora do XXIII ENAPET que, apesar das dificuldades, conseguiu realizar um evento grandioso e motivador. Agradecemos também às universidades Unicamp e UFSCar pelo espaço e por todo o trabalho realizado nos dias do evento.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Pirâmides do Egito



A antiguidade sempre nos desperta curiosidade e carrega mistérios consigo. Com a civilização egípcia não é diferente. Seja na religião, seja em suas construções e costumes, sempre há nosso interesse nisso, não é mesmo? Portanto, trataremos um pouquinho mais sobre esse assunto, tentando matar algumas curiosidades, embora ainda existam várias. No antigo Egito, a religião era politeísta e seus vários deuses eram considerados singulares e autônomos. Além disso, os egípcios, tinham como crença maior a vida após a morte. Dessa premissa entende-se o porquê da preocupação quanto a preservação de corpos e a forma com que as pirâmides são construídas.

Figura 1 – Foto de uma das pirâmides de Gizé.
Embora existam pirâmides em diversos locais do mundo, as do Egito são sempre lembradas devido às suas grandiosidades e significados. As pirâmides egípcias tinham como objetivo abrigar e proteger o corpo mumificado do faraó, bem como seus pertences dos saqueadores de túmulos. Para tanto, as construções deveriam ser bastante resistentes e protegidas. Razão pela qual há diversas armadilhas e falsos acessos dentro das construções.

As pirâmides são sólidos espaciais geométricos de base quadrada com quatro lados triangulares equilaterais. Naturalmente, por ter predominância triangular, há uma estabilidade maior. Contudo, além desse fator, por terem uma base muito maior que o topo, seu centro de gravidade fica mais próximo ao solo, contribuindo muito para a estabilidade da estrutura, principalmente no que diz respeito a giro. Anteriormente às grandes pirâmides, as tumbas eram montes de terra que cobriam as câmaras mortuárias. Essas estruturas foram crescendo níveis a níveis, formando as pirâmides em si.

Sendo a maior pirâmide egípcia, a Pirâmide de Quéops possui 146 metros de altura, uma base quadrada de 230 metros de aresta e, estima-se, que pese cerca de 6.5 milhões de toneladas ao todo. Resistindo até os dias de hoje, na pirâmide foram utilizados 2,3 milhões de blocos de calcário e granito.

Figura 2 – Pirâmide de Quéops.
As pirâmides, de forma geral, seguiam certo padrão construtivo. Em um patamar superior encontrava-se a câmara mortuária do rei, que contém a tumba do rei propriamente dito. Em um nível inferior, próximo da base da pirâmide, encontra-se a câmara da rainha que não possuía tumba da rainha propriamente dita e sua utilidade segue um mistério.

Figura 3 - Corte esquemático de uma pirâmide.
Os materiais utilizados nas construções das pirâmides eram, preferencialmente, a base de calcário, granito, basalto e tijolos de barro cozido. Os blocos eram talhados, cortados e recortados por ferramentas de cobre e pedra, por conta da ausência de ferramentas de ferro e o desconhecimento do aço. Para mover os blocos eram utilizadas alavancas e tração humana.

Um dos muitos mistérios das pirâmides egípcias é como os blocos de pedra de cerca de 2,5 toneladas foram transportados até a construção. Embora haja muitas especulações e teorias conspiratória envolvendo, por vezes, intervenções alienígenas, a explicação admitida mostra-se simples. Naturalmente, rodas não seriam bem aproveitadas na areia e no cascalho do deserto. Então como era feito? Admite-se que os egípcios usavam trenós de madeiras, cordas e, por vezes, quando possível, transportavam as grandes peças em barcaças pelo rio Nilo. Além disso, cientistas acreditam que os egípcios eram capazes de mover os grandes blocos molhando a areia, antes de mover as peças, para diminuir o atrito. Essa teoria é corroborada  por uma pintura encontrada na parede do túmulo do governante egípcio Djehutihotep. Nela encontra-se a representação de cerca de 170 pessoas puxando um trenó, com uma grande estátua, usando cordas para tração humana. Contudo, nesta pintura, haviam pessoas despejando um líquido sobre a areia do deserto, no trajeto que o trenó faria. Datou-se a pintura e descobriu que ela remonta ao ano de 1.900 a.C.


O INTERIOR DE UMA PIRÂMIDE 
  • Entrada

    Localizada sempre na face norte. Após o corpo do faraó ocupar a pirâmide, sua entrada é fechada com grandes blocos.


Figura 4 – Entrada da pirâmide.
  • Câmara da Rainha

    Apesar de ser conhecida por esse nome, a câmara não abrigava o corpo das esposas de faraós de fato. As rainhas, geralmente, possuíam suas próprias pirâmides construídas próximas às do Faraó. Especula-se que a câmara pode ter sido construída como um espaço para armazenar objetos funerários de Faraós.


Figura 5 – Câmara da rainha.
  • Câmara do Rei

    Tida como a parte principal da pirâmide. Resguardava o corpo do faraó mumificado e alguns de seus objetos pessoais, como: jóias, utensílios de uso pessoal e outros bens materiais.


Figura 6 – Câmara do Rei